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sábado, 22 de março de 2014

Descartes: o discurso do método e a ruptura com o pensamento tradicional

Ao longo da historiografia humana, a necessidade de desvendar e conhecer o mundo foi o motor responsável pela condução do homem ao desenvolvimento científico. Não obstante, até meados do século XVII, as formas de conhecimento eram sumariamente pautadas na tese transcendental, a qual proferia que a verdade das coisas era revelada por seres sobrenaturais, como na Alquimia e na Astrologia. Foi nesse contexto que surgiu o Pai da Filosofia Moderna, René Descartes, o qual foi responsável por uma ruptura com as formas tradicionais de pensamento.
             Insatisfeito com a forma de conhecimento e aprendizado convencionais por não apreciar em tais um fim útil, Descartes propôs um método que fosse capaz de unificar as formas de pensar e que permitisse ao homem desvendar os enigmas do mundo. O Pai da Filosofia Moderna defendia que o conhecimento científico deveria ser acompanhado de sua aplicação concreta. O homem não deveria deixar-se guiar por formas prontas de saber, mas deveria abdicar de todo conhecimento pré-estabelecido e utilizar-se somente de seu próprio juízo para conhecer o mundo. Assim, o ser humano deveria rejeitar tudo o que pudesse ser colocado sob dúvida para estabelecer bases sólidas ao seu conhecimento. O duvidar e o pensar seriam as únicas provas da existência do homem: “Penso, logo existo”.
            Segundo Descartes, a capacidade humana de pensar não surgiu do nada, mas foi dada ao homem por uma natureza superior e divina. Assim, Deus seria fator determinante para a existência do homem, já que nos deu a competência de pensar e, então, de existir.  Descartes elege a razão às últimas consequências como forma de aproximação humana à perfeição de Deus. Então, o homem passaria de escravo do mundo, a senhor do mundo. Tal perspectiva acarretou consequências graves à natureza, uma vez que, como senhor do mundo, o homem poderia submeter o que quisesse e como quisesse a seus interesses.

            Descartes foi, então, o responsável pela ruptura com o pensamento científico tradicional e por lançar as bases de um conhecimento unificado e sólido que permitisse ao homem desvendar o mundo ao seu redor. A importância de seu método é tamanha que angariou nome próprio: o método cartesiano, capaz de permitir à ciência um fim útil, retirar o homem de um papel secundário e colocá-lo como ser pensante com capacidade de intervir no mundo. 

Nicole Bueno Almeida, Direito Noturno, 1º ano. 

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