O Ponto de Mutação e a Lei de Cotas no Brasil
"Ponto de Mutação", dirigido pelo consagrado Bernt Amadeus Capra, é um filme que de fato, é material para o estudo da sociologia moderna. Sob a vista da grande Abadia de Monte Saint-Michel, três distintos personagens debatem temas e polêmicas, revelando suas motivações e ideologias durante o desenrolar da trama, desenvolvendo um ambiente de pluralidades necessário para o real estado de democracia. Ao realizarmos uma comparação com "Ponto de Mutação" e a revisão da Lei de Cotas brasileira, percebe-se um claro padrão nas universidades públicas e privadas do país: a pluralidade, se não raramente miníma, é inexistente.
De acordo com estatísticas fornecidas pelo doutor Dagoberto José Fonseca, presente durante a XI JORNADA DE DIREITO da UNESP FRANCA, apenas 8% dos estudantes efetivamente matriculados nas universidades brasileiros são pretos. Numa esmagadora maioria, os brancos, em sua maioria de classe média alta, dominam os debates e ideologias nos centros acadêmicos, replicando, mesmo que inconscientemente o sistema racista presente no Brasil.
Diferente de "Ponto de Mutação", o debate democrático é, em teoria, impossível no ambiente atual das universidades brasileiras. Não há negros ou pardos com mesmas oportunidades no país, dificultando a entrada dessa população no centros acadêmicos, resultando numa clara falta de perspectivas e vivências diferentes nesses ambientes, o que afeta diretamente na forma que o Brasil integra sua democracia.
Como consequência disso, as universidades brasileiras sofrem, de acordo com o filósofo Francis Bacon, com um dos quatro ídolos existentes que impossibilitam a real pesquisa e ciência humana, o da caverna. O ídolo da caverna é uma alegoria para a limitação do pensamento humano ao seu ambiente e seus arredores. Se o ambiente da "caverna" das universidades não se expandirem e se diversificarem, o conhecimento produzido advindo delas será apenas uma replicação de vivências elitistas e racistas.
Em suma, a lei de cotas serve como um possibilitador para que a pluralidade, embora ainda mínima, chegue as universidades e centros acadêmicos no futuro. A Lei de Cotas deve não apenas incentivada, mas também expandida, ou nunca chegaremos ao nosso ponto de mutação, numa sociedade mais justa e diversa para todos.
Matheus de Souza Lusko
Primeiro Período de Direito - Matutino
Turma XXXV III
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