Total de visualizações de página (desde out/2009)

terça-feira, 5 de abril de 2022

Descartes e Bacon: a teoria analisada através do filme "Matrix" e transposição para o atual cenário político brasileiro.

    O filme Matrix, estrelado pelo ator Keanu Reeves, com suas diversas alusões à filosofia grega, mitologia e até mesmo às histórias de Lewis Carroll continua a intrigar e fascinar os amantes da filosofia e do cinema após seus mais de 20 anos de lançamento (1999). No filme, Neo (Keanu Reeves) vive sua vida normalmente como um simples técnico de informática no ano de 1999, até que certo dia, começa a ter pesadelos frequentes sobre o mundo em que vive, levando-o a crer diversas vezes que está em uma simulação. Diante disso, ele é procurado por Morfeu (referência ao deus dos sonhos para a mitologia grega), um homem que mostra a Neo que este realmente vive em uma simulação e que na verdade estão no ano de 2199, onde um sistema de inteligência artificial cria uma falsa realidade para os seres humanos enquanto as máquinas usufruem de seus corpos e de suas mentes como fonte de energia.

    Por conseguinte, é possível analisar no filme diversos elementos da teoria de René Descartes quanto de Francis Bacon. A princípio, Neo está dominado pelas máquinas e seus próprios sentidos são usados para manipulá-lo, contudo, a sua capacidade de refletir através da razão não pôde ser controlada, fazendo com que Neo conseguisse entender a real situação em que se encontrava - e que de início também desconfiava. Sendo assim, como uma alusão à frase de Descartes: "Penso, logo existo", a capacidade que Neo tinha de pensar foi o que lhe trouxe a liberdade, e consequentemente, uma real existência. 

    Ademais, podemos observar também parte do empirismo de Bacon em algumas cenas do filme, mas que não são tão favoráveis à teoria do filósofo: Assim que resgatado, Neo passa por uma cirurgia para a reconstrução de seu corpo - visto que estava com músculos atrofiados por estar imóvel por anos enquanto servia de força motriz para a Matrix - e então pergunta a Morfeu: "Por que meus olhos doem?" e ele responde: "Porque você nunca os usou". Diante disso, é possível ver que apesar de termos nossos sentidos e realizarmos experiências, nada nos adianta se não possuirmos a capacidade de refletir.

    Por fim, é possível fazer diversas analogias do filme e das teorias filosóficas analisadas com a realidade política brasileira. Durante o ano de 2018, a corrida presidencial que resultou na eleição do candidato Jair Bolsonaro ficou marcada pela enorme quantidade de notícias falsas que este se utilizou para difamar o seu adversário, Fernando Haddad. Desde então, é frequente encontrarmos centenas de notícias falsas no dia a dia, que propagam o ódio e são mascaradas como uma "liberdade de expressão". A principal forma de propagação dessas "notícias" são as redes sociais e aplicativos de mensagem, em que qualquer indivíduo pode publicar o que bem entender, sem qualquer compromisso com a realidade, e dessa forma, vários espectadores as propagam sem qualquer uso da razão para refletir, ou seja, sem procurar a veracidade do que está sendo compartilhado. Portanto, é possível concluir que convivemos em uma sociedade repleta de pessoas "presas na Matrix" e sem qualquer previsão de saída, pois estão imersas na ilusão de seus sentidos, e além do mais, caminhamos para uma nova corrida presidencial, com previsão de maior propagação de "fake news" e discursos de ódio que podem agravar a situação já presenciada: sem qualquer criticidade através da razão e cada vez mais imersa em uma "Matrix".

Lorenzo Pedra Marchezi - Direito - 1º Ano - Noturno


Nenhum comentário:

Postar um comentário