É
possível perceber, ainda, que esta visão da história esforça-se por negar o caráter multicultural da sociedade e
dos processos que a envolvem. Isso ocorre quando
faz distinções entre
os habitantes originais da
terra e aqueles que se estabeleceram
depois. De acordo com
esta perspectiva, todos aqueles que migraram para
a Índia e seus descendentes são estrangeiros e,
portanto, não são parte da nação. Neste
sentido, muçulmanos e cristãos, por exemplo, que
não seriam naturais da Índia e,
desta forma, são considerados estrangeiros pelos nacionalistas, deveriam tornar-se indianos
(indianizar-se) ou viver como “cidadãos de segunda classe sem quaisquer direitos ou privilégios”.
OLIVEIRA, M.
S. R. . Identidade Nacional e Intolerância Religiosa na Índia Contemporânea.
In: II Simpósio
Internacional sobre Religiões, Religiosidades e Culturas, 2006,
Dourados. CD BOOK.Dourados : Editora UFMS, 2006. (pg. 8)
Dentre todas as ideias expressas por Weber em sua obra, é possível
destacar a de que o sociólogo enquanto pesquisador não deve contaminar o objeto
de estudo com seus valores. Apesar de aparentemente livre de maiores
complexidades, nota-se que sua prática compreende grandes dificuldades, principalmente
quanto à não emissão de opinião em determinados momentos da pesquisa. Muito
embora Weber afirme que não existe neutralidade, o conhecimento não deve se
afastar da razão, devendo esta prevalecer sobre a opinião do sociólogo.
Levando
essa ideia para além do plano do pensamento, é possível exemplificar sua
aplicação através de casos concretos, como o da intolerância religiosa, mais
especificamente, a que ocorre entre hindus, muçulmanos e cristãos, apresentada no texto acima. As
raízes desse conflito são históricas, estando relacionadas ao
nacionalismo
indiano, que se estende até mesmo à questão religiosa. Essa
intolerância ocorre porque os hindus, antes de enxergarem muçulmanos e
cristãos como seres humanos, tomam-nos como estrangeiros, representantes de uma cultura inferior.
Assim, a defesa desse julgamento por parte de sociólogos hindus sem fundamentação em nenhuma base racional vai extremamente contra o pensamento de Weber, visto que está impregnado de etnocentrismo e relativização de valores.
É possível concluir que, de uma maneira geral, a aplicação dessa ideia weberiana é a melhor prevenção de conflitos, sendo, portanto, a racionalização das ações o "pontapé inicial" para a solução dos problemas relacionados a desentendimentos culturais.
Por fim, pode-se tomar por complemento ao pensamento de Weber a frase do escritor francês Victor Hugo, na obra Os Miseráveis, na qual ele afirma que "chega sempre a hora em que não basta apenas protestar: após a filosofia, a ação é indispensável". Weber já apresentou a filosofia, onde está a ação?
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