É
possível estabelecer um paralelo entre a visão de Marx e a maneira com a qual o
homem se relaciona com a ferramenta e seu saber. A priori, é importante citar
uma frase do livro “Curso de Filosofia
do direito” de Eduardo C. B. Bittar e Guilherme Assis de Almeida: “(...) porque
a razão que emerge na modernidade é a razão instrumental (Instrumental
Vernunft), uma forma de razão que
dilacera a existência humana em sua plenitude reduzindo a um de seus
aspectos. Esta forma assumida pela razão moderna, como razão técnica, de cujo
aproveitamento a esteira de produção retira seus benefícios produtivos, revela
potência, dominação, desmistificação, e
age de modo que rompe o véu da
ignorância, que desvirgina o mundo, o mistério, a natureza, que cresta o
espírito criativo, artístico e inovador,e, exatamente por isso, se converte em
razão instrumental.” Esta frase explica bem a relação do trabalhador com seu
saber que passa ser instrumental, uma mera ferramenta para a obtenção de maior
salário que na verdade acaba sendo a ampliação da mais valia, ou seja, da
ampliação da exploração do trabalho intelectual do trabalhador. Adorno e
Horkheimer afirmavam sobre o saber: “A racionalidade técnica de hoje é a
racionalidade da própria dominação. Ela é o caráter compulsivo da sociedade
alienada em si mesma”, ou seja, o saber/ racionalidade de hoje reflete a dominação de uma sociedade
que se alienou. Para esclarecer a definição de alienação, segundo o dicionário
Houaiss, é “no marxismo, processo em que o ser humano se afasta de sua real
natureza, torna-se estranho a si mesmo, pois os objetos que produz passam a
adquirir existência independente do seu poder e antagônica aos seus interesses”.
Nesse caso, o saber teria uma existência antagônica aos interesses do
trabalhador, sendo por essa lógica um saber alienado.
Marx difere ferramenta de máquina, para ele a
primeira seria movida pela força humana enquanto a segunda não. Segundo o raciocínio
de Marx, o tear inventado por Claussen, por ser movido por um trabalhador seria
uma ferramenta, mesmo sendo capaz de
fazer 96 mil malhas por minuto. As ferramentas sem dúvida aumentaram a
velocidade de produção, porém trouxeram elas somente benefícios? Não, como
disse John Stuart Mill “É duvidoso que as invenções mecânicas feitas até agora
tenham aliviado a labuta diária de algum ser humano”, pois elas assim como a
razão instrumental fizeram que o homem se alienasse e serviu de instrumento de
dominação, as ferramentas hoje fazem com que as pessoas trabalhem mais, por
exemplo o computador faz com que as pessoas levem seu trabalho para dentro de
casa depois do horário que elas estão sendo remuneradas para trabalhar, o
professor prepara aula, o empresário responde emails e assim por diante fazendo
com que as pessoas trabalhem mais e continuem ganhando o mesmo salário para
isso, ampliando exploração sobre o trabalhador.
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