Capitalismo: de selvagem a divino
Em épocas passadas, nas quais a Igreja Católica se portava como a instituição mais influente e poderosa, o lucro era considerado pecado e as possíveis ações capitalistas eram impedidas por conta do medo das consequências de se cometer tal perversão.
E então, surge uma nova linha de pensamento religioso que dará origem ao Protestantismo, que diferente do Catolicismo, atribui importâncias às coisas terrenas e exalta as ações econômicas. Ao valorizar a economia, valoriza o lucro e acaba impulsionando a iniciante burguesia a investir cada vez mais em seus comércios, pois sob essa nova ótica protestante, tal fato não era mais considerado pecado e se, caso um burguês prosperasse em sua atividade profissional, seria um sinal de sua predestinação divina em ser economicamente vitorioso.
Nessa relação entre ética protestante e espírito capitalista, houve um motivo importante para tal prosperação deste sob a luz daquele, segundo Weber: a racionalização do indivíduo. Ele passou, então, a querer transformar o mundo e não apenas se acomodar a ele e isso foi crucial para a dinamização das relações econômicas.
Essa racionalização do indivíduo e posteriormente da economia, acaba resultando na dinamização do investimento, ou seja, a riqueza adquirida deveria ser movimentada para gerar mais riquezas e não apenas ser acumulada como forma de ostentação. Possuir riquezas passa a ser caracterizado pelos altos investimentos e não pela grande acumulação.
Enfim, não se sabe ao certo se foi o protestantismo que assegurou o capitalismo ou se foi as necessidades do capitalismo que fizeram com que surgisse a ética protestante. O que se pode conhecer, no entanto, é a estreita ligação entre ambos os fenômenos e atribuir à essa relação uma das maiores transformações das atividades econômicas já vividas. E com isso, as ações capitalistas passaram de pecadoras à divinas, ultrapassando os tempos, as crenças e até, para quem acredita, o próprio Deus.
Ana Carolina Alberganti Zanquetta, Direito Noturno
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