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sexta-feira, 17 de julho de 2015

A “Revolução” no século XXII

Analisando a famosa  e  incansavelmente citada obra de Marx e Engels,  “O Manifesto Comunista”, destaca-se que os autores expõem que a luta de classes representa a história da sociedade: homem livre X escravo; o patrício X plebeu, senhor X servo. Por sua vez, a sociedade burguesa traz intrínseca a si a luta entre burguesia e proletariado. A partir da hegemonia da sociedade burguesa; a qual nasceu das ruínas feudais, percebe-se  uma alteração profunda no seio da sociedade: a burguesia destruiu as relações fraternais, findou o fervor religioso; escancarando o individualismo, o consumismo, o egoísmo. Isso é muito nítido nos dias atuais: as pessoas, apesar de viverem em grupo, agem como se estivessem presas à um universo paralelo. Assustadoramente, essa situação está presente no próprio convívio familiar, por exemplo, quando os membros de uma família preferem isolar-se cada um em seu quarto, ouvir sua música em seus fones de ouvidos particulares, mexerem cada qual no seu próprio celular. Nesse ínterim, concluímos que, na sociedade burguesa, o individualismo, a competitividade se elevam, em detrimento do altruísmo, da solidariedade.

Conforme Engels e Marx destacam, na sociedade burguesa dá-se uma importância muito elevada ao dinheiro, às relações monetárias. Elas parecem substituir as demais relações sociais. Isso é, no mínimo, triste, já que gera o constante descontentamento e ,posterior, frustação do homem, pois ele nunca se satisfaz ao suprir determinadas necessidades materiais,  uma vez que sempre surgirão outras e outras, num ciclo eterno e angustiante. Muitos estudiosos afirmam que essa é uma das origens da depressão (“o mal do século”). O que sabemos indubitavelmente é que essa liquidez das relações afetivas, cujo princípio remete-se à nascente sociedade burguesa amplamente criticada por Marx e Engels, ou seja, essa superficialidade no contato com o outro apenas colabora para reiterar a hegemonia do capital; o que nos leva à seguinte reflexão: será que o estabelecimento pela burguesia da liberdade de comércio em prejuízo das demais liberdades é favorável aos cidadãos?

“Com o rápido aprimoramento de todos os meios de produção, com as imensas facilidades dos meios de comunicação, a burguesia arrasta todas as nações, mesmo as mais bárbaras para a civilização”(p. 30) Com essa citação de O Manifesto Comunista, conseguimos fazer uma analogia com o objetivo das nações europeias na época das Grandes Navegações. Não podemos considerar um tanto pretensiosa e rodeada de preconceitos acerca de uma “superioridade” essa “missão” da burguesia em levar seu ethos, considerado superior ao demais, para todos os povos,? Não seria equivocado e até ilegítimo a tentativa burguesa de criar “um mundo à sua imagem”?


Marx e Engels destacam o intuito burguês em expandir seu modo de produção ao mundo todo, como já foi exposto. Trazendo esse raciocínio para o século XXII, podemos relaciona-lo à globalização; a qual colabora para alienar  e homogeneizar a tudo e a todos, transformando os indivíduos naqueles operários pré-programados pela indústria na época da Revolução Industrial. No contexto atual quem os domina e os padroniza é também uma indústria, mas não aquela de automóveis, de tecidos à época de Marx e Engels, é ,talvez, uma mais cruel; a “indústria cultural” .Resta-nos saber se esses “robôs” que os homens tornaram-se, serão capazes de se libertar das amarras do consumismo, da massificação cultural, do individualismo e  se conseguirão fazer a revolução; a qual nada tem a ver com modos de produção como outrora Marx e Engels defendiam, e sim, em tornar o mundo um lugar, ao menos, mais harmônico e fraternal.

 Victória Afonso Pastori
1 º Ano Direito- Noturno

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