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sábado, 14 de maio de 2011

De mãos dadas com a solidariedade social

Émile Durkheim faz em sua obra um tentativa de estabelecer a função da divisão do trabalho. Mas sua teoria se destaca pelo caráter peculiar de encaixar, em meio a essa problemática, o sentido da moral.
Durkheim acredita que se a opção por determinado ofício for puramente individual, visando por exemplo, apenas o benefício econômico, que se não houver perspectiva moral alguma, podemos admitir um caráter imoral nessa opcão.
Criticando ferreamente o individualismo nas sociedades, Durkheim não se mostra grande apreciador das artes, ciência e indústria, no sentido de que são estas atividades sem conotação moral, sem uso obrigatório.
A divisão do trabalho para o pós-positivista deveria ter um sentido muito maior que o de simplesmente garantir o funcionamento da economia, o que, segundo Durkheim acabaria por estrangular a civilização e levá-la ao colapso. Para que isso não ocorresse, seria necessário que se criasse uma expressão da moral que perpassasse toda a sociedade, uma consciência coletiva em nome da qual se pudesse interpretar a divisão do trabalho. É nesse sentido que Durkheim se aprofunda.
A negação de si e a afirmação do todo. Essa seria a noção de solidariedade a partir da qual se poderia analisar o efeito moral da divisão do trabalho. Para Durkheim, a solidariedade é algo embutido à sociedade que tem a pretensão de combater o individualismo. Ele acredita que as pessoas são instintivamente individualistas, mas que deveriam progredir para alcançar a solidariedade, a sociedade deveria moldar os indivíduos para que se chegasse ao equilíbrio, à coesão, finalidade principal de toda sociedade.
Para justificar suas ideias, Durkheim cita que nos atrai quem possui semelhanças conosco e também quem possui diferenças que produzem complementos.
É neste ultimo caso que cabem as relações que acontecem dentro da divisão do trabalho. As pessoas se ligam pois uma complementa o trabalho da outra, desde que cada uma se mantenha em seu lugar social. Assim, não existe apenas troca comercial, mas também moral. Espera-se algo do próximo. O vínculo que existe entre as pessoas vai além da troca de serviços, é um vínculo entre o indivíduo e o todo. No entanto, a difereciação entre as funções sociais não deve ser indignificante para ninguém, ela deve expressar uma responsabilidade maior de sua função.
A divisão social, segundo Emile Durkheim, precede ainda a divisão econômica do trabalho. A luta pacífica pela vida promoveria a incorporação de determinadas pessoas ao cumprimento de certos papéis sociais. À medida que a sociedade então se desenvolvesse, aceitaria-se a diferenciação por função social, incorporando elementos de gênero, religiosos, raciais para se manter em equilíbrio.
A divisão sexual do trabalho foi a primeira forma de aperfeiçoamento da sociedade, que acabou, com o tempo, gerando influências nas instituições conjugais, e assim no direito, na economia, modificando as pessoas, as civilizações.
O próprio direito reflete o desenvolvimento social dos diferentes povos, pois exprime os principais traços da solidariedade social, cuidando de cada dimensão da sociedade. Ele é mais complexo nas sociedades de forte diferenciação social, nestas predomina o direito restituitivo (que tem como função restituir o indivíduo à sociedade, e não eliminá-lo) e a solidariedade orgânica , já nas sociedades mais primitivas, predomina o direito repressivo, e há uma única verdade, a solidariedade é, por isso, mecânica, pois qualquer ato que fere a coletividade é reprimido por todos.
Assim se forma uma nova concepção da vida em sociedade, que enxerga a divisão do trabalho como uma rede de solidariedade envolvendo a todos, onde cada um cumpre uma função particular e tem um compromisso moral para com o outro e para com todos da sociedade, forçando-nos a focar menos no indívíduo e mais no social.

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