Filósofo, Isidore Auguste Marie
François Xavier Comte viveu numa França conturbada pós-revolução francesa, de
política instável cercada por todo tipo de revolucionários. O ambiente provavelmente
o influenciou na criação de sua Filosofia Positiva, centrada no estabelecimento
formal de um novo método epistemológico que uniria as ciências, as
desenvolveria em direção ao conhecimento verdadeiro e possibilitaria a ordem
social e o bem comum. Essa era a teoria do Professor Xavier francês, cujas
últimas consequências o levaram a se ver como papa de sua própria Igreja e
cujas ideias se firmaram de forma ironicamente dogmática entre grandes
intelectuais do mundo todo.
A filosofia
de Comte explicava o pensamento do mundo como dividido em Teológico, Metafísico
e Positivo. O primeiro seria o mais primitivo, as divindades criadas pelo homem
explicavam os fenômenos e suas causas. O segundo seria apenas uma fase de
transição até o positivismo, uma mera tentativa de explicar o conhecimento de
forma abstrata e não científica, não muito diferente do estado teológico. O
terceiro, porém, ao reconhecer a impossibilidade de conhecer as causas íntimas
dos fenômenos, busca as leis inerentes aos fatos observados, combinando a observação
ao raciocínio. O estado positivo seria o mais desenvolvido, o último estágio
que todas as ciências deveriam atingir.
Para Auguste,
essa evolução do conhecimento já estava ocorrendo nas categorias principais de
fenômenos naturais, os astronômicos, físicos, químicos e fisiológicos. No
entanto, havia uma lacuna nos fenômenos sociais e para fechá-la criou a física
social. Assim como todas as outras ciências, ela deveria ser capaz de
estabelecer leis universais de funcionamento da sociedade seguindo os mesmo
métodos daquelas. Além de estabelecer esses objetivos, o autor tratou também da
natureza ideal de como deveria ser gerida a sociedade. A ordem social se
alcançaria com cidadãos educados positivamente buscando o bem comum. Portanto,
seria necessária uma reforma da educação que rompendo com o isolamento das
ciências culminaria num conhecimento uno, ordinário e reorganizador da
sociedade.
Essa
era a única revolução aceitável pois levaria à ordem. A moral católica de
salvação pessoal deveria ser substituída pela moral positivista de primazia da
sociedade em relação ao indivíduo. O bem comum vem primeiro pois todo nosso
desenvolvimento provém da sociedade e a solidariedade era essencial para
alcançar a felicidade privada devido a essa associação com o bem público.
Infelizmente, a distorção do pensamento positivo originou ideologias cruéis,
preconceituosas e até mesmo sádicas. Quando nem tanto, foi distorcida por seu
próprio criador que a transformou em religião única e universal. O Positivismo
foi e é extremamente importante, sobretudo para o Direito e para a criação da
Sociologia, mas é preciso cuidado ao usar suas ferramentas. “A experiência
positiva leva à formação de uma moral essencialmente humana”, terrena, porém suscetível
às intempéries dos nossos defeitos. Não há lei que seja tão universal que o
homem não possa corromper. A grandeza humana reside na forma como irá lidar com
a lei.
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