Para
Boaventura de Sousa Santos o direito assim como o sistema judicial, perpetuam e
legitimam os regimes sociais injustos uma vez que refletem a realidade social
vigente, em que as elites que detêm o poder, seja ele politico, social ou
econômico buscam perpetuar seu domínio perante os 99% restante da sociedade.
Esse fato
atesta toda injustiça social presente no país, cabendo aos grupos minoritários
encontrarem formas de organização especificas para buscarem valer seus direitos
positivados pela Constituição. A exemplo disso, temos o Movimento Sem Terra (o
MST) que busca a resistência as injustiças sociais através de diversos tipos de
lutas.
Essa lutas,
entretanto, também passaram a buscar sua legitimidade no campo jurídico uma vez
que teoricamente, o direito a terra e a inconstitucionalidade do latifúndio
improdutivo são fatos garantidos pela Constituição Federal. A busca por
assessoria jurídica busca fazer com que esse fato se torne realidade e é
através do auxilio de advogados populares e extensões universitárias que o MST
é capaz de levantar suas reivindicações no campo jurídico.
A atuação
do direito juntamente com os movimentos sociais minoritários busca levantar
novas interpretações da lei, uma vez que ela é ampla o suficiente para se
questionar. Esse questionamento vem fazendo com que decisões históricas sejam
tomadas, auxiliando de fato os movimentos sociais, como no caso da Fazenda
Primavera de 1998, uma vez que o direito social é colocado como prioridade em
detrimento ao direito a propriedade.
Essa
atitude do judiciário de colocar o direito a vida em cima do direito individual
demostra uma mudança, mesmo que ligeira e restrita a esse caso, na
interpretação das leis e consequentemente uma alteração no status quo que
privilegia o individual ao coletivo.
Para a
efetiva busca pela justiça, é necessário que o judiciário deixe o direito
emancipado e aberto para novas interpretações e consequentemente, o ativismo
judiciário deve ser visto como algo extremamente eficaz já que leva a
legislação que foi escrita a décadas atrás novos ares e novas interpretações
que são reflexos da sociedade atual em que vivemos.
Concomitantemente,
para o acontecimento dessas modificações no comportamento do judiciário, é
preciso que os movimentos sociais adaptem seus meios de luta, adaptando suas
reivindicações as regras que são impostas pelo judiciário, assim ocorre a
legitimação dos movimentos.
Também,
questiona-se se o direito ajuda na emancipação das pessoas. A emancipação
através do direito só pode ocorrer quando as pessoas busquem mudar o status quo
utilizando de ferramentas jurídicas para auxilia-las nessa luta, sendo assim, decisões
judiciais que favoreçam o coletivo em detrimento da propriedade individual como
no caso da Fazenda Primavera, só podem ser tidas quando o movimento social
trabalha com o objetivo de emancipar o direito de todos os grilhões conservadores
que ainda o prende.
É preciso
de fato dar uma nova reinterpretação ao direito e a democracia brasileira como
um todo. Para isso acontecer é necessário que os movimentos sociais busquem - através
dos seus mais diversos meios de luta- formas para trazer novas cores a
realidade jurídica vigente uma vez que é através das leis que as mudanças na
realidade social passam a acontecer de fato.
Bárbara Tolini, noturno
Bárbara Tolini, noturno
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