Este é um espaço para as discussões da disciplina de Sociologia Geral e Jurídica do curso de Direito da UNESP/Franca. É um espaço dedicado à iniciação à "ciência da sociedade". Os textos e visões de mundo aqui presentes não representam a opinião do professor da disciplina e coordenador do blog. Refletem, com efeito, a diversidade de opiniões que devem caracterizar o "fazer científico" e a Universidade. (Coordenação: Prof. Dr. Agnaldo de Sousa Barbosa)
Total de visualizações de página (desde out/2009)
terça-feira, 31 de maio de 2011
Necessário "ponto de mutação"
Esse cenário de conflitos propicia uma rica discussão filosófica, na qual são abordados alguns temas como a teoria filosófica de Descartes e a sua visão ultrapassada, o que conclui a cientista. Sonia Hoffman acredita que o Cartesianismo não é vantajoso, sendo, até mesmo, prejudicial ao desenvolvimento do ser humano; o mundo deve ser compreendido como um todo no qual os entes que o compõe (do qual fazemos parte) estabelecem relações entre si, ao contrário do que propunha Descartes com sua ideia de separação das partes para melhor compreender o todo. Deve-se, portanto, entender as conexões para depois resolver os problemas.
Nessa perspectiva, consegue-se pensar em um mundo com crescimento sustentável e melhores condições de vida para todos. Uma das maiores preocupações do filme, e que se aplica muito à atualidade, é a questão ambiental e o desenvolvimento econômico, questionando se é possível atender às necessidades da sociedade atual sem comprometer as gerações futuras e o atendimento de suas próprias necessidades, como também, sem comprometer o desenvolvimento econômico e tecnológico.
Deve-se, assim, mudar a maneira de ver o mundo e apostar na educação ambiental, trabalhando-a interdisciplinarmente em uma grande teia interligada a diferentes disciplinas, tendo como intuito a análise de fenômenos. Apenas dessa forma, rompendo com modelos clássicos, seria possível evoluir e se preparar para o futuro.
Para concluir, o "ponto de mutação", ao qual se refere o título da obra de Fritjof Capra e a que corresponde, consequentemente, o nome do filme, consiste na capacidade que o ser humano tem de evoluir e de se adaptar às diferentes situações, ou seja, é, basicamente, a essência da superação do indivíduo.
segunda-feira, 30 de maio de 2011
O nascimento e desenvolvimento do socialismo
Eles percebem muitas injustiças no cenário industrial, como a exploração e , quase escravidão, cometida sobre os operários. Com base nisso, começaram a pensar nos prováveis caminhos pelos quais isso poderia seguir. Foi então que usaram a ideia do Socialismo. Esse termo não foi invenção nem de Marx nem de Engels; ele já havia sido usado por Henri Saint-Simon, Charles Fourier e Robert Owen. Apesar disso, ele foi introduzido de maneira diferente.
O socialismo primitivo, ou o anterior ao de Engels e Marx foi chamado de Utópico. Esse nome foi dado pois eram modelos idealizados, fora da realidade. Para exemplificar, eles esperavam que a solução não viesse do proletariado, pois este seria incapaz . Um ponto a ser destacado a cerca de Saint-Simon é sua visão sobre a disputa entre "trabalhadores e ociosos". Já por parte da Fourier, é louvável a sua crítica à sociedade burguesa, pois muitos tem pouco e poucos tem muito. Na visão de Owen, o trabalho digno e a educação levam a uma coesão social.
Depois de analisada essas questões acima, vieram as ideias de Engels e Marx, e com elas a do Socialismo Científico. Em sua brochura, Engels faz críticas explícitas ao capitalismo e à Revolução Industrial," o mundo burguês , instaurado segundo os princípios dos enciclopedistas, é injusto e irracional e merece, portanto, ser jogado entre os trates inservíveis, tanto quanto o feudalismo e as formas socias que o antecederam".
No trecho acima, é facilmente observado a rejeição de Engels às diferenças sociais existentes ou que já existiram, apesar de ele ser filho de um rico industrial de Barmen. Essas diferenças sociais eram muito fortes na Idade Média,no qual o senhor feudal gozava de uma grande riqueza, enquanto que aos servos sobrava o trabalho árduo e a pobreza; na época onde os principados estavam no auge, também havia uma grande diferença entre os reis e nobres quanto aos burgueses , o camponeses e trabalhadores. Porém, essa diferença gritante foi diminuida no periodo da Revolução Francesa e no começo da era industrial.
Com o passar dos anos, a diferença de renda entre burgueses e o proletariado só crescia. Essa lacuna do estado socio-econômico tende a crescer ainda mais e de uma maneira surpreendente.
O QUE MARX NÃO PREVIU
Marx e Engels iniciam uma nova perspectiva acerca da história, essa é dialética (como já disse Hegel), mas se transforma não a partir da Cultura e sim da estrutura econômica. Funda-se então o Materialismo Histórico que tem como lei principal a luta de classes como motor da história, sua função é desvendar as leis do desenvolvimento histórico.
O que esse pensamento não previu, e o que levou à sua “ineficácia”, é a capacidade do capitalismo de se transformar. O socialismo para se concretizar precisa que o antagonismo burguesia/trabalhadores esteja em seu grau máximo, tornando-se, portanto, insustentável e viabilizando a transformação social através da revolução e não da reforma.
O capitalismo, no entanto, se mostrou mais astuto, e para continuar existindo reduziu as contradições sociais ao longo tempo e contou com diversas ferramentas. Num primeiro momento tem-se: a incorporação dos sindicatos e seu reconhecimento, o aumento dos salários (e conseqüente aumento de produtividade e consumo), e mais tarde, o abandono do sistema muito especializado, o trabalhador passou a compreender o processo total da produção e participar dele.
O capitalismo contou também ao longo do tempo com a sedução das massas, cria-se no povo o desejo de consumir os produtos do capital, fazer parte da tecnologia. A ideologia consumista e reconhecimento de alguns direitos contribuíram muito para a aceitação do capitalismo e alienação da massa em relação à exploração, o trabalhador não mais se vê como classe explorada.
Erra-se ao pensar, no entanto, que o pensamento socialista é, hoje, inútil. A forma de pensar de Engels e Marx é usada até hoje para compreender a história, a economia e o direito como faces de um mesmo sistema, cuja concatenação segue um foco comum. O socialismo não se concretizou como previram os autores, mas ele deve continuar a ser estudado e sua “impotência” não é definitiva, ele pode voltar a ter força efetiva quando for percebida a ainda existente contradição capitalista que foi apenas maquiada.
Utopia: "lugar incomum", "lugar que ainda não é"!
Foram os sans-culottes que invadiram o Arsenal dos Inválidos, o depósito de armas do exército, e depois a fortaleza da Bastilha, um presídio político que simbolizava a natureza violenta do regime contra seus opositores. De Paris, a insurreição popular alastrou-se para todo o país, ecoando na Constituinte. O clero e a nobreza acovardaram-se diante do Terceiro Estado e na noite de 4 para 5 de agosto de 1789 (noite do Grande Medo), todas as propostas encaminhadas pelo Terceiro Estado foram aprovadas, sem qualquer veto. Nesta noite, foi aprovada a abolição de todos os privilégios feudais, dentre eles os privilégios com base no nascimento. Era o fim da estrutura social do Antigo Regime. Diante disso, será mesmo que foi apenas a burguesia quem fez a revolução?
