Tentar fazer previsões é algo muito recorrente nos seres humanos. Tentamos prever o clima para saber se levamos guarda-chuva ou não ao trabalho, tentamos descobrir os gostos de alguém que queremos presentar para evitar desapontamentos, ou até prever o próximo passo do oponente em uma guerra para melhor contra-atacar. Como visto nos exemplos citados, tal ato está quase sempre ligado à intenção de prevenir, de evitar imprevistos, de saber o que vai acontecer no futuro para ir se preparando no presente. Nesse mesmo sentido, as pesquisas e o desenvolvimento das ciências em geral foi, em parte, voltado para esse objetivo. Busca-se encontrar leis, fórmulas, modelos, verdades absolutas que nos permitam ter maior controle sobre o mundo. Nas ciências naturais tal conduta pode até ser mais confiável, visto que é mais exata e tende a ser imutável. No campo das ciências sociais, em seu surgimento, tal conduta tentou ser aplicada da mesma forma, mas será que a sociedade pode ser ser analisada dessa maneira?
Muitos são os modelos criados sobre a sociedade sob o viés colocado acima: o da história cíclica ( entre altos e baixos ), da história linear ( sempre em rumo ao desenvolvimento ), da ação e reação ( segundo a qual após uma mudança sempre haveria uma onda retrógrada ) etc.Tais modelos remetem ao Positivismo, corrente de pensamentos criada por Auguste Comte e baseada no uso da razão para prever as leis do mundo e orientá-lo até seu máximo desenvolvimento. Entretanto, o decorrer da história mostra que nem sempre esses ciclos se perpetuam.
Esse rumo constante em direção ao progresso, por exemplo, teria sido interrompido pela Idade Média quando, apesar de todo o conhecimento adquirido na época, muitos outros foram perdidos: diversas máquinas complexas, instituições sociais articuladas etc ou desapareceram ou foram substituídas por outras muito mais rudimentares. Nesse mesmo sentido, o desencantamento do mundo proposto por Weber também encontrou contradições em meio à força do conservadorismo e dos evangélicos crescendo cada vez mais no Brasil e no mundo.
Visto isso, é de extrema importância que a sociedade perceba o quanto não está isenta de retrocessos. É comum pensar que atrocidades como as cometidas pelo fascismo e pelo nazismo não mais ocorrerão ou que direitos conquistados pelas minorias jamais serão revogados. Trata-se, entretanto, de uma noção equivocada e baseada em uma visão linear da história. Não se pode, assim, deixar de estar atentos e prontos para defender e lutar contra fenômenos que pensávamos que nunca mais existiriam.
Então, Eloisa. As coisas realmente não foram, não são e não serão lineares. Talvez porque o homem, imperfeito, queira respostas rápidas e ao seu modo, em seu tempo, quando a construção dos fenômenos não estão no controle humano a todo instante. Sigamos refletindo. Com respeito, Alexandre.
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