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sábado, 28 de setembro de 2013

Capitalismo como tinta


Em sua obra "A ética protestante e o espírito do capitalismo", Max Weber contraria a visão marxista e realiza uma análise mais abrangente do capitalismo, não puramente em seu aspecto econômico. A partir dessa análise, Weber constatou o embrião do pensamento capitalista: a ética protestante. Segundo tal ética, essa valoração do "trabalho pelo trabalho" não se derivava de uma ambição pura e simples, mas de um ordenamento divino, como se o sucesso econômico em terra comprovasse a predestinação do indivíduo. E a essência da burguesia de Weber baseia-se não na ostentação, mas no comedimento. A "revolução capitalista" seria, então, uma revolução da mentalidade e em segundo plano uma revolução econômica.

E apesar de ser fator originário do capitalismo, a religião vai gradualmente desprendendo-se até se tornar nula, quando se cristaliza na “ética capitalista”. Numa analogia, o pensamento capitalista seria como tinta; o Protestantismo como a água; e a sociedade, a parede a ser pintada. A água constitui em uma base para a tinta que, no entanto, vai gradualmente evaporando e abandonando a parede, de forma que os pigmentos fixam-se na mesma, colorindo-a. Ainda utilizando-se dessa analogia, as sociedades ocidentais seriam como uma parede que inexplicavelmente teria aptidão natural para fixar o pigmento colorante da tinta.

Ainda que não possuam a mesma aptidão para fixarem a tinta verde do capitalismo, as outras sociedades se veem numa situação de obrigatoriedade de moldarem a ela, de forma que também consigam receber sua pintura para não sucumbirem à concorrência das sociedades capitalistas. Sendo que nesse ponto, o pensamento weberiano coincide com o marxista, que acreditava que o capitalismo já nasce com uma prerrogativa global devido ao espírito de competitividade.

O espírito capitalista constrói-se em cima de um paradoxo: o da negação da sua riqueza para a geração de mais riqueza. Assim, como para Comte seria a “negação do eu” que levaria a prosperidade social, para Weber, a negação da riqueza levaria a prosperidade econômica, pois o indivíduo deveria ignorar sua riqueza acumulada para continuar trabalhando para acumular ainda mais. O espírito capitalista destrói a sociedade subsistente feudal, sendo que tal espírito ainda encontrava-se enraizado nos indivíduos, o que foi combatido com a política dos salários baixos, que segundo Weber não era fruto meramente da sede por lucro, mas um modo de aumentar a produtividade, já que o trabalhador contentava-se com determinado valor “x” e não buscava aumentar seu salário.

Suzana Satomi Shimada - Diurno

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