Falha superficialidade
Respeitando o efeito
pendular da história, o período de explosão de revoluções e ascensão de classes
até então inferiores no século XIX propiciou o surgimento de uma doutrina contrária
ao Iluminismo. Uma vez que sociedade europeia (especialmente francesa) se via
em meio à anarquia social, processos públicos incertos e a ideia de liberdade
excessiva, o positivismo se pôs como a doutrina que proporcionava rigidez,
tradicionalidade e ordem.
Comte trouxe ao
mundo a simplicidade intelectual, a “anticomplexidade” frente a tantos
problemas discutidos em seu tempo, mas seria isso valoroso para a humanidade? Com
a simplicidade também a vem a superficialidade, é necessário compreender que a
ideia de reflexão é indispensável em todo e qualquer caso de decisão de conduta
social, seja individualmente ou coletivamente. Tomemos como exemplo atual o
posicionamento do presidente da república quanto ao uso de medicamentos para
tratar o Covid-19: Após a hidroxicloroquina ser apontada como uma droga possivelmente
efetiva contra o vírus, o chefe do executivo se posicionou firmemente favorável
à sua produção em massa, já que existiam casos de contágio curados com o uso do remédio. Se ele usou e se curou, significa
que funciona, não é? A simples divagação sobre essa possibilidade excluiria a
certeza de efetividade: existem aqueles mais resistentes e outros mais
vulneráveis aos sintomas da doença, e uso da hidroxicloroquina nos primeiros
gera a percepção de causa (uso do medicamento) e efeito (recuperação rápida),
quando a causa real é a boa condições de defesa do organismo. O uso desse
medicamento comprovadamente ineficaz, traz mais riscos do que segurança à
saúde, e o posicionamento da pessoa mais influente no cenário nacional
favorável ao uso deste é de grande irresponsabilidade.
O imediatismo do
positivismo pode trazer uma série de problemas, a exemplo do caso citado acima.
A negação da reflexão é o desenho da personalidade brasileira média, que age de
acordo com as percepções iniciais e elege um representante desse viés.
Gabriel Nogueira, 1° ano, noturno.
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