Ao afirmar que se tornou impossível se concentrar no que não seja específico, a física Sonia Hoffman, personagem do filme Ponto de Mutação, introduz a crítica que fará à forma cartesiana e baconiana ainda utilizada na abordagem dos atuais problemas do mundo. Segundo ela, tudo o que existe está tão intimamente conectado, haja vista a natureza dos átomos, que se deve repensar a maneira pela qual se tem agido.
O contraponto apresentado por Jack Edwards, ex-candidato à presidência dos Estados Unidos no filme, frente à posição argumentativa da outra é o de que, em razão de se ter desmontado a natureza como se faz com um relógio, a modernidade foi capaz de avanços antes inimagináveis; por que, então, mudar a forma de agir? De fato, é incontestável que a mecanização dos objetos da ciência possíbilitou o progesso do ponto de vista tecnocientífico. Não obstante, fato é também que ele não tem consequências unicamente positivas.
Isso posto, tem-se claro que os avanços foram tão magnânimos que ofuscaram o surgimento dos problemas que eles mesmos causaram. Dessa forma, isiste-se erroneamente em utilizar a mecanização e a superespecialização como forma de solucionar os próprios defeitos, que elas acarretam, no sistema, sem se perceber que, ao agir de tal maneira, tende-se somente a produzir mais problemas.
Para Sonia, faz-se necessária uma abordagem aos dilemas mundiais entendendo-os como parte de uma conjuntura global. Ou seja, conceber que um relógio defeituoso não pode ser consertado sem se observar cada peça como constituinte de um sistema maior, pois de outra maneira, uma ação estritamente específica, teria, com sorte, caráter apenas paliativo.
Pedro Caíque L. do Nacimento - Direito diurno
Nenhum comentário:
Postar um comentário