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domingo, 17 de junho de 2012

O trabalhador, sua ferramenta e seu saber


É possível estabelecer um paralelo entre a visão de Marx e a maneira com a qual o homem se relaciona com a ferramenta e seu saber. A priori, é importante citar uma frase do livro  “Curso de Filosofia do direito” de Eduardo C. B. Bittar e Guilherme Assis de Almeida: “(...) porque a razão que emerge na modernidade é a razão instrumental (Instrumental Vernunft), uma forma de razão que  dilacera a existência humana em sua plenitude reduzindo a um de seus aspectos. Esta forma assumida pela razão moderna, como razão técnica, de cujo aproveitamento a esteira de produção retira seus benefícios produtivos, revela potência, dominação,  desmistificação, e age de  modo que rompe o véu da ignorância, que desvirgina o mundo, o mistério, a natureza, que cresta o espírito criativo, artístico e inovador,e, exatamente por isso, se converte em razão instrumental.” Esta frase explica bem a relação do trabalhador com seu saber que passa ser instrumental, uma mera ferramenta para a obtenção de maior salário que na verdade acaba sendo a ampliação da mais valia, ou seja, da ampliação da exploração do trabalho intelectual do trabalhador. Adorno e Horkheimer afirmavam sobre o saber: “A racionalidade técnica de hoje é a racionalidade da própria dominação. Ela é o caráter compulsivo da sociedade alienada em si mesma”, ou seja, o saber/ racionalidade  de hoje reflete a dominação de uma sociedade que se alienou. Para esclarecer a definição de alienação, segundo o dicionário Houaiss, é “no marxismo, processo em que o ser humano se afasta de sua real natureza, torna-se estranho a si mesmo, pois os objetos que produz passam a adquirir existência independente do seu poder e antagônica aos seus interesses”. Nesse caso, o saber teria uma existência antagônica aos interesses do trabalhador, sendo por essa lógica um saber alienado.

Marx difere ferramenta de máquina, para ele a primeira seria movida pela força humana enquanto a segunda não. Segundo o raciocínio de Marx, o tear inventado por Claussen, por ser movido por um trabalhador seria uma ferramenta, mesmo sendo capaz  de fazer 96 mil malhas por minuto. As ferramentas sem dúvida aumentaram a velocidade de produção, porém trouxeram elas somente benefícios? Não, como disse John Stuart Mill “É duvidoso que as invenções mecânicas feitas até agora tenham aliviado a labuta diária de algum ser humano”, pois elas assim como a razão instrumental fizeram que o homem se alienasse e serviu de instrumento de dominação, as ferramentas hoje fazem com que as pessoas trabalhem mais, por exemplo o computador faz com que as pessoas levem seu trabalho para dentro de casa depois do horário que elas estão sendo remuneradas para trabalhar, o professor prepara aula, o empresário responde emails e assim por diante fazendo com que as pessoas trabalhem mais e continuem ganhando o mesmo salário para isso, ampliando exploração sobre o trabalhador. 

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