A análise do texto "O Direito como expressão do conflito na ordem
capitalista" de Karl Marx nos leva a compreender que para ele o
novo estado estruturado pela burguesia é um estado forjado no conflito. Não é
harmonioso, como diz Comte, não é um estado como expressão da liberdade, como
diz Hegel. É a
expressão de conflito de uma classe que forja instrumentos de dominação sobre
outra classe e procura formas de manter-se no poder.
Para expressar esse seu pensamento critico para com a realidade, Marx utiliza-se de metáforas, uma vez que o pensamento dominante e contemplado na época era o desenvolvido por Hegel e que possuía alguns princípios fundamentais: razão
(ideia), natureza (paixão, desejo, vontade, o que é humano) e espírito (mescla
de ideia + natureza = história).
A sua discordância a esse modo de ver a realidade dá-se quando há uma aprofundação na análise da sociedade capitalista, uma vez que Marx não aceita o fato do direito alemão ser visto como cabível para uma época tão revolucionária, onde países como a França e a Inglaterra de fato lutavam por seus direitos, enquanto que na Alemanha as pessoas estavam passivas frente a um pensamento social já ultrapassado e defasado.
Ao demonstrar tamanha insatisfação, Marx equipara a sociedade e o pensamento hegeliano aos dogmas católicos que eram mundialmente conhecidos e passavam, também, por um processo de críticas. Afirma, por exemplo, que ao estabelecer
a crença nos homens santificados, a Igreja Católica inverte os valores e a realidade, ou
seja, para ser santo é necessário ter uma vida miserável, porque a recompensa
só vem depois. Isso controla, oprimi e repreende os homens. Juntamente com essa crítica, Marx fala que o direito deve ser capaz de libertar os homens, posicionando-se contra,
também, à filosofia hegeliana.
O principal ponto para entendimento do texto é compreender que as referencias religiosas desenvolvidas nada mais são do que uma forma de chegar até Hegel sem que esses comentários críticos fossem descarados. No posicionamento de Karl Marx ficou claro que, para ele, a
filosofia de Hegel aprisionava e iludia os homens, assim como a religião o
fazia ao dar esperanças aos homens de que depois da morte havia uma vida melhor.
Ressalta-se ainda que há um tom irônico no texto de exaltação aos alemães, pois esse pensador, revolucionário para a época em que vivia, não se conformava com a passividade dessa nação.
Conclui-se, então, que de forma discreta e marcada por entrelinhas, Karl Marx procura criticar o pensamento hegeliano sobre sociedade capitalista e o papel do direito dentro desse espaço inovando, assim, com uma perspectiva diferente e marcante.
Bárbara Andrade Borges - Direito Diurno
Nenhum comentário:
Postar um comentário