Analisando a famosa e incansavelmente
citada obra de Marx e Engels, “O
Manifesto Comunista”, destaca-se que os autores expõem que a luta de classes
representa a história da sociedade: homem livre X escravo; o patrício X plebeu,
senhor X servo. Por sua vez, a sociedade burguesa traz intrínseca a si a luta
entre burguesia e proletariado. A partir da hegemonia da sociedade burguesa; a
qual nasceu das ruínas feudais, percebe-se
uma alteração profunda no seio da sociedade: a burguesia destruiu as
relações fraternais, findou o fervor religioso; escancarando o individualismo,
o consumismo, o egoísmo. Isso é muito nítido nos dias atuais: as pessoas,
apesar de viverem em grupo, agem como se estivessem presas à um universo paralelo.
Assustadoramente, essa situação está presente no próprio convívio familiar, por
exemplo, quando os membros de uma família preferem isolar-se cada um em seu
quarto, ouvir sua música em seus fones de ouvidos particulares, mexerem cada
qual no seu próprio celular. Nesse ínterim, concluímos que, na sociedade burguesa,
o individualismo, a competitividade se elevam, em detrimento do altruísmo, da
solidariedade.
Conforme Engels e Marx destacam, na sociedade
burguesa dá-se uma importância muito elevada ao dinheiro, às relações
monetárias. Elas parecem substituir as demais relações sociais. Isso é, no
mínimo, triste, já que gera o constante descontentamento e ,posterior,
frustação do homem, pois ele nunca se satisfaz ao suprir determinadas
necessidades materiais, uma vez que sempre
surgirão outras e outras, num ciclo eterno e angustiante. Muitos estudiosos
afirmam que essa é uma das origens da depressão (“o mal do século”). O que
sabemos indubitavelmente é que essa liquidez das relações afetivas, cujo
princípio remete-se à nascente sociedade burguesa amplamente criticada por Marx
e Engels, ou seja, essa superficialidade no contato com o outro apenas colabora
para reiterar a hegemonia do capital; o que nos leva à seguinte reflexão: será
que o estabelecimento pela burguesia da liberdade de comércio em prejuízo das
demais liberdades é favorável aos cidadãos?
“Com o rápido aprimoramento de todos os meios de
produção, com as imensas facilidades dos meios de comunicação, a burguesia
arrasta todas as nações, mesmo as mais bárbaras para a civilização”(p. 30) Com
essa citação de O Manifesto Comunista, conseguimos fazer uma analogia com o objetivo
das nações europeias na época das Grandes Navegações. Não podemos considerar um
tanto pretensiosa e rodeada de preconceitos acerca de uma “superioridade” essa “missão”
da burguesia em levar seu ethos, considerado
superior ao demais, para todos os povos,? Não seria equivocado e até ilegítimo
a tentativa burguesa de criar “um mundo à sua imagem”?
Marx e Engels destacam o intuito burguês em expandir
seu modo de produção ao mundo todo, como já foi exposto. Trazendo esse
raciocínio para o século XXII, podemos relaciona-lo à globalização; a qual colabora
para alienar e homogeneizar a tudo e a
todos, transformando os indivíduos naqueles operários pré-programados pela
indústria na época da Revolução Industrial. No contexto atual quem os domina e os
padroniza é também uma indústria, mas não aquela de automóveis, de tecidos à
época de Marx e Engels, é ,talvez, uma mais cruel; a “indústria cultural” .Resta-nos
saber se esses “robôs” que os homens tornaram-se, serão capazes de se libertar
das amarras do consumismo, da massificação cultural, do individualismo e se conseguirão fazer a revolução; a qual nada
tem a ver com modos de produção como outrora Marx e Engels defendiam, e sim, em
tornar o mundo um lugar, ao menos, mais harmônico e fraternal.
Victória Afonso Pastori
1 º Ano Direito- Noturno
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