Sequestro
do ônibus 174: uma análise comparada entre o pensamento de Comte e o de
Durkheim
O objetivo deste texto é
analisar, a partir do pensamento de Comte e o de Durkheim, o midiático caso do
sequestro do ônibus 174, o qual ocorreu em 12 de junho de 2000, no bairro
Jardim Botânico, da cidade do Rio de Janeiro, e foi transmitido, ao vivo, pela
imprensa.
No episódio em comento,
Sandro Barbosa do Nascimento, com 21 anos de idade, analfabeto, morador de rua,
sobrevivente da chacina da Candelária, que presenciou o assassinato da própria mãe
quando ainda era criança, sequestrou o ônibus da linha 174, detendo reféns por
cerca de 5 horas. Foi trágico o desfecho do sequestro, visto que, quando tentava
sair do ônibus, levando a refém Geísa Firmo Gonçalves consigo, Sandro foi
atacado por um policial que não obteve êxito em acertá-lo, mas atingiu um tiro,
de raspão, na refém. Como reação ao ataque policial, o morador de rua também
disparou contra Geísa, a qual não resistiu. Algumas pessoas que acompanhavam o
incidente tentaram linchar Sandro Barbosa e gritavam para a polícia matá-lo. Ele,
de fato, morreu asfixiado na viatura policial, contudo, os policiais envolvidos
foram absolvidos da condenação de assassinato.
A referida reação das
pessoas presentes no local do sequestro retoma o clichê de que “bandido bom é
bandido morto” e pode ser considerada de cunho positivista. Para Comte, uma
situação como a descrita no parágrafo anterior representa ameaça à ordem, ao
equilíbrio social, portanto, deve ser neutralizada. O pensador positivista
também considera que cada indivíduo tem um papel social a cumprir, logo, o
jovem Sandro deveria estar estudando e trabalhando, sendo inadmissível o comportamento
apresentado por ele.
Já Durkheim, apesar de
também demonstrar a preocupação positivista com a coesão social, analisaria a
conduta de Sandro, considerando a particularidade da história dele, do processo
de socialização a que foi submetido. Tal análise durkheimiana pautar-se-ia pela
objetividade, sem acréscimo de valores e impressões pessoais e ressaltaria o
fato de que o todo exerce influência no modo de agir individual.
Em suma, a partir da
discussão do sequestro do ônibus 174, pôde-se estabelecer comparação entre o
pensamento positivista e o durkheimiano, salientando que ambos demonstram
preocupação com a coesão social, entretanto, este desenvolve análises mais
objetivas, desprovidas de perspectivas pessoais e enfatiza a determinação do coletivo
no comportamento do indivíduo, isto é, para Durkheim, a sociedade engendra o
ser social.
Marcos Paulo Freire - 1º ano/Direito Noturno
Marcos Paulo Freire - 1º ano/Direito Noturno
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