Em “O discurso do
método”, Descartes, a procura de verdades incontestáveis, parte da premissa de
julgar como completamente falsa qualquer opinião que pudesse supor dúvidas,
para então, por consequência, analisar se restaria alguma convicção autêntica. No
entanto, o desenvolvimento do método científico parece ter sido vão, ante o
cenário atual, no qual internautas de toda parte do mundo, com realce nos
brasileiros, são constantemente acometidos de notícias contendo meias verdades
e, até mesmo, balelas que, por falta de responsabilidade e de busca por clareza,
são entendidas como genuínas e compartilhadas sem compromisso com a veracidade
de seu conteúdo.
Embora o método científico, criado por Descartes em
junção à ideias de Bacon, promova a dúvida como base para a formulação de
ideias verdadeiras, vive-se um momento em que fraudes disseminadas, tendo como
exemplo “compartilhe essa mensagem com 10 amigos e amanhã você achará 1000
reais na rua”, são amplamente aceitas, enquanto verdades consolidadas, como a
importância da vacinação, são postas constantemente em questionamento. Assim,
debilitando anos de estudos baseados em pesquisa e experimentação, realizadas
em prol de um maior desenvolvimento da humanidade.
Ademais, a crítica de Francis Bacon à dialética
aristotélica se aplica perfeitamente aos tempos modernos, na qual diz “ao impor à natureza das coisas
inumeráveis distinções arbitrárias, mostrando-se sempre mais solícito em
formular respostas e em apresentar algo positivo nas palavras do que a verdade
íntima das coisas.”. Essa aplicação se exemplifica ao
observar o abafamento, por parte do estado, do número de casos e mortes por
conta do COVID-19, apresentando à população dados reconfortantes ao invés dos
reais e, portanto, privando-os da verdade.
Em face do discutido, fica evidenciado o desvio do ser
humano no caminho da busca por conhecimentos legítimos. Mesmo que os trabalhos
de Descartes e Bacon tenham sido de suma importância para o avanço da ciência
moderna, presenciamos atualmente, um descaso, tanto por parte da população, que
não busca a verdade das coisas, como dos órgãos gerenciadores da mesma, que não
intentam informar e garantir a veracidade do informado ao cidadão. E assim
sendo, transforma gerações que buscam a transformação da natureza, em sucessores
que apenas buscam a contemplação da mesma, seja ela fundamentada na verdade ou
não.
Autor: Lucca Benedetti de Morais RA:201225158 Turma: XXXVII - Direito Noturno
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