O que é verdade, porém, é que apenas os interesses dessa classe social foram atendidos. Em 26 de agosto a Assembleia proclamou a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, garantindo o direito à liberdade (sobretudo a liberdade à propriedade privada, inviolável de acordo com os ideais burgueses), à igualdade jurídica de todos (de todos que pudessem pagar por ela, uma vez que a burguesia estabeleceu um critério censitário de participação popular) e o direito de resistir à opressão (opressão esta exercida pelo clero e pela nobreza que colocava obstáculos aos interesses burgueses). Assim fica claro que a vitória representada pela ampla participação popular foi canalizada para a burguesia, que buscou realizar seu projeto de revolução da forma menos “revolucionária” possível.
Fruto direto do surgimento de um novo mundo capitalista e burguês, de novos anceios de superação da ordem vigente, e das perspectivas de progresso material e social, o Iluminismo foi quem estabeleceu a relação entre sociedade e produção cultural que marcaram a Idade Moderna, caracterizando o predomínio de uma tendência crescente à visão racionalista do mundo, que traduzia a afirmação da burguesia como classse social hegemônica. Paralelamente a isso, a própria consolidação do capitalismo, trouxe, como contrapartida, a consolidação do proletariado urbano enquanto classe. Assim, ao mesmo tempo em que se verifica a supremacia burguesa, temos também a ação política do proletariado ganhando um peso cada vez maior.
Segundo Fredrich Engels e Karl Marx a luta de classes seria a força motriz por trás das grandes revoluções na história. É com base nesse pensamento, que eles fundamentam o materialismo histórico, segundo o qual a resposta para os males de qualquer época não estão nas idéias, mas na própria história. Sendo assim, o pensamento marxista se estrutura, principalmente, por meio da inversão do pensamento Hegeliano. O propósito de uma história pautada no materialismo aparece como uma oposição ao idealismo. Assim Engels afirma que o socialismo moderno é fruto dos antagonismos de classe que imperam na sociedade entre possidores e despossuídos, capitalistas e operários assalariados.
Engels afirma que para converter o socialismo em ciência era necessário, antes de tudo, situá-lo no terreno da realidade. Na obra “Do Socialismo Utópico ao Socialismo Científico”, Engels parte de uma análise científica do capitalismo e de uma visão metodológica da histórica para se chegar a uma conclusão acerca dos rumores e dos mecanismos da luta operária. Assim, atribui aos elementos econômicos, à produção da riqueza material e à sua apropriação o papel determinate na estrutura da sociedade.
É importante percebermos que Engels não considera o modelo feudal superior ao modelo capitalista, mas faz uma análise histórica sobre a organização social, política e econômica da época para entendermos como se deu a mudança dos meios de produção e sua apropriação, que geraram o divórcio entre e produtor e os meios de produção, e condenou o operariado a ser assalariado por toda a vida.
A análise detalhada e minuciosa sobre o capitalismo levou Marx à conclusão de que a essência do lucro capitalista localizava-se no que chamou de mais-valia. Consiste ela na diferença, em valor, entre a mercadoria que o trabalho do operário cria e sua remuneração, diferença essa básica para a extração de exedente econômico do capitalismo, e para a reprodução do sistema. Assim, conclui-se que a sobrevivência do Capitalismo está diretamente condicionada ao grau de exploração da massa trabalhadora, o que gera o inevitável conflito entre a burguesia e o operariado. Para que o operariado triunfasse, portanto, era preciso a superação do capitalismo e a instalação de uma sociedade sem classes. Esses objetivos seriam alcançados através de uma revolução socialista. Em um primeiro momento, haveria a socialização dos meios de produção e o controle do Estado pela ditadura do proletariado. Assim, à medida que desaparecesse a anarquia da produção social, diluiria-se também a autoridade política do Estado. Os homens, donos por fim de sua própria existência social, tornariam-se senhores de si mesmos, homens livres. Bom, para muitos, uma grande utopia.
“Utopia” é uma palavra de origem grega, antítese de topoi (“lugar comum”), indentificando-se, portanto, como “lugar incomum”. Sendo assim, procuro acreditar na ”busca desse “lugar não comum”, ou seja, desse lugar “que ainda não é”, mas que poderá vira a ser: a sociedade justa e igualitária, tal qual como proposta pelos mais autênticos ideais socialistas.”Antônio Alberto Machado. Para mim, um mundo enganoso e irrealizável é aquele que justifica desigualdades e explorações, não aquele que busca melhorias e tranformações.
Se podemos afirmar que o socialismo, da forma como foi implantado, na antiga URSS, na China, em Cuba, na Coréia do Norte, não funcionou, também podemos afirmar que em nenhum desse países os ideais socialistas de Engels e Marx foram usados de maneira fiel. Começando pelo fato de que em nenhum deles o capitalismo se encontrava desenvolvido se forma plena, e ao invés de uma socialização do lucro, ocorreu uma socialização da pobreza. O progresso advindo das revoluções industriais e do avanço da ciência e da tecnologia é indiscutível. Seria praticamente impossível, hoje, imaginar um mundo sem esses avanços. No entanto, não devemos maximar o capitalismo, ignorando seus efeitos negativos e muitas vezes desumanos.
O "Novo Instrumento" entre o senso comum e a ciência moderna
Bacon propõe dois métodos: o cultivo das ciências e a descoberta científica. O primeiro consiste na ideia do conhecimento contemplativo, próprio da filosofia tradicional, é, portanto, a antecipação da mente: a base para o senso comum; já o segundo refere-se à busca do conhecimento novo por meio da exploração e experimentação sem limites, está relacionado à interpretação da natureza. É nesse sentido que Bacon afirma: "A verdade não deve, porém, ser buscada na boa fortuna de uma época, que é inconstante, mas à luz da natureza e da experiência, que é eterna".
O objetivo de Francis Bacon é, sobretudo, elaborar uma ciência útil e clara, que se oponha à fantasia e seja capaz de lutar contra a natureza, participando da dinâmica de inovações permanente que faz parte dela. Para ele, a filosofia tradicional não colabora para o bem-estar do homem, por isso, faz uma crítica aos gregos e à sua filosofia, afirmando que "sua sabedoria é farta em palavras, mas estéril em obras", como também que "não há um único experimento de que se possa dizer que tenha contribuído para aliviar e melhorar a condição humana".
No Novo Organum estão presentes aforismos sobre a interpretação da natureza e o reino do homem, nos quais o pensador discorre, por exemplo, sobre a exploração da natureza como a única forma de compreendê-la, interpretá-la e vencê-la; sobre a necessária inovação como incremento da ciência moderna; como também sobre as falsas percepções do mundo, denominadas "ídolos", que, muitas vezes, instauram-se no intelecto humano, obstruindo-o e tornando difícil o acesso à verdade.
