Max Weber, um dos principais sociólogos conhecidos, não atuou somente no cenário do seu tempo (1864-1920), mas também continua exercendo influência na contemporaneidade. Tal fato não se deve a qualquer razão, mas ao reconhecimento do vigor de sua análise, ao aperfeiçoamento das técnicas de pesquisa e à decisão de utilizar a sociologia como instrumento para compreender o Brasil. Dessa forma, a construção teórica weberiana do indivíduo como ser importante nas averiguações sociais, a importância dada à razão e aos valores particulares de cada um contribuiu com o estudo dos fenômenos de mudança social no país.
Nesse
sentido, grande parte da produção sociológica brasileira estabelece um diálogo
com a obra de Weber; diálogo acerca da aplicabilidade de suas categorias
analíticas, de suas teorias e, principalmente, do conceito de tipos ideais, ou
seja, desse conceito teórico abstrato basilar para comparação entre aquilo que
é observado e sua abstração teórica, ao capitalismo periférico atual. Desse
modo, a burocracia, com todas suas nuances hierárquicas, rotineiras e fixas,
pode ser analisada através do mecanismo de tipo-ideal citado, o poder, pelos
tipos de estratificação social existentes no Brasil atual e a evolução do sistema
capitalista ocidental pelo pressuposto da racionalidade.
Um exemplo
de estudo da sociedade brasileira através de Weber se mostra em uma das
resenhas de Alberto Guerreiro Ramos, que assinala a chegada da edição mexicana
do livro “Economia e sociedade” do sociólogo tratado. Neste artigo, o escritor
busca incitar os estudiosos brasileiros de administração acerca da importância
das categorias analíticas colocadas no livro como ferramentas para examinar os
problemas administrativos do país. A resenha chega no âmago das adversidades
pela extensa exposição compreensiva da teoria de Weber e dedica espaço exclusivo
aos tipos-ideais de dominação.
O artigo,
após alguns anos, foi utilizado por outros autores para analisar as classes
sociais no Brasil através da burocratização como subprocesso que compõe a
passagem do padrão de estratificação antigo para o atual, caracterizado pela
diversificação; passagem, esta, que advém da secularização e da urbanização.
Além disso, alguns autores utilizaram até a estrutura de poder dos indígenas
brasileiros sob o ângulo dos tipos weberianos, o que mostra a grande
contribuição dessa teoria até os dias de hoje.
Portanto,
é notável que a teoria weberiana, que classifica as organizações como sistemas
burocráticos vistos como ponto de partida para cientistas políticos e outros
sociólogos iniciarem seus estudos, ainda vigora e influencia o pensamento de
diversos atores no exame da sociedade brasileira atual. Partindo da premissa da
ação social, do tipo-ideal, da razão e dos valores individuais tal obra
torna-se fundamental para o entendimento das relações internas e externas de
que participam as sociedades de capitalismo dependente, como a brasileira, o
que deveria ser valorizado pelos estudiosos desse século.
Núbia Quaiato Bezerra- Direito noturno
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