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sexta-feira, 17 de julho de 2015

Pelo despertar dos sonhos de níquel

   A obra de Karl Marx e Friedrich Engels, de 1848, intitulada de Manifesto do Partido Comunista, trata sobre a análise do sistema capitalista na sociedade, de modo a superá-lo, alertando o operariado sobre o poder que dispõe, podendo revolucionar todo o sistema. Embora considerado como uma profecia, Marx nada mais fez do que analisar profundamente a história e a sociedade em si, evidenciando a forma supressora que o capitalismo trabalha, acentuando as desigualdades em um mundo que cada vez mais é individualista. A luta de classes que se apresentou em todas as sociedades existentes, como afirmado no Manifesto, na sociedade moderna se apresenta entre o operário e o burguês. Pode-se afirmar que em algumas sociedades o primeiro venceu; em outras, o segundo, mas na atualidade é o operário quem sai perdendo.
   O capitalismo aprofundou e acentuou a desigualdade socioeconômica, além disso, dispõe de instrumentos de extrema influência na população para fazê-la acreditar que esse sistema é o ideal para a sociedade: a mídia é um desses instrumentos principais. Um exemplo dessa alienação midiática ocorreu em momentos pré-ditadura militar no Brasil, em que supostamente havia uma “ameaça comunista” que rondava a América Latina; os Estados Unidos, como líderes do capitalismo na época, estavam prontos para intervir, mas o exército brasileiro o fez primeiramente, aplicando um golpe, assumindo o governo.
   Com isso, a ascensão social passou a ser o “sonho capitalista” de todos, e não mais a condição de igualdade geral. De algum modo, o trabalhador se perdeu dentro do movimento, passando não mais a querer dominar os meios de produção na classe em que pertence, mas sim a querer ser dono de toda a produção, elevando-o a condição de burguês. Talvez seja pela desilusão na forma como o socialismo foi empregado na União Soviética, por exemplo, mas na realidade, não se conhece devidamente o sistema socialista na prática. Todas as formas que foram concebidas foram, na verdade, uma deturpação desse sistema.
   A sociedade contemporânea é um reflexo de como o capitalismo tem se enraizado na natureza humana, tornando o homem cada vez mais materialista. O dualismo monetário presente na concepção de que dinheiro resulta em malefícios para a humanidade, mas que também provém uma felicidade material, faz com que o homem permaneça nesse sistema. Um exemplo dessa dualidade está presente na música Money da banda Pink Floyd. Apresentando sons que remetem à caixa registradora e moedas caindo, a música mostra como o homem vive uma relação de busca constante de dinheiro, tornando a vida cada vez mais difícil, como mostrado no trecho da canção:

“Money, it’s a crime
Share it fairly
But don’t take a slice of my pie
Money, so they say
Is the root of all evil today”

   A consciência de uma necessidade de transformação social que Marx aborda, parece ter desaparecido pouco a pouco, fazendo com que as pessoas não enxergassem mais o socialismo como uma real alternativa para todo o caos provindo do sistema econômico atual. Um antigo movimento coletivo é agora cada vez mais individual e egocêntrico. Citando uma célebre frase da escritora e filosofa Simone de Beauvoir, “É horrível assistir à agonia de uma esperança”, a esperança de uma sociedade mais justa e igualitária tem desaparecido na conjuntura atual e isso deveria se alterar de alguma forma. O conformismo e a alienação resultante da mídia capitalista deveriam ser as primeiras coisas que o operariado atual deveria se desvencilhar. Libertando-se desse ciclo de infinitudes de miséria e ambição, faria o trabalhador despertar desse sonho repleto de níquel e outros metais que mais parece infinito. Como disse Marx no Manifesto, é preciso da união dos trabalhadores para que a revolução dê certo, apesar de tudo, o sonho não pode acabar. Avante!

Lara Costa Andrade -1º ano Direito (Diurno)
Introdução à Sociologia – Aula 8

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