O assunto da sexualidade e gênero é uma discussão que
passou a ter uma maior abertura de diálogo atualmente, sendo de importante
relevância para com todos os seres humanos, já que a busca pelo
autoconhecimento indica a promoção de uma qualidade de vida benéfica a quem a
compreende e tenta compreendê-la. Dessa forma, a Coletiva Casixtranha
demonstrou com clareza que as pessoas podem expressar a sua liberdade, a sua
vontade de dançar, de expressar algum movimento que reflita aquilo que a pessoa
está sentindo naquele momento, evitando represálias e valorizando o que cada
indivíduo pode contribuir para enriquecer esse diálogo -momento da Oficina da
Coletiva, em que é aberto o contato para os ouvintes, com a dança Vogue.
Nesse contexto, a Coletiva pautou levemente o filme Madame
Satã, que tem como enredo um homoafetivo que realiza “programas” nas ruas do
Rio de Janeiro, na década de 30, e por esse motivo, é humilhado e perseguido
seguidamente por policiais -responsáveis por prisões várias vezes, com
justificativas esdrúxulas, como a não bem vista moradia nos morros, bailes de
pagodes- ações estas observadas como “vadiagem” e passível de punições dos
guardas. A partir desse ponto, vê-se que a necessidade de ser construído um estereótipo
a respeito daquele indivíduo, sobre o tipo de relacionamento que aquele
estabelece com o outro -algo equívoco, como disse a/o própria/o membra/o da
Coletiva, em um comentário sobre o filme e a realidade, já que não é saudável
definir o que tal pessoa é, afinal, nem mesmo elas sabem o que elas sã- é uma
eterna busca de autoconhecimento e aprendizado de como lidar com tal situação,
dentro de uma sociedade que precisa estabelecer rótulos.
Pensando nesse contexto, é possível relacionar o fato com a
decisão do Supremo Tribunal de Justiça (STF), em criminalizar a homofobia e a
transfobia. Essa atitude pode ser observada como uma tentativa de, ao menos, diminuir
a marginalização desse grupo importunado e tachado por uma sociedade brasileira
conservadora e tradicionalista, em conjunto com as forças policiais que
apresentado as mesmas características citadas anteriormente, usavam dessa força
para penalizar atitudes não bem vistas. Então, o judiciário, em tempos
presentes, ao discutir tal situação, retroage na história e estabelece
que existe uma dívida, ao menos legislativa e cultural, para com estes grupos
marginalizados pela não proteção na lei contra atos que os discriminam e atacam
a sua dignidade e qualidade. Logo, a interferência do STF nessa questão é
extremamente necessário, e vista como uma oportunidade para enfim clamar
direitos que já deveriam ter sido discutidos e solucionados, mas que, por resultados
históricos do conservadorismo cultural da sociedade e política no Brasil,
precisaram de um incentivo legal para que se determine uma lei a
respeito de tal prática detestável.
Logo, a Coletiva Casixtranha, ao reiterar que antes da
chacota acontecer, elas/eles já as fazem com quem as/os apartam, buscar chocar
e provocar uma população cega por seus preconceitos, ao mesmo tempo em que
possuem coragem por expor a todos a sua liberdade de expressão afetiva -sem que
rótulos limitem tais sentimentos.
Sarah
Fernandes de Castro - Direito/Noturno
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