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sábado, 25 de maio de 2019

Será que o acaso vai nos proteger?

  Será o acaso responsável por nos proteger das amarras que o capitalismo nos impõe? Somos continuamente sucumbidos, em todas as esferas de nossa vida, por todas as dominações e explorações desse sistema. Nesse cenário, em que tais contradições conseguem absorver grande parcela diária do tempo, por repetidas vezes, o controle sobre nossa própria vida é perdido e  somos obrigados a nos adequarmos a esse fluxo permanente e à rapidez com que tudo se transforma.
  Se  devíamos trabalhar menos,  nos importar menos , e se fosse possível  colocar tudo isso em prática, não estaríamos seguindo os traços da lógica capitalista. Lógica essa que, dentro da dialética hegeliana corresponderia a tese, essa  situação inicial dada. A contraposição a essa tese, a recusa a  ordem de submissão à ela, a fuga a esses mandos, seriam equivalentes à antítese, que se caracteriza pela oposição à tese. Desse embate nasceria a síntese, que concilia as duas primeiras ideias em um meio-termo, transformando-se em  uma nova tese, que produzirá uma nova antítese e, consequentemente, uma nova síntese, em um ciclo constante e permanente.
  Marx, mesmo buscando superar a concepção idealista da história, presente no pensamento de Hegel, retomou o seu conceito de dialética, mas o remodelou, inserindo-o dentro da sociedade, utilizando-o como um método para conhecer as  suas contradições, que é conhecido como materialismo dialético, necessário para a compreensão da complexidade do real nessa mobilidade contínua. Não sendo estritamente ideológicos os seus pressupostos, Marx almejava a transformação, e se toda a história era a história das lutas de classe, tais circunstâncias conduziriam, necessariamente, a ditadura do proletariado. No entanto, o que ele não previu, é que na história não se pode fazer previsões. 
  O capitalismo, diferente do socialismo, se reinventou, e se reinventa incessantemente, revoluciona continuamente seus instrumentos de produção. Por isso se mantém dominante, flexibiliza tudo o que está em seu alcance, elimina burocracias e despeja em todos nós o amálgama das incertezas. Nesse cenário de instabilidades, tudo deve se adaptar a essa ordem, as relações familiares já não as mesmas, tornam-se cada vez mais frouxas, a possibilidade de mobilidade, de ascender socialmente traz consigo as preocupações e o senso de responsabilidade diante das novas obrigações assumidas, a eminência da mudança, da demissão estão sempre a espreita.
  Enquanto estávamos distraídos, o acaso não nos protegeu, estávamos inertes e o capitalismo nos absorveu  na sua teia de dominação  e controle, reduzindo  todos a meros fantoches desse espetáculo capitalista.

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