Existe uma enorme discrepância no que diz respeito a
nossa individualidade e ao coletivo. Ao mesmo tempo em que cada indivíduo
possui suas peculiaridades e difere de todos os outros seres humanos, a
sociedade não deixa de ser uma massa, que opera de forma conjunta e é imputável
pelas transformações que ocorrem no seu meio.
Ao longo da história da humanidade, esse sentimento de
coletividade, ou a visão do homem como um ser coletivo foi responsável pelos
principais acontecimentos históricos, tanto para bem quanto para mal.
Talvez a pessoa que decidiu jogar a bomba nuclear em Hiroshima
e Nagasaki, matando assim a milhares de pessoas, não tivesse coragem de matar
um indivíduo. Percebe-se assim como a concepção do coletivo pode ser perversa e
sombria, ela facilita a quem tem o poder manipular o coletivo e decidir sobre
ele com frieza, pois o coletivo exclui a ideia de intimidade e faz com que o
conjunto se converta apenas em uma marionete, a qual pode ser movida ao
bel-prazer de quem estiver no comando. Tomar decisões no âmbito coletivo é sem
dúvidas uma empreitada muito mais fácil do que decidir sobre um único
indivíduo.
E essa tendência é ainda facilitada pelo fato de que em
qualquer grupo ou sociedade, notam-se
formas padronizadas de conduta e pensamento. Padrões éticos, morais, de
urbanidade e etiqueta, de concepções políticas e intelectuais caminham de mãos
dadas na sociedade. Seguimos um mesmo rumo e qualquer elemento que destoe do
todo orgânico é rejeitado e visto como um corpo estranho e prejudicial para
manter a ordem do conjunto.
Nesse ponto, podemos então
nos perguntar quão livre somos realmente para fazer nossas próprias escolhas. A
sociedade já possui seus moldes de comportamento e muito dificilmente um
indivíduo conseguirá ir contra esse sistema. O capitalismo, por exemplo, faz
com que todos nós sejamos escravos do dinheiro, do trabalho para poder ter um
lugar ao Sol e uma vida digna (se bem que essa vida digna é padronizada na sociedade pelo próprio
capitalismo, o famoso “american way of life”). Sendo assim, a sociedade não
representa a soma das consciências individuais, mas sim uma única consciência
orgânica que se estabelece nas consciências e modo de vida de cada indivíduo,
moldando até quando esse indivíduo pode ir com sua liberdade de escolha e seus
próprios desejos pessoais.
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