Uma
das principais distinções entre os seres humanos e os outros animais está
centrada no trabalho. Tal atividade rege a vida dos indivíduos modernos, sendo
o meio pelo qual estes manifestam sua humanidade, asseguram sua sobrevivência e
interagem com a natureza. Segundo o sociólogo Marx: “[O] trabalho é, assim, uma condição
de existência do homem, independente de todas as formas sociais, eterna
necessidade natural de mediação do metabolismo entre homem e natureza e,
portanto, da vida humana”
Nesse sentido, ao
analisar a situação do trabalho na sociedade contemporânea pós-covid,
observa-se um aumento nas desigualdades do sistema capitalista, uma vez que a
automação e a digitalização, ao permitirem a continuidade do trabalho de
maneira remota durante o isolamento na pandemia, polarizaram fortemente o mercado.
Muitas pessoas com altas qualificações na área da tecnologia encontraram
caminhos para aumentar sua produtividade e manterem-se estáveis durante a pandemia,
no entanto, indivíduos que possuíam empregos que exigiam presença física ou que
possuíam negócios próprios acabaram por enfrentar desemprego e grande
insegurança financeira. Logo, nota-se a perpetuação e o agravamento da
desigualdade no corpo social.
Além disso, na
atualidade, com o rápido avanço das tecnologias, muitas pessoas passaram a valorizar
a flexibilização e a autonomia do trabalho. Entretanto, isso fez com que a vida
pessoal e a vida profissional dos indivíduos se misturassem, dificultando sua
separação. Sob esse prisma, os seres humanos começaram a dar extrema importância
ao trabalho, exigindo cada vez mais de si mesmos um bom desempenho e maior
tempo de dedicação a seus trabalhos. Segundo o filósofo sul – coreano Byung – Chul
Han, esse excesso de cobrança e de positividade relacionado ao trabalho é uma
das maiores características da sociedade atual, a qual tem se revelado em um
ritmo de crescente aceleração e adoecimento mental de seus componentes.
Nessa perspectiva, entende-se
que as inovações tecnológicas estarão cada vez mais ligadas ao mercado de
trabalho, exigindo novas habilidades e competências dos trabalhadores. Com
isso, é necessário que os cidadãos estejam sempre cientes de seus direitos,
afim de garanti-los, e que governos ao redor do mundo criem políticas públicas para
um mercado mais inclusivo e que respeite a dignidade de deus trabalhadores.
Maria Vitória Ferreira
1º Direito Matutino
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