Antecedendo
Descartes na escrita sobre um novo método de alcançar o conhecimento seguro,
Francis Bacon, em sua obra universal Novum Organum, apresenta as causas que
motivam o ser humano tender ao senso comum, com sua mente bloqueada pelos
chamados “ídolos” existentes no convívio individual ou em sociedade, e a
solução para isso, a cura da mente através da precaução.
Nos
aforismos XXVI ao XXX da obra, é feita uma divisão entre as duas formas de a
razão tomar conhecimento do meio em que vive: as antecipações da natureza,
fundamentadas rapidamente no senso comum, e as interpretações da natureza,
formuladas por meio da relação entre vários fatos antes de uma conclusão. É
possível questionar aqui qual das duas formas de conhecimento seria necessária
para uma persuasão bem sucedida.
Nesses
aforismos, é dito que as interpretações podem parecer “duras e dissonantes” à opinião
comum, e que nas “ciências que se fundam nas opiniões e nas convenções é bom o
uso das antecipações e da dialética”, com o necessário cuidado, pois as
antecipações podem se tornar erros radicais sem cura.
Portanto, cabe
somente ao enunciador ter a sensibilidade para perceber as individualidades do
seu público, sabendo quando apresentar um raciocínio aprofundado, ou os fatos
gerais comuns, chegando, finalmente, à eloquência que Descartes também citou em
sua obra, a qual maravilhava tanto os ignorantes, quanto os sábios. Assim,
tendo esse conhecimento, é possível também conhecer a eloquência presente em
todos os ídolos que procuram bloquear o intelecto humano, e se prevenir dela.
Texto aula 3, Juliane Siscari de Andrade- Direito Diurno
Texto aula 3, Juliane Siscari de Andrade- Direito Diurno
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