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sábado, 30 de junho de 2018

A busca das minorias por reconhecimento


  O julgado da ação direta de inconstitucionalidade (ADI) 4277, reconheceu a união homoafetiva como instituto jurídico, concedendo a ela as mesmas consequências e regras de uma união heteroafetiva estável. Sendo esta, uma conquista para a humanidade.
  Os homossexuais constituem uma minoria, a qual, não envolve quantidade, e sim, desvantagem social. De acordo com Axel Honneth, as minorias possuem sentimentos individuais em comum, que se tornam coletivos, e estão em busca de reconhecimento, que é o motor das lutas sociais, tanto perante si (auto-realização), quanto, aos outros, devido ao fato de estarem inseridos em relações sociais.
  Não reconhecer os direitos da união homoafetiva seria mais uma maneira de ferir a dignidade da pessoa humana desses indivíduos, os quais já sofrem, constantemente, com violências físicas, verbais e morais, até casos de morte, devido aos preconceitos enraizados pelo conservadorismo. Na visão de Honneth, duas esferas do reconhecimento individual seriam feridas: da auto-confiança, o amor, pelo trauma causado; e do auto-respeito, uma vez que, seus direitos não seriam garantidos, logo, não se sentiriam sujeitos de Direito. E essa situação só poderia ser alterada, caso se engajassem em movimentos sociais, para a restituição do auto-respeito.
  Além disso, a constante luta dos homossexuais por respeito e igualdade, é uma mobilização de dupla motivação. Haja vista que há mistura do interesse, por lutarem pela auto-conservação e sobrevivência, em decorrência das falhas na estrutura social, nas quais as minorias são desprivilegiadas; e do desrespeito, por lutarem contra injustiças e pelo reconhecimento jurídico. Assim, lutam para que os dominantes os reconheçam, do mesmo modo que reconhecem a luta entre as minorias (auto-estima). Ou seja, formam pontes semânticas com legitimidade na conduta do outro, por possuir os mesmos sinais de sofrimento.
  Desse modo, podemos concluir que, apesar da conquista pontual, a luta pelo reconhecimento da união homoafetiva deve continuar, para que o preconceito da sociedade seja desconstruído. Assim, espera-se que outras minorias sociais alcancem o reconhecimento jurídico também.

Beatriz Bernardino Buccioli - Noturno

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