Quando
se passeava pelo Shopping Center Norte há alguns meses atrás não era difícil
entender porque ele ficava sempre cheio de fins de semana, era o local
preferido de todos, ou assim parecia, o simples fato de ir ao cinema demandava
uma boa antecedência, porque a fila de esperava era de duas á três horas, fora
o transito no entorno, para alguém do interior aquilo era quase absurdo, nunca
fiquei mais que 10 minutos na fila do bom e velho Cine Colombo, mas era o preço
a se pagar por estar em uma metrópole.
Aquelas
tardes passariam esquecidas até ser levantado, recentemente em sala de aula o
tema do rolezinho, os movimentos de jovens da periferia que vinha até os
shoppings centers com seu funk e suas roupas largas para se divertir e tomar os
espaços. Eu não entendia muito bem qual o medo dos shoppings, ao ponto de se
expedirem liminares fechando os locais aos movimentos, no Center Norte, em
todas as vezes que estive, havia pessoas de todas as classes, sem
predominância, se via da mesma forma pessoas de terno e gravata e pessoas de
chinelo de dedo e regata, e nenhuma olhava de forma preconceituosa ou
discriminatória a outra, até pelo ritmo corrido daquela cidade não achava que
isso fosse possível, mas enfim, isso é outra história. De qualquer maneira eu
sempre vi muitas pessoas que se encaixavam no rolezinho frequentando o mesmo
espaço, e para mim era algo natural, não entendia toda a comoção.
Até
o dia em que, para assistir a um filme que não passava no Center Norte, tive
que ir a outro shopping, e vivi o movimento do Rolezinho. Ali eu entendi o
porquê de toda a comoção. Claro que opiniões diferentes existem, mas se o
movimento for realmente o que foi visto ali, creio que ele realmente justificaria
todo o medo ao seu redor.
Não
porque são jovens da periferia vindo para o centro da cidade, escutando suas
musicas e mostrando seu estilo, isso acontecia normalmente, vivia com isso, mas
o fato é que quando isso vira um pretexto para correrias, gritos e olhares nada
amistosos em relação a outras pessoas, deixa de ser um movimento que merece
toda a consideração, porque invade não o espaço privado do outro, mas sim a
própria pessoa do outro, não quero e nem vou entrar no mérito de roubos e etc,
isso eu não vi e não me sinto apto a discutir, porque em todo meio e em toda
classe há pessoas que destoam.
E
não se deve ter dois pesos e duas medidas, se um grupo de jovens de classe alta
faz algo do tipo, deve ser proibido e repreendido da mesma forma, se não
prática não o é, é algo que deve ser combatido e mudado, mas justificar que uma
coisa é permitida porque alguém a faz e não é punido é, ao meu ver, algo que
não cabe.
O positivismo veria isso como uma ameaça, ou uma violação
da ordem, de fato o é, contudo o grande problema do positivismo seria uma
imutabilidade dessa ordem, e quando alguém pensar diferente, mesmo que não seja
um pensamento totalmente fora do contexto dessa ordem, o pensamento deva ser
execrado e jogado no limbo, simplesmente por ser diferente daquela dominante, e
dentro da sociedade, há várias ‘’Ordens’’, não somente aquela do estado, não
somente aquela da sociedade, mas em cada grupo, em cada time, em cada novela,
em cada bairro e em cada sala de aula há uma ordem, e qualquer que seja o
posicionamento dela, ter um pensamento que não seja estritamente alinhado com a
ordem vigente é algo difícil.
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