Opressores e oprimidos, dominantes e dominados. Luta constante de classes devido a seus interesses e caráter antagônicos. Esses são os contornos dados por Marx e Engels à história de todas as sociedades.
Com o advento da burguesia, vinda dos resquícios feudais, crescem as divergências, estabelecendo-se "novas classes,novas condições de opressão, novas formas de luta no lugar das antigas" e a "sociedade se divide cada vez mais em dois campos inimigos, em duas classes que se opõem frontalmente: burguesia e proletariado". De um lado, a classe dos detentores dos meios da produção social e empregados assalariados à sua disposição e de outro, aqueles que apenas possuem a força de trabalho para ser vendida; divisão esta fortemente acentuada pelo capitalismo.
O mercado, que não suporta por muito tempo as fronteiras nacionais, expande-se, já que a economia não se prende mais ao severo regramento das antigas corporações de ofício. Tudo passa a ser mercantilizado, até os próprios trabalhadores " que precisam vender a si próprios aos poucos, são uma mercadoria, como qualquer outro artigo de comércio". E assim, todos são arrastados por esse mercado, fruto de um capitalismo global e dinâmico.
Todo esse avanço burguês é acompanhado de perto pelo Estado, como uma mãe que vela os primeiros passos de seu filho. E, aos poucos,a burguesia tem seus interesses assegurados por este, tranformando-o em um simples "comitê para gerenciar os asuntos comuns de toda burguesia" enquanto outros tornam-se cada dia mais miseráveis e "a pobreza cresce mais rápido do que a população e a riqueza".
Será que é possível detectar diferenças nos dias de hoje ou tudo continua ordinariamente semelhante ao pensamento de Marx e Engels? Os tempos são outros, as situações e conflitos mudaram, mas há ainda contradições em nossa sociedade. Pode-se ainda ver oprimidos e opressores, mesmo que de forma velada. A miserabilidade e o luxo não conseguiram soltar as mãos e permanecem caminhando juntos. O mercado, mais do que nunca globalizado, não conduz apenas a economia, mas rege também os demais âmbitos, controlando condutas e nos levando com força impetuosa. Consumo e inovação são as melhores amigas do homem moderno. E o Estado? Ainda é, muitas vezes,instrumento de manipulação e garantia de interesses de uma minoria detentora da riqueza e de prestígios. Há aqueles, muitos por sinal, que continuam recebendo " o mínimo necessário para a conservação e a reprodução de sua vida humilde" como o antigo proletariado .
"Uni-vos" então para as mudanças mais que necessárias. Mas como? Estão todos envolvidos pela doce alienação que sustenta o capitalismo, com seus celulares de mil e uma funções e fones de ouvido.
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