Os ídolos que bloqueiam a mente humana são de quatro gêneros: os ídolos da tribo, os da caverna, os do foro e, por fim, os do teatro. Os primeiros vinculam-se às distorções provocadas pela mente humana, são a interferência das paixões e a incompetência dos sentidos; os segundos referem-se às relações estabelecidas pelo homem com o mundo a sua volta, compreendem a formação dos indivíduos, as leituras e a educação; já os ídolos do foro (ou da feira) estão relacionados ao indivíduo e à influência de suas associações, nestes, estão compreendidos o comércio e as relações pessoais e sociais; e, finalmente, os últimos vinculam-se às representações teatralizadas e impregnadas de equívocos e de superstições, referem-se aos sistemas filosóficos, à astrologia e à magia.
A ciência moderna, para Francis Bacon, deve-se, portanto, à busca contínua do intelecto humano pelo conhecimento, na qual aquele sempre procura ir adiante, sem se deter ou repousar. Enfatiza a ideia do infinito como base para outros avanços, cujo maior obstáculo é a falácia dos sentidos.
Descartes e o triunfo da razão: "Eu penso, logo existo"
Em sua obra Discurso do Método (1637), René Descartes elabora um método científico orientado pela razão como forma de superar a superstição, o mágico e a alquimia na construção do conhecimento. Contrubui, dessa forma, para o advento da ciência moderna, a qual está pautada em uma visão de conhecimento neutro, guiado apenas pela razão e pela experiência, e liberto de sentimentos e pré-noções.
O método científico é, então, conduzido de forma que esse conhecimento objetivo ultapasse os limites do sensível e, consequentemente, distancie-se do senso comum. Com isso, Descartes nega o metafísico, o tradicional e o sobrenatural, utilizando-se da razão como meio para conhecer a realidade e alcançar a verdade.
A razão científica proposta por Descartes tem como seus alguns pricípios básicos e, dentres eles, há os que influenciam o ambiente acadêmico ainda hoje: a recusa de aceitar-se como verdadeiro o que não se conhece claramente e sobre o que não se refletiu nem se analizou; a fragmentação dos problemas a serem resolvidos a fim de facilitar a maior compreensão das partes, contribuindo para a solução do conflito como um todo; a organização dos pensamentos em ordem crescente de dificuldade, para lidar, primeiramente, com os mais simples e, por fim, com os mais difíceis; a relação dos fragmentos de pensamento e sua revisão completa. Pode-se perceber, assim que, sobretudo, o segundo e o terceiro princípios são aplicados como método de estudo nas instituições de ensino ainda hoje; é a base da divisão dos conhecimentos do currículo escolar em matérias, por exemplo.
Neste contexto, René Descartes incentiva o estudo científico norteado pela própria razão, para o qual cada indíviduo pode escolher o caminha que quiser seguir, uma vez que acredita que assim obterá resultados mais satisfatórios do que se se limitar ao ensino tradicional e à filosofia de tradição clássica. Desconfia, também, do conhecimento transmitido pelo hábito e enfatiza a necessidade de utilizar a dúvida como princípio fundamental do novo método científico.
Por fim, para o pensador, Deus continua sendo o referencial último do conhecimento, remete a este a ideia de "ser perfeito", a qual referencia a dimensão do real.
Socializar para evoluir, evoluir para socializar
O primeiro passo para Engels está no rompimento com a metafísica, o surgimento do materialismo dialético, que se baseia na realidade vivida pelas massas, na racionalidade, na ciência e na técnica. Engels vê no próprio sistema capitalista a única forma de se obter o desenvolvimento pleno do socialismo, pois apenas com a pré-existência de um sistema objetivo baseado na ciência e que tem a abundância como produto, seria realmente possível socializar algo positivo para toda a coletividade: o progresso.
A função dessa dialética de Engels é desvendar os fatos históricos e compreender a evolução da sociedade humana, para que se faça uma leitura dos tempos e se entenda a aplicabilidade do socialismo. O possível deve se tornar necessário. O socialismo é, portanto, para Engels, inevitável e se encaixa na própria evolução da história da civilização humana, sendo a consequência da principal luta de classes para ele existente: o proletariado e a burguesia.
Engels afirma que a estrutura econômica rege todas as outras estruturas (política, cultural e etc.) No capitalismo, por exemplo, a exploração se dava através da mais- valia e da fragmentação do sistema de produção, o que desvalorizava o operário deixando-o abaixo dos produtos. Para Engels, era necessária a racionalização dessa produção, valorizando-se o todo e não a parte. Com isso, seria possível controlar as “demoníacas” forças capitalistas de produção e torná-las servas do corpo social.
Para a instauração completa do socialismo seria necessário primeiramente uma “ditadura do proletariado” com a apropriação dos bens burgueses, ditadura essa que se dissolveria posteriormente pois se tornaria automaticamente dispensável. Mas o que faz indagar esse pensamento de Engels é o fato de até hoje nenhum Estado dito socialista ter avançado desse primeiro estágio, e não se sabe se um dia isso ocorrerá.
Ideia dos homens x condições históricas
Ao usarem o método de interpretação da realidade, ou seja, o materialismo dialético (interrompimento da metafísica, ideia de materialidade que se opõe à metafísica) como método científico, a fim de implantar o socialismo universal, Marx e Engels vão passar a estudar e a interpretar inicialmente o socialismo utópico, o qual vinha da espontaneidade humana e que, para eles, era impossível de transformar o mundo real, as situações atuais da época.
Engels faz um elogio ao iluminismo no que que representou um novo tempo, o advento do racionalidade e um rompimento relativo com a religiosidade. Com a realização de novas transformações políticas como essa, para Engels, a ideia de liberdade passa a ter como sinônimo a liberdade de mercado (destruição dos privilégios de classe), liberdade burguesa.
Essa emancipação provoca uma construção de uma nova imagem: a razão iluminista cumpre um papel em um certo momento, mas depois não serve mais porque a burguesia vai ser uma classe que carrega em si mesma, a sua própria antítese. Engels então pensa em uma transformação diferente da transformação burguesa; uma transformação que signifique a emancipação dos homens (opõe-se à forma repressiva da burguesia, à oposição permanente, à afirmação e negação contínua).
O materialismo dialético torna-se uma forma de analisar a dinâmica da sociedade concretamente a fim de chegar à transformação. Essa dificuldade de perceber essas contradições permanentes que vai fazer com que Engels critique os socialistas utópicos, pois considerava o socialismo utópico algo impossível de se universalizar. Era utópico para Engels, porque não conseguia sobreviver em uma época que o capitalismo se desenvolvia, e porque eram baseadas em experiências isoladas, sem base científica que pudesse garantir sustentabilidade.
A ideia de socialismo para engels e Marx, só era possível por meio de uma interpretação profunda da realidade, e então pensar em maneiras de fazer o socialismo emergir sem, contanto, contar com experiências pontuais. A ideia de socialismo é a ideia que há forças potenciais que possam gerar uma energia social revolucionária, transformadora, criando uma nova forma de pensar e de se produzir e que gere riquezas em abundância para todos ; e era função do materialismo dialético, e não a ideia iluminada, descobrir tais forças. Não é somente a razão pensante que leva ao socialismo e sim ela combinada com as condições históricas, e isso vai fazer emergir o momento ideal para a emersão do socialismo (como ciência e não como estado de alma).
