O
filme "Ponto de Mutação" levanta uma discussão sobre a relação entre
pensamentos e ações particulares sendo considerados parte de um todo e o efeito
que estes surtem no mundo. A discussão ocorre entre três
pessoas de diferentes áreas: uma física moderna, um político e um poeta; o que
nos permite perceber o que cada visão tem em comum, como cada visão diverge, e
como cada uma delas reflete no mundo.
A relação de diferentes faces, diferentes pontos de vista,
faz uma união do conhecimento humano dentro dos três pontos de vista (físico,
político, e literário), mostrando os efeitos do desenvolvimento da história e da
ciência. O papel desses três personagens é divulgar a ideia de que tudo está
interligado; há intertextualidade nos diálogos, e cada personagem enriquece a
visão dos outros.
Para a cientista Sonia Hoffmann o pensamento de Renê Descartes embora muito útil para a sociedade em que ele viveu, por se afastar do pensamento
estritamente religioso medieval para explicar a natureza, muito atrapalha a
sociedade atual. Descartes criou o pensamento mecanicista, tido como cartesiano,
pelo seu nome em latim, cartesius. O pensamento cartesiano explicava a natureza como uma maquina que poderia ser desmontada para
ser compreendida. Isaac Newton ainda teria contribuído no pensamento cartesiano
quando formulou as três leis do movimento na física, que influenciou as artes,
a política e toda a sociedade. Enxergar apenas as partes e não o todo, esse foi
o erro que Descartes cometeu, segundo Sonia, e que fez as nações interessadas apenas em suas
próprias partes.
Todo o discurso do filme é uma realidade ainda hoje. As
pessoas estão acostumadas com a modernidade, com o conforto e mergulhadas nos
seus sentimentos nacionalistas. Recebem tudo pronto em suas mentes e mal podem
pensar que todas as coisas criadas pelo homem podem e devem ser moldadas. Até a
natureza parece agir baseada na lógica. Precisa-se pensar com maior
relatividade a mediação do conhecimento diante de todas as descobertas que são
impostas e modificam nosso modo de agir na sociedade, parte de uma nação, parte
de um continente, interligado a um sistema maior, toda a humanidade.
José Augusto Melo de Carvalho, Direito Noturno, 1° ano.
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