Na tarde da última quinta-feira, o então ministro da saúde Luiz Henrique Mandetta foi exonerado pelo presidente Bolsonaro. Em discurso, Mandetta revelou; "A ciência é a luz. É o iluminismo. Apostem todas as suas energias através da ciência", em clara oposição ao discurso reiterado pelo presidente, o qual se pauta em opiniões e "achismos", vide o discurso referente a seu passado "atlético" e, por conseguinte, sua possível resistência ao vírus Covid-19. Então, muito embora estejamos presentes no século XXI marcado por nítidos avanços tecnológicos e científicos, o obscurantismo ainda se faz atual.
A relação entre Mandetta e Bolsonaro, além do plano político, expressa a situação conflitante e preocupante pela qual a ciência passa, pois de um lado tem-se um médico consciente e moldado aos métodos e experiências científicas para a contenção da Covid-19 e, do outro, um político que argumenta e decide, de forma categórica, embasado em suposições e superstições individuais. Nesse cenário, apesar de supostamente evidente qual o lado mais acordado com as atuais circunstâncias, há uma significativa parcela da população que ousa insistir e renegar a ciência, em prol de uma suposta verdade sequer experimentada.
Nesse sentido, o direito, expresso pelo poder político do presidente Bolsonaro, sobrepõe-se sobre a ciência e o conhecimento, expressos pelo ex ministro da saúde, tomando especial aparência no momento da demissão deste. Evidencia-se isto quando a razão da exoneração tangencia a divergência no campo político, visto que o presidente é favorável, e Mandetta não o é, ao não isolamento social e a gradativa retomada de atividades sociais e econômicas. Também se credita a isso a crença "bolsonarista" em que o vírus não é de suma importância e relevância, apenas uma "gripezinha" e alarde da mídia nacional e internacional.
As diversas formas de expressão da periculosidade do vírus, como observado na Itália e nos Estados Unidos, mediante a divulgação de matérias expondo a quantidade de mortos, corredores de hospitais lotados e indivíduos infectados sem auxílio, são a prova cabal e científica do que a Covid-19 representa. Não se trata de opinião, não se trata de poder, trata-se de respeito, saúde e conhecimento no tangente às medidas políticas necessárias para a contenção da enfermidade, porque não adianta a evolução do pensamento científico se não há concretização e práticas acordadas com tal. O espaço político também é uma ciência, e, como toda, possui seu método e seu exercício, a supressão desta significa o desvalor do governo.
João Cenamo Baldi de Freitas - 1°ano de direito matutino.
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