Eu estou preso.
Prenderam-me
sem perguntar se queria.
Sem me ouvir.
Eu estou preso
e não consigo sair.
Sou eu um
subproduto
Do produto que
é a família.
Sou adestrado.
Corro mais do
que poderia.
Vou seguindo
pegando a bolinha todos os dias,
Pegando a fila
todos os dias,
E fazendo
coisas que me fazem fazer.
Tenho mãos.
Tenho talheres.
Me têm olhares.
E vou comendo
como a etiqueta manda,
E nas etiquetas
tem um carimbo de outro país,
E me fazem
ouvir a música que não compreendo o que diz,
E me obrigam a
entender.
Eu e todos
presos em nós e presos neles.
Mas quem?
Uma coerção que
não tem rosto definido,
Mas que me
amarra.
Me tortura
Me abusa
Me surra
Surrado e ainda
preso
Eu grito:
- Me
desprendam!
Desprezo.
José Eduardo Adami - 1º Direito (Noturno)
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