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sábado, 5 de outubro de 2019

A vida sem estereótipos


O assunto da sexualidade e gênero é uma discussão que passou a ter uma maior abertura de diálogo atualmente, sendo de importante relevância para com todos os seres humanos, já que a busca pelo autoconhecimento indica a promoção de uma qualidade de vida benéfica a quem a compreende e tenta compreendê-la. Dessa forma, a Coletiva Casixtranha demonstrou com clareza que as pessoas podem expressar a sua liberdade, a sua vontade de dançar, de expressar algum movimento que reflita aquilo que a pessoa está sentindo naquele momento, evitando represálias e valorizando o que cada indivíduo pode contribuir para enriquecer esse diálogo -momento da Oficina da Coletiva, em que é aberto o contato para os ouvintes, com a dança Vogue.
Nesse contexto, a Coletiva pautou levemente o filme Madame Satã, que tem como enredo um homoafetivo que realiza “programas” nas ruas do Rio de Janeiro, na década de 30, e por esse motivo, é humilhado e perseguido seguidamente por policiais -responsáveis por prisões várias vezes, com justificativas esdrúxulas, como a não bem vista moradia nos morros, bailes de pagodes- ações estas observadas como “vadiagem” e passível de punições dos guardas. A partir desse ponto, vê-se que a necessidade de ser construído um estereótipo a respeito daquele indivíduo, sobre o tipo de relacionamento que aquele estabelece com o outro -algo equívoco, como disse a/o própria/o membra/o da Coletiva, em um comentário sobre o filme e a realidade, já que não é saudável definir o que tal pessoa é, afinal, nem mesmo elas sabem o que elas sã- é uma eterna busca de autoconhecimento e aprendizado de como lidar com tal situação, dentro de uma sociedade que precisa estabelecer rótulos.
Pensando nesse contexto, é possível relacionar o fato com a decisão do Supremo Tribunal de Justiça (STF), em criminalizar a homofobia e a transfobia. Essa atitude pode ser observada como uma tentativa de, ao menos, diminuir a marginalização desse grupo importunado e tachado por uma sociedade brasileira conservadora e tradicionalista, em conjunto com as forças policiais que apresentado as mesmas características citadas anteriormente, usavam dessa força para penalizar atitudes não bem vistas. Então, o judiciário, em tempos presentes, ao discutir tal situação, retroage na história e estabelece que existe uma dívida, ao menos legislativa e cultural, para com estes grupos marginalizados pela não proteção na lei contra atos que os discriminam e atacam a sua dignidade e qualidade. Logo, a interferência do STF nessa questão é extremamente necessário, e vista como uma oportunidade para enfim clamar direitos que já deveriam ter sido discutidos e solucionados, mas que, por resultados históricos do conservadorismo cultural da sociedade e política no Brasil, precisaram de um incentivo legal para que se determine uma lei a respeito de tal prática detestável.
Logo, a Coletiva Casixtranha, ao reiterar que antes da chacota acontecer, elas/eles já as fazem com quem as/os apartam, buscar chocar e provocar uma população cega por seus preconceitos, ao mesmo tempo em que possuem coragem por expor a todos a sua liberdade de expressão afetiva -sem que rótulos limitem tais sentimentos.

Sarah Fernandes de Castro - Direito/Noturno

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