"O homem nasce livre mas em toda parte encontra-se a ferros". Com esta frase, Jean-Jacques Rousseau abre sua obra "Do Contrato Social", no qual trata sobre o abandono da liberdade individual de cada cidadão em virtude da inserção no meio social e, consequentemente, da obtenção da liberdade civil. De fato, o homem nasce livre mas encontra-se, na coletividade, preso aos ferros de uma liberdade condicionada a valores, preceitos e normas que lhe são impostas através das instituições sociais. Os atos de um indivíduo inserido em uma determinada sociedade refletem muito desta mesma sociedade, justamente porque estes atos são o reflexo das imposições e influências que este indivíduo sofre, como a cultura, os costumes e o próprio Direito, e também refletem nesta sociedade, uma vez que o homem é um zoon politikòn, um animal político, e cada ação tomada terá, de alguma forma, uma implicação no todo que é o corpo social.
Podemos chamar, portanto, de fato social, todo aquele que independe do indivíduo, ou seja, que não seja um ato isolado e "espontâneo", mas que obedeça ao apontamento supracitado: que seja um reflexo das características da sociedade no qual está inserido e que reflita, de alguma forma, nesta mesma sociedade.
Desta forma, podemos destacar aqui um fato social patológico e recorrente que jamais envelhece ou torna-se dispensável um discurso sobre ele: o meio-ambiente. Os hábitos globais globalização de utilizar produtos descartáveis e não seu descarte indevido (fato social) foram adquiridos com a revolução industrial e a globalização (origem) e são reflexo de uma sociedade inconsequente e egoísta que já está gerando grandes impactos na natureza e comprometendo nossa estadia terrena (implicações no meio social). Muitos atos tomados por indivíduos em seu cotidiano podem exemplificar, além do mau uso dos bens de consumo, estas características da geração contemporânea, como a chamada "doença do século", a depressão, o que seria um bom tema para uma abordagem futura.
O estudo sociológico dos atos tomados individualmente que refletem a e na sociedade é de extrema importância para garantirmos que haja um futuro que seja agradável a nossos olhos. Os antigos gregos preconizavam: nosce te ipsum ("conhece-te a ti mesmo"): é preciso conhecer para poder transformar. Daí, a necessidade de um método científico que entenda, explique e proponha soluções para manter unidos os grilhões que nos acorrentam uns aos outros e que mantêm a estrutura social na qual estamos inseridos.
Hiago A. Cordioli
1° ano Direito - Período Noturno
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