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segunda-feira, 21 de abril de 2014

Positivo, professor Xavier.

Filósofo, Isidore Auguste Marie François Xavier Comte viveu numa França conturbada pós-revolução francesa, de política instável cercada por todo tipo de revolucionários. O ambiente provavelmente o influenciou na criação de sua Filosofia Positiva, centrada no estabelecimento formal de um novo método epistemológico que uniria as ciências, as desenvolveria em direção ao conhecimento verdadeiro e possibilitaria a ordem social e o bem comum. Essa era a teoria do Professor Xavier francês, cujas últimas consequências o levaram a se ver como papa de sua própria Igreja e cujas ideias se firmaram de forma ironicamente dogmática entre grandes intelectuais do mundo todo.
            A filosofia de Comte explicava o pensamento do mundo como dividido em Teológico, Metafísico e Positivo. O primeiro seria o mais primitivo, as divindades criadas pelo homem explicavam os fenômenos e suas causas. O segundo seria apenas uma fase de transição até o positivismo, uma mera tentativa de explicar o conhecimento de forma abstrata e não científica, não muito diferente do estado teológico. O terceiro, porém, ao reconhecer a impossibilidade de conhecer as causas íntimas dos fenômenos, busca as leis inerentes aos fatos observados, combinando a observação ao raciocínio. O estado positivo seria o mais desenvolvido, o último estágio que todas as ciências deveriam atingir.
            Para Auguste, essa evolução do conhecimento já estava ocorrendo nas categorias principais de fenômenos naturais, os astronômicos, físicos, químicos e fisiológicos. No entanto, havia uma lacuna nos fenômenos sociais e para fechá-la criou a física social. Assim como todas as outras ciências, ela deveria ser capaz de estabelecer leis universais de funcionamento da sociedade seguindo os mesmo métodos daquelas. Além de estabelecer esses objetivos, o autor tratou também da natureza ideal de como deveria ser gerida a sociedade. A ordem social se alcançaria com cidadãos educados positivamente buscando o bem comum. Portanto, seria necessária uma reforma da educação que rompendo com o isolamento das ciências culminaria num conhecimento uno, ordinário e reorganizador da sociedade.

            Essa era a única revolução aceitável pois levaria à ordem. A moral católica de salvação pessoal deveria ser substituída pela moral positivista de primazia da sociedade em relação ao indivíduo. O bem comum vem primeiro pois todo nosso desenvolvimento provém da sociedade e a solidariedade era essencial para alcançar a felicidade privada devido a essa associação com o bem público. Infelizmente, a distorção do pensamento positivo originou ideologias cruéis, preconceituosas e até mesmo sádicas. Quando nem tanto, foi distorcida por seu próprio criador que a transformou em religião única e universal. O Positivismo foi e é extremamente importante, sobretudo para o Direito e para a criação da Sociologia, mas é preciso cuidado ao usar suas ferramentas. “A experiência positiva leva à formação de uma moral essencialmente humana”, terrena, porém suscetível às intempéries dos nossos defeitos. Não há lei que seja tão universal que o homem não possa corromper. A grandeza humana reside na forma como irá lidar com a lei.


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