Análise da mudança da consciência coletiva
Quando realizamos uma análise detalhada dos pilares que
sustentam a engrenagem do pensamento coletivo de um grupo social percebemos
que, há alguns elementos que são sempre a raiz do que esse grupo vê como padrão
de comportamento, ou como certo e errado. É o que Durkheim chama de consciência
coletiva. A mesma transforma-se
continuamente, o que hoje é um valor por si mesmo, pode esvaziar-se de sentido
para a sociedade até esmorecer e ser considerado como algo retrógrado.
De fato, Durkheim analisa como a sociedade deixou um
estágio de solidariedade mecânica, no qual a resignação imposta pela sociedade
é feita por obrigação e imposta por vontade divina. Não é feito por respeito a
um princípio racional, mas transcendental. Os mandamentos são o eixo que determina
o que é certo e errado, o que afeta ao todo e deve por isso ser punido de modo
severo. Como a lei de Talião, no qual a norma penal reprime os atos que parecem
nocivos ao grupo social, pois o crime é visto como uma ofensa aos sentimentos
que para um mesmo tipo social, se encontram em todas as “consciências sãs”.
Na nova estrutura social, Durkheim defende que as
relações se estabelecem a partir de uma interdependência interna. Há uma predominância
do direito restitutivo. O modo de se enxergar a aplicação da pena também é
transformado. Se há uma parte do todo disfuncional, a função do direito é
repará-la e restituí-la ao seu lugar. Nessa nova etapa a consciência coletiva
dá lugar ao saber especializado e científico, as normas passam a ser
fundamentadas na razão. Dessa forma, a norma penal deixa de reprimir os atos
que parecem nocivos ao grupo social, ou seja, a pena é aplicada não
necessariamente de acordo com seu impacto social.
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