Engels quer a verdade científica (é extremamente objetiva, daí a ideia do materialismo e as condições históricas. É adquirida por meio da análise rigorosa da realidade da época e não a realidade para todo o sempre). Para Engels, esse socialismo primitivo -socialismo utópico- é incapaz de entender a realidade do seu tempo. Surgem então teorias de socialismo famosas como o de Saint-Simon (ideia de que os elementos ociosos fossem eliminados por serem patológicos e houvesse uma sociedade onde o governo fosse exercido pela ciência e indústria liderado pelos trabalhadores, antecipando a importância econômica como base das instituições políticas), Owen (acreditava no cooperativismo entre os operários e insdustriais e no desprendimento burguês de sua relação selvagem de acumulação no sentido de uma cooperação em prol da produção e do bem coletivo) e Fourier (produção comunitária, comunidade autogerida com uma perspectiva de emancipação. Também defende a liberdade de aprisionamento do mercado, do trabalho).
Para Engels, as propostas e ideias desses filósofos socialistas eram utópicas e portanto deveriam ser extintas.Tais propostas eram baseadas em experiências isoladas ou análises de uma ideia de revelação por homens especiais, portanto, haveria muita dependência e não havia a garantia que eram propostas formadas pela racionalidade. O socialismo real e verdadeiro não partia de uma simples vontade ou ideia dos homens, mas sim, das condições históricas.
Do Socialismo Utópico ao Socialismo Ciêntifico
Engels faz crítica ao socialismo utópico, por este apresentar a ideia de socialismo como revelação de alguns homens "iluminados". Contudo, para Engels essa ideia é totalmente errada uam vez que " a verdade absoluta não está sujeita a condições de tempo e espaço nem ao desenvolvimento histórico da humanidade".
O imperativo seria então situar o socialismo na realidade. Assim, uma pesquisa cientifica faz-se necessária, uma vez que é a partir do entendimento da realidade e dos fatos que se processa teorias. Segundo Engels os novos fatos, as novas descobertas fariam necessária uma nova análise de toda historia da luta de classes, nas quais os protagonistas permanentes seriam burguesia e proletariado.
A importância de Engels e do Socialismo ciêntifico está intimamente relacionada com a pesquisa ciêntifica, a importância dada a essa pesquisa e às descobertas provindas destas. Tal mudança ideológica traz grande progresso na análise tanto do capitalismo quanto das vontades de mudança representadas pelas teorias socialistas.
Revolução Axiológica
A sociedade atual, baseada nas inúmeras inovações tecnológicas, no lucro, na propriedade, no acúmulo de capitais e bens, no consumo, no desenvolvimento, indubitavelmente é responsável por avanços materiais e intelectuais ímpares. Colocou-nos num patamar científico-tecnológico elevadíssimo. Porém, em contraste com todo esse avanço nota-se, concomitantemente, uma imensa onda de desabrigados, mortos de fome, desempregados, analfabetos, vitimados de guerras, explorados. Como é possível a coexistência de realidades tão distintas e contrastantes e o que determina isso? Até que ponto esse desenvolvimento pode ser considerado globalizado?
A visão capitalista atual parece só enxergar sua própria individualidade, suas necessidades e vontades, suas metas e ambições. Além de seu próprio mundinho egoísta tudo é penumbra. Não se questiona mais o bem estar social se não para fins retórico-discursivos. O capital parece ter substituído os valores, a moral humana. A humanidade passou por um processo de reificação e nem se deu conta disso, da insensibilidade que hoje permeia seus dias.
Ver um mendigo na rua não causa mais espanto, crianças pedindo dinheiro no semáforo são delinqüentes, os desempregados, vagabundos. Esse é o tipo de discurso proveniente de pessoas que têm a intenção de se isentar de culpa, fugir da responsabilidade e da reflexão. Não é normal e muito menos aceitável que algumas pessoas tenham tanta fartura e outras tanta escassez.
Dentro desse contexto, vejo em Marx e Engels uma visão muito mais humanitária e solidária em relação à sociedade; sua proposta de sociedade igualitária, sem luta de classes, sem exploração, o socialismo puro. Diferente do capitalismo que é fundado no individualismo, o socialismo científico prega o coletivismo. Uma vida mais justa e digna a todos em detrimento do enriquecimento particular e satisfação pessoal passando por cima de tudo e todos.
O capitalismo é como uma corrida sem fim e cada um a faz sozinho, empurrando e passando o pé no da frente para cair. Por que não nos abraçarmos, lado a lado, para que a linha de chegada seja alcançada por todos ao mesmo tempo? Por que não olhar para trás e dar de beber àquele que tem mais dificuldades na corrida para, no final, comemorarmos juntos a chegada?
Acredito que antes mesmo da discussão de qual o melhor sistema econômico é necessária a retomada dos valores pela sociedade pois, sem isso, a implementação de uma sociedade sem desigualdades nunca se concretizará. Porém, é mais que evidente que a existência de uma sociedade igualitária é demasiadamente incompatível com os moldes e valores capitalistas atuais. Isso é fato.
"Me vê" uma xícara de Realidade
Engels, em seus escritos, defende e engrandece o socialismo, graças as idéias racionais e de liberdade que este trazia impregnadas em seus ideais. Entretanto, esta liberdade, com o declínio do modo de produção feudal,passou a tangenciar uma pequena parte da sociedade, mais especificamente uma classe social, a burguesia.
É especificamente nesse período, onde a burguesia passa a se sobressair, que nasce o Capitalismo,ordem usada pela burguesia para impor sua supremacia. Esta apresentava como seu pilares pontos como a produção em série e a mais valia.
Nesse contexto surge o Socialismo, movimento de choque ao capitalismo e que apresentava em seus primórdios um grande caráter de liberdade à todos os indivíduos da sociedade, extinguindo as relações de soberania existentes. O problema de tal pensamento, era que ele não levava em conta pontos importante como o momento histórico que era vivido, além de afastar a base científica para suas proposições.
Ao extinguir fatores, como por exemplo a já citada mais valia,o Estado estaria promovendo a socialização dos meios de produção fazendo com que todos se tornassem seus donos, com isso ele defendia não uma classe, mas toda a sociedade, o que geraria o desaparecimento do poder do Estado, já que inexistiria a necessidade deste na ausência da luta de classes.
O problema visto pelo autor em tal movimento é, portanto, não seus ideais , mas o caráter de desconsiderar o que é atingível ou não, ou seja, ao desconsiderar as bases científicas ( no sentido de todas as ciências do conhecimento) o Socialismo mostrava sua impossibilidade de realização como meio de transformação, pois era preciso uma xícara de realidade um pouco maior para tranformá-lo em um grande movimento.
A construção do socialismo científico.
Dessa forma, faz uma forte crítica ao socialismo utópico, para ele, uma simples ideia, fruto da mente de algum homem iluminado não tem poder para combater o capitalismo (sistema econômico dominate). Como ele acredita que o socialismo precisa situar-se na realidade, também critica fortemente a metafísica e o pensamento de Descartes, segundo o qual é necessário fragmentar os objetos para compreendê-los com clareza, pois, com isso, perde-se a noção do papel desse objeto no todo.
