Ainda existe o
positivismo atualmente?
O positivismo tem
seu início em meados do século XVIII e XIX, tendo como base, os avanços
conquistados nos ramos das ciências naturais, como física, química e biologia.
Entretanto, não existia ainda uma ciência do mesmo calibre relacionada a fenômenos
sociais. Assim, foi proposto por Comte, um estudo metódico da sociedade, ao
qual ele chamou de “física social”, onde tinha-se por objeto o estudo dos
fenômenos sociais, com a ideia de que estes poderiam ser submetidos a leis
naturais e invariáveis.
O grande
problema contido nesse tipo de análise é a própria pretensão de neutralidade científica,
a qual nunca será completa, uma vez que, sendo a ciência feita por humanos, esta
é movida pelas particularidades de seus pesquisadores, remetendo aos conceitos
abordados por Hilton Japiassu em seu texto sobre ciência e subjetividade. Desse
modo, surge o questionamento: ainda existe o positivismo atualmente? Poderíamos
pensar que, através das diversas críticas a esse modelo de análise as quais
apresentam razões para sua ineficácia, tal corrente teria sido descartada.
Entretanto,
percebemos, ainda hoje, os conceitos do positivismo encrustados nos pensamentos
de diversos indivíduos, pois estas ideias podem ser facilmente utilizadas com o
intuito de defender a manutenção da
ordem e das instituições da maneira em que se encontram, algo importante
principalmente para aqueles mais favorecidos por esta organização. Isso fica
mais evidente se utilizarmos as falas do ex-ministro da economia Paulo Guedes,
quando afirma sentir-se incomodado pela conquista de uma bolsa no Fies pelo
filho de seu porteiro, criticando até mesmo as universidades por seu “estado
caótico”.
Suas frases,
para os positivistas, não estariam erradas, tendo vista a noção apresentada por
eles de que seria natural a existência de ricos e pobres, os que deveriam
frequentar uma universidade e aqueles que não, uma vez que, os ricos
supostamente tiveram mais capacidade de alcançar sua posição atual, adotando uma
visão quase biológica da sociedade, como se tratasse de um ser vivo. Quando Guedes
defende a diferença das classes como algo necessário, critica empregadas indo
em viagens à Disney, entre outras afirmações, está presente em seu raciocínio o
positivismo.
Portanto, por
mais que o positivismo ainda exista atualmente, é necessário compreender a
sociedade como muito mais complexa que um sistema de leis naturais e imutáveis.
As relações humanas estão repletas de subjetividade e transformações, sendo uma
tentativa falha tentar, estudá-las das mesmas maneiras em que se estuda as
ciências da natureza.
André C. Ziviani Filho, 1º ano de direito, noturno
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