O
desenvolvimento do espírito científico humano perpassa pelos estágios iniciais
de uma vida social primitiva caracterizada pelo pensamento universal teológico,
explicativo de todo e qualquer fenômeno natural ou social, e pelo pensamento
conforme preceitos particularizados daquilo e que se acredita, a metafísica.
A
ciência positivada surge através dos questionamentos impetrados por aqueles que
não estão mais satisfeitos com respostas divagantes e quiméricas a respeito dos
fatos cotidianos e, essencialmente, é utilizado como força de poder pelos
poucos que tem a capacidade de controle social.
Com
o intuito de se estabelecer uma moral universal, que permita um maior controle
social, através da implantação de um caráter geral que estabeleça uma submissão
à aceitação dos lugares sociais e de papéis definidos para cada indivíduo, percebe-se
a progressão do desenvolvimento do pensamento humano, que abandona o método
teleológico, no qual os interesses individuais de salvação e bem-estar são
maximizados, para a assunção do método positivista que faz emergir a primazia
da sociedade em detrimento do indivíduo isolado em seus interesses.
Para
tal feito, foi necessário que se reconhecessem os elementos comuns de
funcionamento da sociedade, desenvolvendo um método para controlá-la que
abandonasse as paixões, determinadas pela observação interior que engendra
muitas opiniões divergentes. Não é necessário mais, portanto, que seja dada
atenção a pormenores se as causas individuais já foram conectadas às gerais,
pois o indivíduo faz parte de um todo organizado, considerando-se, então a
relação dos fenômenos particulares com os fatos reais para que se pudesse
elaborar uma convenção geral.
Para
uma comparação e exemplificação mais clara com a sociedade atual, considera-se
que essa convenção universal, hoje, pode ser observada pela elaboração de
Códigos de Direito que são rígidos e que abrangem todas as individualidades,
direcionando um modo de vida, com direitos e obrigações comuns a toda e
qualquer particularidade que possa ser alegada pelos indivíduos. Ou, a título
de exemplo, tratando-se da questão do mérito e das desigualdades sociais para a
teoria positivista, que aborda as diferenças sociais como sendo natural na
sociedade e que para que qualquer indivíduo conquiste suas predileções, é
necessário que o faça dentro e por meio da base legal estabelecida.
É
como se uma matéria não tratada na lei positivada não tivesse importância ou
existência na realidade, pois não é universal o suficiente para ser positivada
e, através da progressão histórica já tratada, o ser humano não é capaz de
reconhecer aquilo que não existe, nesse caso, que não possui bases positivistas
para explicá-la.
O
que se absorve, por fim, é a importância da progressão de conhecimentos para
que se chegue a uma realidade que permita abarcar todas as vontades em um único
instrumento, com a finalidade de beneficiar uma generalidade, importando, para
a atualidade, na força coercitiva das leis para manutenção da ordem que permite
a evolução.
Heloise Moraes Souza - Diurno
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