A necessidade deu origem ao "materialismo". O materialismo surgiu em oposição ao idealismo alemão, com a missão de desvendar as leis do desenvolvimento histórico, baseado na pesquisa, de maneira semelhante a que ocorre na ciência natural. Com essa pesquisa descobriu-se a principal das leis históricas: a luta de classes. Essa é a luta da burguesia (síntese) contra o proletariado (antítese) e o resultado inevitável dessa luta é a teoria socialista.
O socialismo visa combater as contradições do capitalismo, uma delas é a exploração da burguesia (classe dominante) sobre o proletariado, através da mais-valia, ou seja, a burguesia obtinha grandes lucros apropriando-se do trabalho operário não pago. Para Engels, a única forma de acabar com essa exploração é mudando a estrutura econômica da sociedade.
No modo de produção capitalista, o produto é mais importante do que o proletário, porque nele, diferentemente do pré-capitalista, onde o operário conhecia todo o modo de produção, não é necessário nenhum conhecimento e, portanto, qualquer um pode trabalhar na linha de produção. Isso acirrou a disputa pelo emprego, tornou o proletário substituível e colocou-o abaixo do produto.
A alta competitividade do mercado estimulou o aperfeiçoamento do maquinário, o que possibilitou que a burguesia se apropriasse de um tempo de trabalho operário maior (mais-valia relativa). A mais-valia relativa aumentou o lucro burguês e a jornada de trabalho do operário, gerando uma gigantesca desigualdade social.
Para combater essa desigualdade o socialismo precisa usar do materialismo dialético e fazer uma leitura minuciosa do modo de produção capitalista contemporâneo a ele. Só conhecendo-o bem o socialismo pode combatê-lo a usá-lo a seu favor, já que o desenvolvimento tecnológico capitalista é essencial para produzir a riquesa necessária para dar boas condições de vida à toda uma população.
Quando isso acontece, o Estado se torna desnecessário, pois a luta de classes acaba e ele perde sua função. Nessa situação "homem sai do reino animal" e torna-se "senhor consciente e efetivo da natureza" [pp. 16-17]
Socialismo científico, dialética, materialismo e utopia
De acordo com Engels, os primeiros socialistas, contemporâneos do Iluminismo, desejariam evidenciar a corrupção da classe burguesa e destruir toda e qualquer diferença de classe. O equívoco de tal vertente, entretanto, teria sido se utilizar apenas da racionalidade, e não da análise do processo histórico para discutir e esclarecer a situação vigente. Com os utópicos, portanto, o socialismo surge como verdade absoluta a ser revelada, e que, nas palavras de Engels, “como não está sujeita a condições de espaço e de tempo nem ao desenvolvimento histórico da humanidade, só o acaso pode decidir quando e onde essa descoberta se revelará.”
Para que se desenvolvesse o socialismo como ciência, deveria-se atentar à realidade, construída historicamente através do processo dialético (apresentado por Hegel como a construção, a partir de uma tese e sua antítese, de uma síntese, a partir da qual o processo se reiniciaria). Por tal motivo, Engels critica a metafísica e a fragmentação do conhecimento, que por restringir a visão do todo, impediria o referido processo dialético.
A proposição de Hegel, no entanto, apresentaria teor essencialmente idealista, fornecendo a conclusão de que a realidade vincula-se à mente, à projeção de suas idéias, proposição inteiramente rejeitada por Engels. Este, adepto do materialismo, julga encontrarem-se as respostas aos conflitos humanos existentes na própria história, cujos padrões de desenvolvimento deveriam ser pesquisados e analisados. Tal tarefa ficaria a cargo do novo socialismo, dotado de caráter científico. Sua função seria desvendar as leis históricas, das quais a primordial seria a luta de classes, e decifrar as contradições capitalistas.
Engels passa então a analisar o modo de produção capitalista, seu surgimento e suas implicações na sociedade. Para a implantação do capitalismo, foi necessário que se substituísse o modo de produção feudal, com seus privilégios e sua improdutividade, por meios sociais de produção em maior escala. O produto do trabalho, então, que não exigia mais o conhecimento requerido pelo método artesanal, passaria também a ser social, sendo apropriado pelos proprietários dos meios de produção. Tal alienação do produto do trabalho em relação a seu produtor constituiria, segundo Engels, as raízes dos conflitos ocorridos em tempos capitalistas. Em seguida, a competição de mercado tomaria proporções globais, guiando ao constante aperfeiçoamento das forças produtivas e à intensificação do trabalho humano. A contradição do capitalismo se encontraria, na visão de Engels, assim como na de Marx, justamente no fato deste produzir ao mesmo tempo a abundância de produtos e riquezas e a miséria dos operários empregados em seu processo. A conclusão a que ambos chegam é a da necessidade de superação de tal modelo, iniciada pela tomada de consciência em relação às forças produtivas. Posteriormente, o Estado burguês seria tomado pelo proletariado, que transformaria as forças produtivas em um benefício a todos, acabando com a divisão social do trabalho e estendendo a toda a sociedade os avanços tecnológicos até então adquiridos. Nessa situação, suprimiria-se, por fim, o Estado, uma vez inexistentes os antigos antagonismos.
A proposição de Engels mostra-se, em alguns aspectos, inegavelmente humana e justa, e, em teoria, pode soar absolutamente promissora, mas é o caso de nos perguntarmos se não seria, da mesma maneira da proposta pelos socialistas que o antecederam, utópica, especialmente se observarmos a historicamente constante apatia e alienação da classe trabalhadora em relação às condições sociais nas quais se inscreve. Submetida a condições de miséria financeira e intelectual, essa classe costuma voltar-se apenas àquilo que propiciar sua sobrevivência mais certamente, ou ao que lhe conferir qualquer pequena, mas tão desejável melhoria de qualidade de vida, não demonstrando, na maior parte das vezes, impulsos revolucionários consideráveis.
Energia revolucionária
Do socialismo
A principal contribuição do pensamento de Marx e Engels foi propor através de outros métodos de análise, uma nova forma de interpretação das relações sociais. Ao evidenciarem os antagonismos e contradições presentes na sociedade capitalista, ressaltaram seu caráter transitório, mesmo porque, tais contradições, segundo eles, não poderiam ser superadas, sem que a própria estrutura de produção capitalista, também o fosse. Neste processo de transformação social, o proletariado assumiria a vanguarda revolucionária e a liderança na construção de uma nova forma de organização social: o socialismo.
Três correntes do pensamento europeu da época foram determinantes na construção da proposta socialista marxista: a perspectiva política construída a partir do socialismo utópico; a perspectiva filosófica construída a partir da dialética hegeliana; e por fim, a perspectiva econômica com base na economia política inglesa.
O socialismo utópico, que teve nomes como Saint Simon, Charles Fourier, Proudhon e Robert Owen, consistia numa eliminação das diferenças através do fim das relações de privilégios, adquirindo então uma perspectiva de igualdade política e social entre todos os cidadãos. Marx e Engels destacaram a originalidade das ideias de seus antecessores. Porém, não deixaram de atribuir críticas a esses socialistas, em razão da incapacidade de embasarem teoricamente suas ideias e atribuir-lhes uma perspectiva prática. Na concepção marxista, a construção do socialismo implicava em compreender a gênese e a consolidação da sociedade capitalista, suas relações de antagonismo e exploração, e a partir disso identificar o agente revolucionário – a classe proletária, capaz de conduzir a sociedade ao estágio de igualdade.
