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segunda-feira, 14 de abril de 2014

A Interpretação Comtiana e a Organização Positiva da Ordem Social

Augusto Comte, vivendo em uma época conturbada na sociedade francesa, tomou como ponto de partida para seu pensamento a realidade história da época. O sistema feudal vivia a decadência enquanto uma nova ordem industrial e científica tomava as rédeas da organização social. O confronto entre essas duas formas de organização da sociedade provocavam o que Comte chamava de “desagregação moral e intelectual da sociedade do século XIX”. Esse confronto seria responsável pela crise vigente, pois a unidade social deveria ser formada por um conjunto de princípios, ideias e sentimentos partilhados por todos, o que não ocorria na época. Comte então sugere uma reforma intelectual, a qual não ajudaria somente a entender aquela sociedade da época, mas sim interferir na ordem social para permitir seu melhor desenvolvimento.
  A partir daí, dando enfoque às disciplinas científicas ele percebeu que elas sempre passavam por estágios de desenvolvimento do conhecimento, os quais seriam: o teológico – que representaria a ordem -, o metafísico – que representaria o progresso - e por fim o positivo que seria o auge do conhecimento – representando a ordem e o progresso juntos -, no qual “a observação dos fenômenos seria submetida a leis invariáveis e gerais da natureza”. Conquanto, as disciplinas se tornam positivas gradualmente, seguindo o critério de hierarquização dos fenômenos, levando em consideração seu grau de generalidade, simplicidade e independência. Assim eles são classificados em fenômenos: Matemáticos, astronômicos, físicos, químicos, biológicos e por fim sociais. O que, então, distinguiria a pesquisa positiva seria o método de investigação dessas disciplinas, observando a atuação das leis naturais, as quais deveriam ser imutáveis seguindo uma análise que Comte denominou de “física social”. Essa nova maneira de conduzir a pesquisa científica proporcionaria ao cientista à homogeneização e a unidade lógica do conhecimento.
  A filosofia positivista, além de contribuir para o estudo das ciências também determinaria uma ordem social. Para Comte, numa sociedade industrial era natural que os ricos detivessem o poder econômico e político, já que na sua visão tudo era traçado a partir de méritos morais. O esforço e o mérito, portanto, justificariam essa dominação. Contudo, Comte não despreza a classe operária, pois ela seria de extrema importância na manutenção da ordem e possibilitaria o progresso com o seu trabalho. Na visão do positivista, a sociedade se assemelha com um organismo, no qual cada parte, cada pessoa, teria uma função no todo. Seguir essa ideia da divisão do trabalho seria pré-requisito para a manutenção da ordem e para alcançar o desenvolvimento, ou o progresso, dessa sociedade.  
Comte vê o Estado como responsável por garantir a unidade, a divisão do trabalho e, consequentemente, a ordem e o progresso. O Estado centralizador e coercitivo seria responsável por realizar as “profilaxias” na ordem social, e evitaria as perturbações na divisão do trabalho e na hierarquização social.
  O positivismo foi de extrema importância para o desenvolvimento e pensamento da época, influenciou, por exemplo, o republicanismo no Brasil e até hoje se mostra presente no território nacional. Os “rolezinhos”, nos quais jovens da classe baixa adentravam nas catedrais de consumo da classe média-alta brasileira, foram considerados uma perturbação na ordem, como analisaria também Comte, e foram contidos pelo Estado. Assim pode-se ver que a influência positivista e muitas de suas propostas, como a de “profilaxia”, ainda podem ser observadas na sociedade contemporânea.

Ana Luiza Cruz A. - 1º Diurno.

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