Em sua obra "A ética protestante e
o espírito do capitalismo", Max Weber contraria a visão marxista e realiza
uma análise mais abrangente do capitalismo, não puramente em seu aspecto
econômico. A partir dessa análise, Weber constatou o embrião do pensamento
capitalista: a ética protestante. Segundo tal ética, essa valoração do
"trabalho pelo trabalho" não se derivava de uma ambição pura e
simples, mas de um ordenamento divino, como se o sucesso econômico em terra
comprovasse a predestinação do indivíduo. E a essência da burguesia de Weber
baseia-se não na ostentação, mas no comedimento. A "revolução
capitalista" seria, então, uma revolução da mentalidade e em segundo plano
uma revolução econômica.
E apesar de ser fator originário do
capitalismo, a religião vai gradualmente desprendendo-se até se tornar nula,
quando se cristaliza na “ética capitalista”. Numa analogia, o pensamento capitalista
seria como tinta; o Protestantismo como a água; e a sociedade, a parede a ser
pintada. A água constitui em uma base para a tinta que, no entanto, vai
gradualmente evaporando e abandonando a parede, de forma que os pigmentos
fixam-se na mesma, colorindo-a. Ainda utilizando-se dessa analogia, as
sociedades ocidentais seriam como uma parede que inexplicavelmente teria aptidão
natural para fixar o pigmento colorante da tinta.
Ainda que não possuam a mesma aptidão
para fixarem a tinta verde do capitalismo, as outras sociedades se veem numa
situação de obrigatoriedade de moldarem a ela, de forma que também consigam
receber sua pintura para não sucumbirem à concorrência das sociedades
capitalistas. Sendo que nesse ponto, o pensamento weberiano coincide com o
marxista, que acreditava que o capitalismo já nasce com uma prerrogativa global
devido ao espírito de competitividade.
O espírito capitalista constrói-se em
cima de um paradoxo: o da negação da sua riqueza para a geração de mais
riqueza. Assim, como para Comte seria a “negação do eu” que levaria a
prosperidade social, para Weber, a negação da riqueza levaria a prosperidade
econômica, pois o indivíduo deveria ignorar sua riqueza acumulada para
continuar trabalhando para acumular ainda mais. O espírito capitalista destrói
a sociedade subsistente feudal, sendo que tal espírito ainda encontrava-se
enraizado nos indivíduos, o que foi combatido com a política dos salários
baixos, que segundo Weber não era fruto meramente da sede por lucro, mas um
modo de aumentar a produtividade, já que o trabalhador contentava-se com
determinado valor “x” e não buscava aumentar seu salário.
Suzana Satomi Shimada - Diurno
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