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sábado, 28 de setembro de 2013

Gastar hoje, ou gastar amanhã?

    Na atualidade, a forma do capitalismo e suas influências sobre a sociedade são tão grandes que é praticamente impensável que tal forma de economia/viver foi implementada com a ajuda de uma doutrina religiosa. Tal ideia parece infundada pois, na atualidade, o capitalismo ganhou um força tão grande que, em certas ocasiões, engloba a própria religião em seu meio. Contudo, o "suporte" que o capitalismo teve da ética protestante foi algo essencial para que esta doutrina econômica tivesse sucesso no mundo.
    Pautando pelo lado explicativo, a ética protestante ajudou na consolidação e fortalecimento do capitalismo ao oferecer, para este, uma base sólida na qual ele poderia erguer e fortalecer seu espírito: a base da predestinação. Segundo a ética protestante, o principal indício da predestinação de um indivíduo (algo que indica que aquele homem é um escolhido de Deus) é a sua riqueza. Quando mais um homem externalizar os indícios de sua graça, mais abençoado, na tese desta ética, ele seria. Ou seja, o capitalismo encontrou na ética protestante um suporte para conciliar o fato de que o trabalho a esmo, para o acúmulo de capitais, não era algo sem sentido. Era algo que poderia até salvar um indivíduo e demonstrar o quanto Deus considerava este homem abençoado.
    Assim, a ética protestante mudou o enfoque e a forma como se observava o acúmulo de riquezas. Enquanto no cristianismo o acúmulo de riquezas é visto como algo ruim, e que barra a entrada dos homens no reino do céu, no protestantismo a ideia era basicamente o contrário: a riqueza era um sinal de que Deus tinha escolhido e predestinado aquele sujeito. Ou seja, para o cristianismo a salvação estava no futuro, estava em "gastar" suas riquezas amanhã, no reino dos céus, e não "hoje" no reino dos homens.
    Mas como que tal ética ajudou tanto no fortalecimento do capitalismo? Como uma simples doutrina religiosa foi o ponta pé inicial para que um grande sistema econômico englobasse toda a sociedade? Simples, por meio da racionalização do trabalho.
    Como que é possível externar a graça e a predestinação se um homem não trabalha? Como é possível acumular capital se este mesmo homem perde três, quatro dias, trabalhando para a Igreja? Como é possível ser um homem predestinado, se este mesmo homem perde tempo, fora de seu trabalho, resolvendo assuntos que não ajudam em seu trabalho? Foi colando estas perguntas, que são utilizadas até hoje, que o capitalismo conseguiu absorver, e se utilizar da ética protestante, para o fortalecimento de seu espírito.
    A ética protestante forneceu "fôlego" ao capitalismo quando "apoiou" uma doutrina tão embrionária e frágil frente a ordem social da época. Fornecendo a esta doutrina a "arma" que viria a ser seu maior trunfo frente todas outras doutrinas econômicas passadas: a racionalização do trabalho. Esta arma foi o ponto de partida para que o capitalismo, e sua força na sociedade, conseguissem quebrar barreira e irradiar para o mundo. Fazendo com que o modelo econômico do ocidente interferisse em todo o mundo, e que, mais tarde, possibilitasse uma emancipação do próprio capitalismo da ética protestante. Colocando a racionalização do trabalho como seu maior bem e maior força na atualidade.

Leonardo de Morais Oliveira Lima - Direito Noturno - Unesp  

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