A Ciência Moderna era composta por dois pilares, o da Razão
e o da Experimentação – já que o primeiro levava a dedução e o segundo, a
comprovação – Descartes é um grande representante do primeiro pilar, ao passo
que o segundo se vê muito bem ostentado por Francis Bacon. Bacon surge trazendo á filosofia da Era
Moderna a teoria do empirismo, sendo
ele próprio o maior representante desta, que propõe uma análise do mundo
baseada em interagir com o mundo de
forma experimental.
Ao propor o empirismo, o filósofo retira poder de áreas que possuíam
grande influencia na época, como a astrologia, a alquimia e a religião, pois
julga tais áreas como místicas e sem conhecimento comprovado. Criticando também
a ciência como mero exercício da mente e que estava sujeita á influencias da
razão, que poderiam “prejulgar” um fato, ou este fato ser distorcido pelos
sentidos,
Bacon propõe um novo método de análise filosófica, chamado por ele de
A Cura da Mente – e este era divido
em duas fases: a antecipação da mente (conhecimento contemplativo) e a
interpretação da natureza (conhecimento por exploração e experimentação).
Tendo posto seus conceitos e métodos, Bacon define a ciência
como a mais alta representação do mundo, diz que tudo que é digno de existir, é
digno de ciência. Esse tipo de ideia revolucionou sua época, pois mudava a
forma de se pensar o mundo que passou a ser visto como o que há de mais
racional e dele as conclusões científica poderiam ser tiradas, o mundo como uma
máquina. Além disso, ele deixou
fortemente explícito que Saber é Poder e a exploração da natureza é a única
forma de compreende-la, e mais do que isso, de vencê-la – para ele, o homem
deveria se sobrepor a natureza, conquista-la a ponto de usá-la a seu favor e
não ser vitima de seus acasos.
Embora a visão mecanicista e de sobreposição á natureza
tenham sido importante para apoderar o homem moderno, como visto no filme Ponto
de Mutação, estes conceitos se tornaram tão fortes que sobrevivem e dominam até
hoje e acabaram por destruir muito do que é essencial e provém da natureza. O
principio masculino de Bacon, continua a levar o homem cada vez mais perto do
esgotamento de recursos naturais, da destruição do planeta e á submissão de
outras pessoas e até mesmo países inteiros (os chamados terceiro mundo, por exemplo);
pode-se dizer também, que o conceito de Bacon é visto hoje mais presente no
mundo empresarial, pois o cunho dominador, avarento, se sobressai.
Sendo assim, é preciso a consciência de que a visão de Bacon
foi inovadora numa época impregnada de misticismo, na qual o homem ficava a
deriva de catástrofes naturais, doenças, da Igreja; suas ideias mudaram a forma
de ver e principalmente de interagir com o mundo, dando autonomia a humanidade.
No entanto, mais de quatros séculos após o filósofo ter falecido, é hora de
adaptar suas concepções, de ver que o mundo não é apenas uma máquina, mas sim
um organismo vivo (assim como diz o filme Ponto de Mutação) e que cada ação
afeta milhares de pequenos ecossistemas ligados á outros maiores. É necessária
uma mudança no conceito de Bacon, uma reavaliação da postura humana quanto ao
meio em que vive, para que, á longo prazo, não acabemos por nos destruir,
destruindo tudo á nossa volta.
Stephanie Bortolaso
Direito, noturno.
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