A
corrente positivista urge em meio às aspirações intelectuais do século XIX,
como forma de sistematizar o estudo dos fenômenos sociais, a fim de compreender
o comportamento humano, propriamente dito, e, com isso, estabelecer o lema que
hoje rege a bandeira nacional: “ordem e progresso”. Para tanto, o precursor de
tal projeto, August Comte, apregoou a normatização sociológica como “física
social”, tomando por base os métodos que norteavam as ciências naturais, como ilustrados,
por exemplo, na formação das leis gerais de Isaac Newton.
Ao
aplicar a metodologia científica sob a perspectiva sociológica, Comte
introduziu a dicotomia de leis que promoveriam o pleno vigor do desenvolvimento
coletivo, sendo essas a estática e a dinâmica. A partir desse raciocínio, o
positivismo configurou uma ciência pautada em um novo objeto de estudo – as
relações humanas e as ações individuais refletidas no geral – para permear a
nova ideia de interdependência entre a conservação e o melhoramento e, assim,
fomentar o progresso.
Com
base nessa configuração, tal corrente se fez e faz muito presente, e é certo
que cerceia a sociedade civil contemporânea em diversas esferas da vida pública
e privada. Podemos notar essa presença desde os atos mais simplórios e
corriqueiros, como a obrigatoriedade de saudar a bandeira do Brasil e de cantar
o hino nacional, semanalmente, nas escolas, até em movimentos de maior
amplitude que acarretam abrangência tanto nacional quanto internacionalmente,
por exemplo, a discussão sobre a redução da maioridade penal.
Embora
em proporções diferentes, ambas as situações são propostas sob um pano de fundo
análogo, ou em muitos casos, igual, o qual visa a conjunção entre a estática
das normas para que a dinamização desenvolvedora ocorra. No primeiro exemplo
dado, cantar o hino significa a manutenção das tradições nacionais e a
transmissão do ideal da educação como formadora dos novos indivíduos. Já no
segundo, há a oposição clara entre as leis propostas por Comte, através da reformulação
de uma lei tradicional, para mais uma vez ampliar atos disciplinares a cidadãos
em formação.
Desse
modo reitera-se a atualidade marcante advinda dos preceitos que caracterizam o
pensamento positivista, haja vista sua permanência, em inúmeras situações, no
cenário que nos cerceia até os dias de hoje, como exemplificado nos parágrafos
anteriores.
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