Os eventos denominados “rolezinhos” que agitaram o Brasil
nos últimos meses, caracterizam-se como encontros em massa de adolescentes e
jovens em Shoppings, previamente marcados via redes sociais. Esses encontros
causaram grande desconforto aos lojistas e clientes das redes de Shoppings, que
se sentiram incomodados com a multidão presente nesses locais, ainda que esses
adolescentes passeassem e se divertissem pacificamente. Um dos principais
fatores que levaram a esse desconforto foi o choque entre as classes sociais.
Sabendo que os clientes e frequentadores desse estabelecimento são, em geral,
pertencentes às elites sociais, os mesmos não se sentem a vontade em
compartilhar do mesmo ambiente com membros de classes econômicas e sociais inferiores.
O incômodo dos lojistas deu-se pelo fato de esses adolescentes não frequentarem
o Shopping com o propósito de consumir, e sim, de apenas se divertir com os
colegas da mesma faixa etária.
Esse desconforto, aliado ao fato de que algumas pessoas
mal intencionadas se infiltraram nos eventos para saquear lojas e clientes, foi
usado para tentar proibir que tais eventos acontecessem em determinados
Shoppings. A decisão da juíza Dr(a) Alberto Gibin Villela da 14ª vara cível
recai sobre o direito de segurança pública dos frequentadores do
estabelecimento, o que, de acordo com a decisão, só seria assegurado com a
proibição do evento, ainda que não houvesse uma iminência prévia de que os
jovens tinham intenção de depredar ou tumultuar tais locais.
Assim, com base nesses acontecimentos, é possível
concluir que alguns ideais positivistas continuam fortemente arraigados na
elite da sociedade brasileira contemporânea. Proibir jovens da periferia de
frequentar determinados locais comprova que, para essas pessoas, a melhor
medida é segregar ao invés de incluir, limitar ao invés de compartilhar, se
sentir seguro em detrimento da liberdade de livre manifestação e circulação de
outros cidadãos. O desejo das elites de manutenção da ordem das classes sociais
vigentes, cada uma em seu exato lugar de origem, nunca esteve tão explícito
como está sendo agora. Que vergonha para o “país de todos”.
Luiza Fernandes Peracine - 1º ano Noturno
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