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domingo, 19 de abril de 2020

Proliferação do negacionismo


                No filme “Negação” é retratado o caso real de David Irving, um homem que se recusava a acreditar na ocorrência do Holocausto. Apoiado por um grande número de pessoas, Irving chegou a levar a pauta a um tribunal para enfrentar uma historiadora. Tal caso exemplifica o crescimento do negacionismo entre a população contemporânea e o ataque ao conhecimento científico e histórico. A mesma postura é tomada, atualmente, pelo presidente brasileiro Jair Bolsonaro em relação à crise do novo coronavírus, sendo que esse incentiva seus apoiadores a subestimarem a ferocidade do vírus e a se contrariarem às recomendações da Organização Mundial da Saúde em prol da economia nacional.
            Antes mesmo que o vírus chegasse ao Brasil, a OMS já propunha o isolamento social como a melhor forma de conter sua proliferação. Contrariando tal ideia, líderes políticos da Itália e dos EUA minimizaram o potencial da doença e tiveram que lidar com o aumento significativo do número de mortos e infectados em suas localidades. Apesar dos exemplos malsucedidos, o chefe do executivo brasileiro insiste em lidar com a pandemia como se tratasse de uma simples “gripezinha”, sugerindo o relaxamento do isolamento social e o tratamento da doença à base da substância química cloroquina, mesmo que sem comprovação científica.
            Assim como trata a série “Black Mirror”, aquilo que circula nas redes sociais pode facilmente influenciar a opinião pública. Sendo assim, estando na era das “fake news”, a grande parcela da população brasileira que contraria o método cartesiano de raciocínio tem sua percepção da realidade comprometida. Aproveitando-se disso, a máquina de notícias falsas bolsonarista, que assombra o país desde o processo eleitoral, forma um leal exército de negacionistas, que se sente à vontade para confrontar a ciência médica e as autoridades estaduais que procuram combater o vírus.  Ao mesmo tempo que essa legião se fortalece o número de mortos e infectados só aumenta, e as estatísticas demorarão a se normalizar enquanto a ignorância continuar agindo sobre a sociedade.
            Portanto, mediante o cenário em que o fanatismo político e a falta de espírito investigativo ameaçam a saúde da população, fica ainda mais evidente a importância da valorização do estudo e do questionamento cartesiano. Utilizando-se do bom senso e da consciência de lugar de fala, o brasileiro aprenderá a respeitar as autoridades científicas e compreenderá, finalmente, o discurso de Barack Obama, que ressalta que a ignorância nunca será uma virtude.


João Victor Rodrigues Ribeiro - 1 ano, Direito Noturno

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