O pensamento de G.Hegel, defendia a ideia de que o pensamento é a mola propulsora da realidade, explicitando na máxima “o racional é real; o real é o racional”. Segundo essa teoria, tudo o que existia tendia a se extinguir em razão do seu contrário. Em contrapartida, outro pensador alemão, L. Feuerbach, defendia o fato de que o material (a natureza) e não a ideia (o homem) seria a causa de todas as coisas. Criticando essas duas correntes de pensadores, Marx introduz um novo conceito filosófico: o materialismo dialético. Nele considera as condições materiais como resultado da ação humana, e que, embora possamos tentar compreender e definir o homem pela consciência, linguagem e religião, o que fundamentalmente o caracteriza é a forma pela qual reproduz duas condições de existência. A partir dessa perspectiva, o estudo das relações sociais deve proceder de uma perspectiva dialética e material, pois, estabelecer as leis de transformação da realidade em fatos concretos é essencial para que se torne possível entender a realidade de forma total.
Na interpretação de Marx e Engels, as críticas atribuídas aos economistas clássicos referem-se à noção de que riqueza e trabalho ocorrem individualmente, atribuindo importância à propriedade privada, sem, entretanto, explicar suas origens e características, além de não perceberem as relações entre fatores como concorrência, liberdade de ofício, divisão da propriedade, e assim, conceberam uma condição inaceitável de neutralidade às instituições capitalistas. Para os dois pensadores, uma análise correta do homem implicaria, necessariamente, na compreensão do processo de produção social da riqueza.
Com esse pensamento, Marx e Engels buscaram explicar o mundo em que viviam e formas de corrigí-lo.
Na análise marxista, a sociedade capitalista é constituída fundamentalmente em duas classes sociais: a burguesia, proprietária dos meios de produção; e o proletariado, vendedor de sua capacidade de trabalho, sendo a relação entre essas classes composta por antagonismo e oposição, uma vez que a burguesia pressupõe a expropriação do proletariado, tanto dos meios de produção, quanto do produto do seu trabalho, obrigando-os venderem sua capacidade de trabalho em troca de um valor que possa garantir sua sobrevivência. Com esse cenário, composto de proprietários (tese) e trabalhadores (antítese), o conflito social se torna inevitável (síntese). O antagonismo entre as classes sociais reflete as posições desiguais e diferentes que os integrantes dessa sociedade ocupam na produção social. Esse conflito de interesses que alimenta a luta de classes, na concepção de Marx - a história de todas as sociedades é a história das lutas de classes - é identificado como sendo o “motor da história”. Desta maneira, a classe oprimida seria o agente transformador, que ao negar a estrutura social que oprime, propõe derrubá-la e ,assim, edificar uma nova relação social de produção.
Esses conflitos se intensificam quando o assunto é a carga horária do trabalho e, ainda mais, quando o valor que o trabalhador produz em seu posto de trabalho é muito maior do que o valor do salário que recebe. O trabalho excedente extraído durante o processo de produção, que enriquece o empregador, a partir da superexploração do trabalhador e ocultando na ideologia capitalista, é denominado mais-valia.
A mais-valia absoluta resulta do aumento da carga horária de trabalho preestabelecida pelo empregador. Quando novas tecnologias são implementadas, de maneira à proporcionar a redução do tempo gasto na produção das mercadorias e melhorar a qualidade das mesmas, o que consequentemente proporciona o aumento da produtividade, sem que haja melhorias de salário e menores jornadas de trabalho, denomina-se mais valia-relativa.
Assim, o trabalhador se torna alienado, ou seja, ocorre a separação entre o trabalhador e a mercadoria, uma vez que há a perda da posse, do conhecimento sobre as etapas de produção e do consumo. As relações se reificam, como se o produto do trabalho ganhasse vida.
Com tantas contradições e alta tecnologia e ciência adquirida até o século XX, Marx e Engels defendem uma ditadura do proletariado por meio de revolução como sendo a única forma de promover uma maior igualdade entre os membros da sociedade, sintetizada na máxima: “Trabalhadores de todo mundo, uni-vos!”.
A dinâmica da luta de classes
Em meio ao contexto da primeira metade do século XIX, Engels, juntamente com Karl Marx, ofereceram novas doutrinas socialistas contendo uma perspectiva inovadora sobre a sociedade capitalista e a condição do trabalhador contemporâneo. Segundo elas, a forma com que as riquezas eram distribuídas, originava a luta de classes, formando, então, maneiras de pensar e agir norteadas pelas condições materiais de uma sociedade.
O modo de produção feudal foi superado a partir do momento em que ele não é mais capaz de produzir o suficiente, ou seja, a partir do advento da modernidade, ele torna-se evidentemente improdutivo. Este momento histórico da superação do feudalismo pelo capitalismo persistiu por quase cinco séculos, e foi pautado não pela violência ou coerção política, e sim, pela ciência. Com isso, há o aumento da produtividade sem que se coaja a classe de trabalhadores. Daí a importância daquilo que Descartes e Bacon disseram, já que havendo o aperfeiçoamento dos meios de produção, que possibilitam uma produção sem fim, não se chega ao esgotamento, pois adquire característica sutil e gera uma impressão de distribuição da riqueza. Isso é o que se chamaria de alienação, uma idéia falsa que atenuou o caráter exploratório do sistema.
Quando se pensa na perspectiva do materialismo histórico, diz respeito à necessidade de se observar o fenômeno em seu processo de nascimento e caducidade. A partir do momento em que as classes dos trabalhadores vão ganhando um terreno de destaque, ou seja, uma antítese que faz uma negação da ordem estabelecida e da normatividade, o Direito é obrigado a incorporar preceitos e demandas próprias da classe dominada, acabando por ser um dos veículos dessa dialética e produzindo uma nova síntese.
Tal dialética marxista inova em relação à dialética de Hegel, já que esta pensa a história como superação de uma civilização pela outra. Engels diz que isso pode levar a uma falsa idéia da realidade, sendo uma conexão artificial, que só se forma no plano das idéias. Já a dialética marxista entende a história como uma sucessão de culturas que alternam entre declínio e apogeu de uma e outra.O materialismo tem a missão de desvendar as leis do desenvolvimento histórico, buscando no real a solução para as patologias dos homens, sendo que “a pesquisa fornece à ciência os materiais positivos correspondentes”.
No caso da sociedade capitalista, a burguesia se utilizava de meios para a exploração da classe proletária, como a teoria da mais-valia, demonstrando que os trabalhadores não recebiam um pagamento equivalente ao valor das riquezas por eles produzido. Esse seria o motor da produção capitalista, feito também pela alienação dos trabalhadores por meio da especialização do sistema de produção, já que no capitalismo, o mais importante é o produto e não o produtor, estando este alheio a todo o processo, não tendo o conhecimento amplo do produto final, sendo apenas uma peça do processo de produção.
