O cerne da discussão proposta por Karl Marx na obra “Para
a Crítica da Filosofia do Direito de Hegel” é a análise do pensamento hegeliano
por um viés mais realista. A dialética de Hegel baseia-se sempre no plano das
ideias, das abstrações, do vir-a-ser, o que garante um caráter de certa maneira
ilusório a seus pensamentos.
Neste aspecto, Marx, assim como já proposto por Bacon e
Descartes, buscando o distaciamento da ilusão e do abstrato e prendendo-se
apenas ao mundo real, critica o pensamento de Hegel e o compara à religião,
considerada por aquele “o ópio do povo”.
Para Marx, a religião, assim como o idealismo hegeliano,
distorce a realidade, tenta disfarçar a miséria humana prometendo um lugar ao
céu. Assim, o direito de Hegel corrobora com o ocultamento da exploração humana
e da real liberdade que os cidadãos
possuem, fazendo com que estes permaneçam submissos ao poder por acreditarem
que o direito garantirá toda sua liberdade.
Dessa forma, Marx propõe como solução para o descompasso
entre o plano das ideias e da realidade o total desprendimento do ópio do povo
e o livramento do Direito das mãos da burguesia. Assim, o Direito sairia do
plano do vir-a-ser e passaria a representar efetivamente a liberdade do povo.
Ana Carolina Nunes Trofino - Direito Noturno
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