Nasce
em Weber a ideia de uma Ciência Social propriamente dita, capaz de compreender
e interpretar o quesito causa et consequentia das chamadas ações
sociais, sendo estas motivadas por valores que divergem em
diferentes sociedades. Portanto, para de fato entender as ações sociais, é
necessária a compreensão desses valores em relação ao agente da ação social: um
chinês não conseguiria entender um costume estadunidense sem antes compreender
os valores norte-americanos que constituem aquele costume.
É a partir do compreensivismo, então, que o indivíduo
volta a ser o objeto central de estudo sociológico, relegando o coletivo para o
segundo plano, pois é o homem enquanto elemento singular, o agente responsável
pelas ações sociais. Desse modo, os entes coletivos como o Estado, são consequências
das ações individuais de diferentes elementos da sociedade, diferentes
representações do coletivo existem de forma dualista: possuem um caráter físico
e real, mas também possuem um caráter expresso na consciência dos homens, sendo
que, este último pode ser traduzido nos valores que orientam as ações humanas
em sociedade.
Ademais, a ideia de relação
social está diretamente ligada ao fenômeno da ação, sendo que aquele
nada mais é do que o conjunto deste, isto é, uma relação entre duas partes é
social quando há ação social originando-se de ambas. Para entender cada ação é
necessária também a noção de que há um contexto histórico presente no fenômeno,
normalmente encontrado na ideia de cultura¸ pois esta é representação
imediata de valores exprimidos em determinada sociedade. A questão é: o
indivíduo que é agente responsável de uma ação social específica, pode
ponderar e escolher os valores que estão de acordo com o seu próprio
modo de pensar para reiterar sua ação. Em tom de exemplo, na luta feminista,
muitos daqueles que se posicionaram contra os direitos adquiridos pelas
mulheres, acabaram por utilizar de valores cristãos para defenderem sua
ação social de conservação dos moldes patriarcais da sociedade. Outro fenômeno
explicado por Weber é que em muitos casos, a ideia de não-ação
não
deixa de ser um posicionamento a favor ou contra determinados valores.
Quanto à metodologia pura da
sociologia compreensiva de Weber, é apresentada a chave do “tipo ideal”,
que difere da ideia de “dever ser” trabalhada por Durkheim, por se tratar de um
conceito puramente utópico de diferentes configurações sociais, tendo
como consequência fenômenos extremamente puros, sem quaisquer interferências ou
vícios. É a racionalização radical de possibilidades reais.
Paralelamente, Max também define o
conceito de poder para a sociologia: é a capacidade de impor a própria
vontade dentro de uma relação social, agindo unilateralmente e
independentemente de quaisquer resistências, em busca de uma relação de dominação.
A dominação, portanto, se dá no exercício do poder sobre as ações sociais do
dominado. No entanto, justamente por não depender das resistências, dependendo
da intensidade destas, a dominação pode se tornar uma relação instável, pois
nem sempre o indivíduo dominado aceita um modo de condução de sua vida vindo de
uma fonte externa. Para isto, existe o conceito de legitimidade na
dominação weberiana, muitas vezes associado à matéria do Direito, uma fonte que
pode ser considerada legítima como ferramenta de orientação da ação social.
Afinal, o Direito positivado, principalmente o penal, apresenta diversos “tipos
ideais” em sua redação.
Pedro Henrique Falaguasta Nishimura - 1º Direito Matutino
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