Vemos também, no sistema capitalista, os mesmos mecanismos de contradição de outros modos de produção, tendo a burguesia o objetivo libertar as forças produtivas, e o proletariado a função de potencializar essa produção social, transformar a associação privada em coletiva, e converter o produto do trabalho em uma apropriação coletiva e não de uma única classe, rompendo com o processo de expropriação. A superabundância seria um movimento de afirmação da riqueza, e por outro lado a sua negação permanente, o que resultaria num próprio enfrentamento do capitalismo, e sua consequente derrubada, um elemento de perecimento, uma dinâmica de criação e, ao mesmo tempo, destruição. De tal modo, é necessária a ideia de compreensão perfeita para que se consiga converter as forças produtivas em instrumento gerador de riqueza coletiva, ou seja, transformá-la em uma força miraculosa para produzir a riqueza geral, não mais submetendo o homem, e sim o produto.
Apesar de tudo, com o legado deixado por Marx e Engels, o socialismo passou a configurar uma nova forma de enxergar a condição do homem e sua historia. Por meio de suas propostas, novos pensadores deram continuidade ao desenvolvimento de diversas teorias. E ainda hoje, podemos nos deparar com partidos e movimentos que lutam cada um a seu modo, pelas ideias um dia elaboradas por esses teóricos.
SOCIALISMO X CAPITALISMO: DA DISCÓRDIA À UNIÃO
Friedrich Engels, juntamente com Karl Marx, fundou o socialismo científico, doutrina que prega a socialização dos meios de produção tendo como finalidade a igualdade social entre os indivíduos, que desde sua elaboração provoca debates acalorados entre os seus defensores e opositores e inspirou revoluções em todo o mundo. Engels, na obra Do Socialismo Utópico ao Socialismo Cientifico, faz uma análise crítica do socialismo utópico e dos seus principais teóricos, explana sobre o materialismo histórico e dialético e finaliza a obra com uma análise do capitalismo explicando como se dará a sua transição para o socialismo.
O Iluminismo propôs a igualdade entre os homens, e o domínio da razão nas relações sociais, porém através do tempo essa igualdade não se sedimentou e as diferenças entre opressores e explorados continuaram vigorando. A nobreza caiu juntamente com o modo de produção feudal e houve a consolidação da burguesia e do modo de produção capitalista, assim as massas assalariadas, dominadas pela burguesia, passaram a constituir uma camada miserável com péssimas condições de vida. Diante deste cenário surgiram os utopistas que pretendiam libertar toda a humanidade e não apenas os proletariados. Foram homens que descortinaram a situação vigente e expuseram os vícios da ordem social: Saint-Simon, Fourier e Robert Owen.
Eles pretendiam criar modelos sociais que resolvessem os problemas de até então, porém eram modelos fantasiosos e sem fundamentação científica. Para Saint-Simon todos os homens deveriam trabalhar, pois os ociosos eram os responsáveis pelas chagas sociais. Fourier desnuda a hipocrisia moral e material do mundo burguês e introduz a ideia do fim da civilização. Owen propõe a coletivização da propriedade para que todo homem alcance uma vida livre e de qualidade. Porém, para o socialismo realmente ser colocado em prática, seria necessário situá-lo no campo da realidade.
O Homem, segundo Engels, estava habituado a enxergar o mundo de maneira simplista, não em sua dinâmica, variabilidade e evolução através do tempo, e sim na sua situação estática. Portanto seria necessária a adoção da Dialética, que enxergava as coisas sob o ângulo da sua dinâmica, do seu nascimento, envelhecimento e morte. Só assim pode-se chegar a uma concepção exata do universo. O materialismo moderno vê a história no seu processo de desenvolvimento usando o método dialético, a história é, portanto, determinada pela luta de classes baseada em interesses materiais. O socialismo seria, assim, o resultado da luta entre a burguesia e o proletariado.
O Capitalismo é a ordem social imposta pela burguesia, onde esta exerce o seu domínio sobre as classes trabalhadoras. O modo capitalista de produção desenvolveu e transformou os meios de produção que elevaram a produção a níveis jamais vistos. Com a implantação da produção em série, que aumenta a produtividade e diminui o preço final do produto, a produção individual foi perdendo espaço até a total predominância do modo capitalista de produção, forçando os pequenos produtores a virarem funcionários assalariados dos capitalistas. Os trabalhadores passaram a ser explorados pelo princípio da mais-valia e os desempregados a constituir um exército de reserva para manter os salários dos trabalhadores a baixo nível. Devido à superprodução, inerente ao atual modo de produção, as crises do capitalismo são constantes e geram um “círculo vicioso”.
Para estabilizar o modo de produção a sociedade deve se apoderar das forças produtivas e guia-las de acordo com os interesses sociais. No dia em que isso ocorrer a produção passaria a atender as necessidades de todo o corpo social e as diferenças e rivalidades entre classes seriam extintas. Quando o Estado não defender mais os interesses de uma única classe dominante, e sim aos interesses de toda a sociedade, ele desaparecerá, pois não existirá mais o que reprimir. O Homem deixaria de lutar pela sua sobrevivência e se dedicaria às atividades que constroem e edificam a sua condição como ser humano.
Assim, com a leitura da obra de Engels, podemos ter uma noção geral do socialismo científico e de como ele se estabeleceria. É impossível negar a beleza da ideia da igualdade entre os homens num mundo onde todos tivessem condições de ter uma vida feliz e plena, da mesma maneira é inegável a precisão com que Marx e Engels explicam a estrutura e os problemas do Capitalismo. Porém cabe o questionamento se a solução dada por eles para superá-lo realmente é benéfica. Nos países onde o Socialismo foi aplicado a experiência demonstra que na prática tais ideias não geram os efeitos desejados, apesar dos questionamentos em relação a real aplicação dos preceitos de Marx e Engels nos países onde o Socialismo foi adotado. De qualquer maneira podemos reformar a nossa sociedade de maneira que ela se torne mais igualitária e justa, com a manutenção das vantagens do Capitalismo e a adoção das propostas benéficas do Socialismo.
A dialética de classes persiste!
O filosofo rompe com a metafísica e com a religião colocando o homem como o centro do mundo como elemento de racionalização, de interpretação da vida. Porém enfatiza que a razão iluminista, tão prezada à época, era tão somente a razão burguesa, que transformara-se em um instrumento de alienação, de manipulação, de submissão de certas classes.
Em sua época, já apareciam os embriões do comunismo. As idéias socialistas de filósofos utópicos como Saint-Simon, Charles Fourier e Robert Owen elaboravam um sistema perfeito, que quebrava os paradigmas capitalistas e estabelecia uma sociedade justa e igual para todos os indivíduos; uma sociedade sem classes sociais, na qual todos trabalhariam em conjunto buscando sempre o bem-estar social. Idéias realmente admiráveis, que não convenceram Engels (nem Marx). Engels prefere mostrar essas contradições entre classes (burguesia e proletariado) num movimento dialético investigando o processo histórico e econômico e estabelecendo a revolução como única forma de retomar o poder das mãos da classe opressora e pôr fim ao caráter antagonista do desenvolvimento histórico.
