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sábado, 16 de março de 2013

A eloquência dos ídolos


Antecedendo Descartes na escrita sobre um novo método de alcançar o conhecimento seguro, Francis Bacon, em sua obra universal Novum Organum, apresenta as causas que motivam o ser humano tender ao senso comum, com sua mente bloqueada pelos chamados “ídolos” existentes no convívio individual ou em sociedade, e a solução para isso, a cura da mente através da precaução.

Nos aforismos XXVI ao XXX da obra, é feita uma divisão entre as duas formas de a razão tomar conhecimento do meio em que vive: as antecipações da natureza, fundamentadas rapidamente no senso comum, e as interpretações da natureza, formuladas por meio da relação entre vários fatos antes de uma conclusão. É possível questionar aqui qual das duas formas de conhecimento seria necessária para uma persuasão bem sucedida.

Nesses aforismos, é dito que as interpretações podem parecer “duras e dissonantes” à opinião comum, e que nas “ciências que se fundam nas opiniões e nas convenções é bom o uso das antecipações e da dialética”, com o necessário cuidado, pois as antecipações podem se tornar erros radicais sem cura.

Portanto, cabe somente ao enunciador ter a sensibilidade para perceber as individualidades do seu público, sabendo quando apresentar um raciocínio aprofundado, ou os fatos gerais comuns, chegando, finalmente, à eloquência que Descartes também citou em sua obra, a qual maravilhava tanto os ignorantes, quanto os sábios. Assim, tendo esse conhecimento, é possível também conhecer a eloquência presente em todos os ídolos que procuram bloquear o intelecto humano, e se prevenir dela.

Texto aula 3, Juliane Siscari de Andrade- Direito Diurno

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