Tema: Um mundo fora de ordem ou uma ordem fora do mundo?
“Morreu na contramão atrapalhando o tráfego ”. O trecho da
música Construção do ilustre cantor Chico Buarque, traz uma reflexão crítica
sobre a desvalorização da vida. Muito embora tenha sido escrita em 1971, a obra
permanece relevante no contexto atual, ao relacionarmos a ordem que estamos
inseridos com os aspectos psicossociais presentes na contemporaneidade.
Inicialmente, ao citar o termo ordem deve-se entender a
subjetividade presente nessa concepção. Enquanto para muitos ordem é sinônimo
de estabilidade e segurança, para outros a ordem que domina é um sistema que oprime
através das desigualdades socioeconômicas. Com intuito de evidenciar tamanha
relatividade da ordem pode-se citar, por exemplo, dados de pesquisa do Ibope,
feito sob encomenda pela Associação Brasileira de Familiares, Amigos Portadores
de Transtornos Afetivos (ABRATA), constatou que 25% das pessoas das classes D e
C apresentam vulnerabilidade a ter depressão, contra 15% das classes A e B.
Esses dados desmentem o estereotipo que “Depressão é coisa de rico”, deixando
explícito que a ordem psicológica das pessoas em vulnerabilidade econômica é
somente da sobrevivência e não do lazer e segurança, pois conforme citado anteriormente,
o cenário de incerteza predomina nas classes sociais inferiores.
Ademais, é mister salientar a invisibilidade das doenças psíquicas
mediante o Estado brasileiro, essa afirmação torna-se evidente ao utilizar fatos
concretos: Segundo uma matéria do G1, o programa farmácia popular não inclui antidepressivos
na lista de remédios gratuitos - dados da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP)-.
Ao notar esse cenário de desprezo por parte do Estado, é imperiosa a intervenção
do poder legislativo a fim de positivar leis que dê a importância devida à saúde
mental dos trabalhadores brasileiros, contudo, não bastando somente positivar
leis e dar ênfase para executa-las ativamente no corpo social.
Somente assim, será possível colocar em prática uma nova
ordem, uma ordem que preze pela vida dos aproximadamente 500 mil brasileiros afastados
de seus empregos por conta de transtornos mentais, uma ordem em que não haja
classes, que o Brasil seja governado pensando nas dificuldades individuais de
cada um, enquanto esses ideais não forem executados, a ordem mental dos vulneráveis
estará ausente.
Demetrius Silva Barbosa, 1 ano Direito Matutino.
03/04/2025.
PS: Como haverá um texto designado somente ao positivismo, utilizei aspectos mais factuais e menos teóricos.
ResponderExcluirAtenciosamente,
Demetrius.
Entendi sua abordagem neste momento, Demetrius. Aguardarei os próximos textos. A propósito, acho que a letra da canção refere "tráfego" e não "tráfico". Saudações, Alexandre.
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