Mesmo mais de 100 anos após o lançamento de sua obra e da “contaminação” de diversos intelectuais espalhados pelo mundo, Engels, se vivo e no Brasil, observaria uma sociedade muito similar à sua. As relações de produção continuam com as mesmas bases, mascaradas por algumas leis trabalhistas e populistas, enriquecendo aqueles já favorecidos e tapeando os despossuídos, ignorantes demais para emergir de sua realidade; veria o poder político ainda nas mãos das elites, o território do país ainda divido em capitanias hereditárias; enfim, veria que a injustiça, a desigualdade, a exploração, o capitalismo venceram.
Socialismo e materialismo-dialético de Engels
Efeito bumerangue
Num contexto de ruptura com a conjuntura europeia marcada pelos regimes absolutistas, tem-se um período de aurora da humanidade, tendo, contudo, a razão iluminista convertido a sua lógica de busca da liberdade e da emancipação numa racionalidade burguesa, essencialmente visando a obtenção de privilégios de classe - para os burgueses, obviamente.
Diante disso, surge o socialismo primitivo, pregado, por exemplo, por Saint-Simon e Fourier, o qual, longe de captar a verdadeira essência da nova ordem, fazia uma interpretação errônea, no sentido de compreender os motivos que levaram o iluminismo a falhar no seu objetivo, como se a ordem burguesa fosse um desvio da natureza humana. Por preconizar a libertação de toda a humanidade, e não apenas de uma classe, esse pensamento soava como um idealismo utópico para Engels.
Ele referia-se de maneira crítica aos primeiros socialistas por estes acreditarem que a natureza humana se inclinava à solidariedade, que só era necessário que os homens despertassem esse valor para conviverem em complementação mútua, sem egoísmos. Engels já enxergava que seria muito dificil a burguesia deixar seus interesses de lado em função da coletividade, já que essa postura era intrínseca à dinâmica de mercado vigente. Ele se posicionava contrariamente ao socialismo primitivo em nome da necessidade de entender de fato a realidade material em sua totalidade de modo a construir-se uma proposta científica.
Engels propõe em sua obra "Do Socialismo Utópico ao Socialismo Científico" uma forma de superação das condições impostas pelo sistema capitalista, eliminando as desigualdades entre classes sociais. Tendo que a base de uma sociedade está calcada no seu modo de produção, a estruturação desta, constituída sobre o capitalismo, é marcada pela exploração através do mecanismo da mais-valia e, consequentemente pelos extremos de miséria e riqueza em diferentes polos - o dos produtores e o dos proprietários das máquinas. Por se desvencilhar o trabalhador daquilo que ele produz, ele se torna alienado e submetido às condições impostas pela situação dessa dialética motora da sociedade: a da luta de classes permanente, condição básica das relações dominadores x dominados.
Era preciso, portanto, através da identificação das leis da História, compreender-se as contradições inerentes a esse sistema capitalista para ser possível instituir-se o socilalista, o qual, por sua vez, buscaria maior isonomia entre as classes a fim de que, além disso, as forças produtivas se convertessem para o bem do produtor, do trabalhador. Esta seria uma forma de extinguir-se o Estado, tomando a liberdade o lugar da necessidade.
Para-se para pensar... essa proposta deixou de fato de ser utópica? Engels tanto criticou os socialistas primitivos por causa da falta de aplicabilidade de suas ideias, mas se analisarmos bem todo o percurso necessário para a concretização do que ele pregava, nos deparamos com diversas mudanças e passos grandiosos ainda pela frente. Soa então, como mais uma tentativa revolucionária de sair do "lugar-comum" idealista, voltando, justamente por tanto querer fugir dele, a um caráter utópico.
O Materialismo Dialético frente ao Socialismo e ao Capitalismo nada bobinho
Em "Do socialismo utópico ao socialismo científico", Friedrich Engels expõe seus pensamentos e teorias, sendo principais as exposições do materialismo dialético e do socialismo.
O materialismo dialético seria uma espécie de aprimoramento da dialética de Hegel, tornando-a mais realista. Tese, síntese e antítese: as três conhecidas palavras que resumem a dialética de Hegel. Hegel se utilizou dessa forma de pensar para analisar o social também: para ele, as transformações culturais geravam como consequência mudanças no econômico, político e social. Portanto, tese e antítese geravam uma nova síntese cultural que vigoraria no tempo seguinte e modificaria todo o resto. Já o materialismo dialético analisa o social de forma diferente: é a economia, é o material, que com suas modificações gera transformações no resto. Para Engels, não é o cultural que modifica o econômico, mas o aspecto econômico, ou o modo de produção, que modifica todo o resto. Tese e antítese, compostas de opressores e oprimidos economicamente é que geram as novas sínteses sociais, que podem facilmente ser identificadas através do que é abrangido no direito. Portanto, o materialismo dialético é uma forma realista de observar o mundo.
Já o socialismo seria a nova síntese resultante da tese burguesa contra a antítese proletária. Seria instituído pela apropriação do Estado burguês pelo proletariado após um grande tempo de acumulação da tese e opressão sobre a antítese, cada vez mais insatisfeita até fazer a revolução (que seria inevitável com o constante aumento da opressão e acumulação). O socialismo utilizaria da grande ferramenta tecnológica capaz de gerar riqueza em abundância para todos para garantir a divisão dessa riqueza e estruturação do regime até que todos estivessem aderindo plenamente ao socialismo para posteriormente até extinguir o Estado.
São grandes ideias expostas pelo mesmo pensador na mesma obra uma explicando a outra, mas atualmente, se o realismo do materialismo dialético for utilizado, este não negaria o próprio socialismo?
O raciocínio é lógico: os defensores do capitalismo sempre exaltam a facilidade com que este se adapta a qualquer crise que apareça. O capitalismo é sim, muito flexível. E as classes trabalhadoras não tem se constituído em uma real e grande opositora do regime, já que para diminuir a opressão bastou que algumas condições de trabalho e remuneração fossem melhoradas. Ao mesmo tempo, marcas como McDonald's, Coca-Cola, Apple, Nike e Adidas, símbolos do capitalismo, mostram-se extremamente sedutoras e cobiçadas. Por si só, as marcas já causam um impacto psicológico no consumidor impressionante e as forças econômicas delas são gigantescas. Até no caráter ideológico elas tem se tornado uma grande força: o recente "os bons são maioria" da Coca-Cola e "o impossível é nada" da Adidas são frases de impacto e que se tornaram referência de pensamentos positivos. Se até o ideológico parece dar suporte aos símbolos do capitalismo, nada mais normal do que pensar que a permanência deste parece inevitável. É realmente muito difícil pensar em uma instituição do socialismo na sociedade atual, ainda que seja uma grande ideia.
Certamente a culpa não é de Engels, que não viveu o suficiente para ver o que o capitalismo se tornaria. Como consolação ficam os direitos dos trabalhadores, das minorias e os de inclusão que são ótimas coisas no tempo atual. É realmente uma pena a impossibilidade do socialismo (vale dizer que nenhum dos países comunistas chegou a concluir o processo de estabelecimento do socialismo de Engels), mas é uma pena maior ainda que Engels não esteja mais vivo para propor uma nova teoria de real melhoria social.