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segunda-feira, 2 de maio de 2016



Sequestro do ônibus 174: uma análise comparada entre o pensamento de Comte e o de Durkheim

O objetivo deste texto é analisar, a partir do pensamento de Comte e o de Durkheim, o midiático caso do sequestro do ônibus 174, o qual ocorreu em 12 de junho de 2000, no bairro Jardim Botânico, da cidade do Rio de Janeiro, e foi transmitido, ao vivo, pela imprensa.
No episódio em comento, Sandro Barbosa do Nascimento, com 21 anos de idade, analfabeto, morador de rua, sobrevivente da chacina da Candelária, que presenciou o assassinato da própria mãe quando ainda era criança, sequestrou o ônibus da linha 174, detendo reféns por cerca de 5 horas. Foi trágico o desfecho do sequestro, visto que, quando tentava sair do ônibus, levando a refém Geísa Firmo Gonçalves consigo, Sandro foi atacado por um policial que não obteve êxito em acertá-lo, mas atingiu um tiro, de raspão, na refém. Como reação ao ataque policial, o morador de rua também disparou contra Geísa, a qual não resistiu. Algumas pessoas que acompanhavam o incidente tentaram linchar Sandro Barbosa e gritavam para a polícia matá-lo. Ele, de fato, morreu asfixiado na viatura policial, contudo, os policiais envolvidos foram absolvidos da condenação de assassinato.
A referida reação das pessoas presentes no local do sequestro retoma o clichê de que “bandido bom é bandido morto” e pode ser considerada de cunho positivista. Para Comte, uma situação como a descrita no parágrafo anterior representa ameaça à ordem, ao equilíbrio social, portanto, deve ser neutralizada. O pensador positivista também considera que cada indivíduo tem um papel social a cumprir, logo, o jovem Sandro deveria estar estudando e trabalhando, sendo inadmissível o comportamento apresentado por ele.
Já Durkheim, apesar de também demonstrar a preocupação positivista com a coesão social, analisaria a conduta de Sandro, considerando a particularidade da história dele, do processo de socialização a que foi submetido. Tal análise durkheimiana pautar-se-ia pela objetividade, sem acréscimo de valores e impressões pessoais e ressaltaria o fato de que o todo exerce influência no modo de agir individual.
Em suma, a partir da discussão do sequestro do ônibus 174, pôde-se estabelecer comparação entre o pensamento positivista e o durkheimiano, salientando que ambos demonstram preocupação com a coesão social, entretanto, este desenvolve análises mais objetivas, desprovidas de perspectivas pessoais e enfatiza a determinação do coletivo no comportamento do indivíduo, isto é, para Durkheim, a sociedade engendra o ser social. 

Marcos Paulo Freire - 1º ano/Direito Noturno

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