O positivismo, termo cunhado por Auguste Comte, é uma vertente filosófica que surgiu do cientificismo europeu e desempenhou um importante papel no desenvolvimento do nazismo, influenciando seus ideais nacionalistas e autoritários. De tal maneira, as virtudes femininas exaltadas nas propagandas conservadoras eram aquelas relacionadas à maternidade, simplicidade, submissão e utilidade. Mulheres precisavam ser úteis. Para essa vertente política, técnica era o maior bem de uma nação, junto à praticidade.
O partido nacional socialista exigia que mulheres evitassem a maquiagem, porque a vaidade não devia ser uma característica da mãe exemplar: a camponesa trabalhadora que sacrifica sua identidade pessoal em prol da família e nação. Sendo assim, o batom, especialmente o vermelho, que evocava sensualidade e independência, era visto como uma transgressão dos valores impostos.
Subsequente, mulheres de países que se opunham aos regimes do eixo, ao notarem tal doutrina nazista, iniciam um movimento simbólico e transgressivo – o uso do batom vermelho. A maquiagem rompe com os valores positivistas patriarcais, e é um protesto sutil contra o controle de corpos femininos, contra o autoritarismo e concentração de poder.
Pessoas que gestam não devem ter seus corpos escravizados pelo bem da suposta ordem e progresso. O positivismo deseja que o útero seja subordinado do governo, mesmo que isso signifique opressão e sacrifício. Por isso, mulheres continuam a usar maquiagem como forma de arte em uma sociedade que muitas vezes a repudia.
- Letícia Mayumi Sato Prado.
(obs: não consigo analisar a quantidade de linhas pois uso o blogger em sua versão mobile)
Nenhum comentário:
Postar um comentário