No
cine-debate da VI Semana de Sexualidade e Gênero, a mesa foi formada pelos
integrantes da Casixtranha. Grupo que realiza diversas oficinas promovendo a
arte e a discussão de inúmeros assuntos pertinentes, como por exemplo, a
homossexualidade e o preconceito ainda enraizado em nossa sociedade.
O
objetivo do cine-debate foi realizar diversas reflexões a partir do filme Madame Satã e levantar alguns
questionamentos da atual situação da sociedade. O filme aborda a história de
João Francisco dos Santos, durante os anos 30. Vindo do sertão nordestino passa
a habitar o submundo da Lapa, não tão glamourizado, mas, em meio à
prostituição. Preto, pobre, pederasta, “sujeito de pouca inteligência”, é o que
se lê nas acusações de um dos inquéritos policiais contra ele que foi preso
diversas vezes ao longo do filme. Apesar da rotulação, Joao Francisco muito
antes do movimento de orgulho negro, assumia um raro orgulho gay naquela época.
Além disso, derruba também totalmente o estereótipo do homossexual histérico, efemininado
e fragilizado, demonstrando possuir uma forte personalidade e ser a resistência
à marginalização, preconceito e ao esquecimento por parte do Estado.
Dessa
forma, a luta e resistência de uma minoria marginalizada como é o caso da
comunidade LGBT’s é extremamente importante para diminuir os casos de
preconceito e até mesmo de violência. O meio mais eficiente para mitigar esse
cenário é por meio dos mecanismos democráticos, ou seja, a lei. Assim, recentemente
por meio da Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão obteve-se a
criminalização de todas as formas de homofobia e transfobia, como em casos de
agressões, ofensas, seja coletiva ou individual, homicídios e discriminações a
partir da escolha da sexualidade. Equiparando-se a Lei nº 7716
/89 (“Lei de Racismo”). Essa conquista
é um avanço para o movimento LGBT, pois garante maior proteção e segurança a
uma minoria que historicamente sofre. Ademais, essa vitória demonstra o pleno
exercício da democracia e evolução da legislação, assim como o autor McCaNN
afirma: “O acesso que as instituições judiciais concedem aos cidadãos para eles
fazerem valer seus direitos é um direito-chave e um indicador do vigor democrático
de uma sociedade. A capacidade das autoridades jurídicas para acelerar ou gerar
a atividade judicial em defesa dos direitos é uma medida de vitalidade”.
Sem
dúvida, é importante que grupos historicamente excluídos continuem sem
interrupção na luta pelos seus direitos e que TODA a sociedade tome consciência
de que os direitos devem abranger a todos de fato e não apenas na legislação. A
criminalização da homofobia foi um passo extremamente considerável para dar
visibilidade e notoriedade a luta dos LGBT’s. Dessa forma, a partir de
conquistas como essa, as injustiças e mazelas da sociedades vão sendo
solucionadas e um futuro com mais respeito as pluralidades e diversidades será
construído.
André Luís Antunes da Silva
1º ano Direito Noturno
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