De maneira a contrariar a
tradição dos primeiros sociólogos que, até então, focavam suas analises da
imagem de sociedade como um corpo em geral, Max Weber, jurista e economista alemão,
foca suas considerações acerca do indivíduo buscando analisa-lo de acordo com
todos os mecanismos sociais que o cercam. Nesse sentido, Weber faz uso do conceito
de “Tipo Ideal”, referente a como um ser pode ser visto de forma idealizada,
não correspondendo, de fato, a como ele se apresenta de maneira real,
corroborando a ideia de que os indivíduos não podem ser colocados em caixas que
os tipifiquem diretamente, uma vez que esses sempre conterão traços de outros “Tipos
Ideais”. Nesse interim, o individuo aqui se colocaria como produto final de
peças de blocos de montar, composto de inúmeros fatores, não só – mas também –
relacionados ao trabalho, como igreja, família, escola, região, cultura, sendo peças,
e mesmo com claras instruções – Tipo Ideal – rotuladas na caixa, podem-se
formar inúmeros outros produtos finais. Dessa forma, faz-se imperioso analisar
como o Tipo Ideal se difere do Real, assim como suas implicações no campo do
mercado laboral.
Nesse sentido, primeiramente, Weber discorre acerca do
Tipo Ideal e sua discordância no plano real. Dessa forma, segundo uma visão Weberiana,
o Tipo Ideal se coloca quando se imagina, por exemplo, características de um
determinado grupo, pautadas em traços como roupas, ideologia, religião, costumes,
entre outros, dessa maneira, idealiza-se certa pessoa por participar de
determinado grupo com essas características. No entanto, Weber traz a ideia de
que essas características postuladas aos grupos não se afirmam, com exatidão,
no plano real, isso se dá uma vez que os indivíduos, como seres diversos, preservam
em si “Blocos”, como em legos, que não
necessariamente se encaixam ao ideal pensado ao grupo na qual ele pertence,
dessa maneira, por exemplo, ao se imaginar um profissional das artes cênicas,
envolvidos com questões humanísticas, não se espera que este tenda a questões relacionadas
com pautas do campo político da Direita, contudo, materialidade este fato é
encontrado em Regina Duarte. Assim, observa-se que o Tipo Ideal de Weber se
encontra na ideia de que os “Blocos” idealizados na construção de determinado
grupo não se refazem com exatidão no indivíduo, uma vez que, dada sua formação compartilha
de várias características de acordo com os mecanismos sociais que o cerca.
Ainda, tendo visto a questão do Tipo Ideal, é preciso
contextualizado no campo do mercado de trabalho. Nesse panorama, tal perspectiva
é uma critica de Weber ao Ideal de Classe Trabalhadora postulada por Marx e Engels,
que colocavam a massa trabalhadora como grupo que detinha dos mesmos ideais, e
não como um corpo heterogêneo em propósitos e culturas. Nessa continuidade,
Weber coloca o Trabalho como uma, e não a única, característica que compõe um
dos “Blocos” de formação do ser, considerando que o individuo leva ao trabalho
demandas inerentes a sua cultura. Com efeito, observa-se que o Tipo Ideal Marxista,
de uma Classe unida em ideais pró socias, e o Tipo Ideal Burguês, de uma classe
mecanizada, não são correspondidos, em nenhuma das faces, de forma completa. Dessa
maneira, pode-se analisar a cultura e formação do indivíduo, colocada por Weber,
pode ser uma forma de resistência ao mundo Capitalista de Produção Idealizado
pelo lado Burguês, tal panorama pode ser reiterado por manchetes comuns ao Brasil
contemporâneo que retratam um cenário no qual o ser um “Ser Humano” com
necessidade, fome, doenças, pensamentos é coibido pelo ideal de maquinas mudas
e inexpressivas: “Trabalhador é morto no RS após tomar café fora do horário
determinado, A Sulcromo, de São Leopoldo, onde ocorreu o crime, tem histórico
más condições de trabalho, diz sindicato dos metalúrgicos, em nota de repúdio.
A nota exige que o crime seja apurado e punido” Redação CUT 07/2022;
ADOECIMENTOS
E MORTES NO MERCADO A depredação do trabalho no Brasil A despeito da gravidade
e da abrangência, a relação entre saúde e trabalho é um assunto normalmente
pouco destacado na cena política LE MONDE DIPLOMATIQUE, Acervo Online | Brasil
por Vitor Filgueiras 03/2018; VERGONHA E RAIVA NA FILA DA FOME Uma psicóloga
conta mudanças na rotina de atendimento em um centro de assistência social cuja
fila agora tem de engenheiros a artistas desempregados, Olga Jacobina, REVISTA
PIAUI, 05/2022; Prefeitura de Araraquara
é obrigada a explicar atestados negados Município negou atestados e descontou
salários de servidores que se afastaram por terem casos de covid-19 na família
Com informações da CBN A CIDADE ON/Araraquara – 06/2022; Falta
de segurança e desrespeito ao ser humano é rotina nas agências do Bradesco
CONTRAFAT CUT,05/2017; A precarização do trabalho e os “frilas fixos” Edição
863 por Phellipe Marcel da Silva Esteves, OBSERVATORIO DA IMPRENSA, 08/2015.
Os dados caos, referentes a condições de trabalho e questões culturais, revelam
a diversidade referente ao real dos Tipos Ideais, revelando como muitas vezes,
o próprio ser humano é rejeitado em casos trabalhistas no qual o ideal é ser máquina.
Depreende-se que, portanto, o Tipo Ideal de Weber monta o
indivíduo com caraterísticas estigmatizadas que, assim como blocos em jogos de
montar, revelam passo a passo para formação de determinado individuo de um
certo grupo social, no entanto a factibilidade deste Tipo Ideal não se faz materializável
uma vez que esses mesmos blocos se reorganizam, em razão de questões religiosas,
familiares, culturais, que formam o indivíduo de formas diferentes das previstas
no plano ideal. Destarte, para Weber o ser é colocado como objeto principal na
produção da Sociologia Compreensiva, sendo necessário olhar de maneira ampla
para o ser, e não se limitar a uma imagem produzida pela embalagem, contendo o
Tipo Ideal. Logo, o Indivíduo, para Weber, assim como lego, se constrói e se refaz
com base no social.
Retirado de : <https://education.lego.com/pt-br/> |
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