No
filme “Negação” é retratado o caso real de David Irving, um homem que se
recusava a acreditar na ocorrência do Holocausto. Apoiado por um grande número
de pessoas, Irving chegou a levar a pauta a um tribunal para enfrentar uma historiadora.
Tal caso exemplifica o crescimento do negacionismo entre a população
contemporânea e o ataque ao conhecimento científico e histórico. A mesma
postura é tomada, atualmente, pelo presidente brasileiro Jair Bolsonaro em
relação à crise do novo coronavírus, sendo que esse incentiva seus apoiadores a
subestimarem a ferocidade do vírus e a se contrariarem às recomendações da
Organização Mundial da Saúde em prol da economia nacional.
Antes
mesmo que o vírus chegasse ao Brasil, a OMS já propunha o isolamento social
como a melhor forma de conter sua proliferação. Contrariando tal ideia, líderes
políticos da Itália e dos EUA minimizaram o potencial da doença e tiveram que
lidar com o aumento significativo do número de mortos e infectados em suas
localidades. Apesar dos exemplos malsucedidos, o chefe do executivo brasileiro
insiste em lidar com a pandemia como se tratasse de uma simples “gripezinha”,
sugerindo o relaxamento do isolamento social e o tratamento da doença à base da
substância química cloroquina, mesmo que sem comprovação científica.
Assim como
trata a série “Black Mirror”, aquilo que circula nas redes sociais pode
facilmente influenciar a opinião pública. Sendo assim, estando na era das “fake
news”, a grande parcela da população brasileira que contraria o método
cartesiano de raciocínio tem sua percepção da realidade comprometida.
Aproveitando-se disso, a máquina de notícias falsas bolsonarista, que assombra
o país desde o processo eleitoral, forma um leal exército de negacionistas, que
se sente à vontade para confrontar a ciência médica e as autoridades estaduais
que procuram combater o vírus. Ao mesmo
tempo que essa legião se fortalece o número de mortos e infectados só aumenta,
e as estatísticas demorarão a se normalizar enquanto a ignorância continuar
agindo sobre a sociedade.
Portanto,
mediante o cenário em que o fanatismo político e a falta de espírito
investigativo ameaçam a saúde da população, fica ainda mais evidente a
importância da valorização do estudo e do questionamento cartesiano.
Utilizando-se do bom senso e da consciência de lugar de fala, o brasileiro
aprenderá a respeitar as autoridades científicas e compreenderá, finalmente, o
discurso de Barack Obama, que ressalta que a ignorância nunca será uma virtude.
João Victor Rodrigues Ribeiro - 1 ano, Direito Noturno
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