Baseado no livro de Fritjof
Capra, o filme "O Ponto de Mutação nos apresenta um largo leque de
assuntos discutidos, como a evolução do pensamento humano - passando por
Descartes e chegando aos nossos dias – da ciência – que nos exemplifica
realidades invisíveis para nossos olhos e, no entanto, existentes – e da
interconexão de tudo em nossa vida.
A partir de três pontos de vista,
o de um político, de um poeta e de uma cientista, temos, no desenrolar da
história, uma enorme discussão sobre como a humanidade se desenvolveu, como
interpretamos a vida e os caminhos utilizados para tal.
No que tange os atuais métodos
utilizados por muitos pesquisadores, cientistas, políticos, etc., podemos
interpretar da história que estes estão presos a mecanismos sistematizados e,
portanto, inaptos de inovações. Sonia Hoffman, a cientista, exemplifica essa
sistematização dizendo que a natureza é enxergada como um relógio, isto é, que
pode ser entendida através da análise de suas partes - como dizia Descartes - e
não de seu todo.
A necessidade de novos paradigmas
sobre o entendimento da vida se deu segundo Hoffman, pela exagerada utilização
do pensamento cartesiano, de que, a fim de se entender o todo, deve-se analisar
suas partes. Tal método, no entanto, não nos permite enxergar a enorme rede de
conexões que existe na vida. Um excelente exemplo utilizado pela cientista foi
o da superpopulação. Não se deve analisar esse fato através de um único fator,
deve-se estudar diversos âmbitos, como os econômicos, sociais, ambientais, etc.
e, assim, conectar seus dados adquiridos para poder entender o fato pesquisado.
No decorrer do filmes, temos uma
bela discussão da formação da matéria. A magnificência da ciência moderna
provou que um átomo, diferentemente do que dizia Dalton, é composto por
partículas ainda menores, tão menores que os cientistas acreditaram ser o átomo
composto de um grande “espaço vazio”. Para termos uma noção métrica, o filme
metaforiza as medidas através de uma laranja. Aumentando uma laranja para o
tamanho da Terra, seus átomos seriam cerejas, que, aumentadas até o tamanho de
uma ilha, seu núcleo seria uma pequena pedra de alguns centímetros, seus
elétrons, grãos de areia.
Ao utilizar como exemplo a
descoberta das partículas formadoras de um átomo, Sonia Hoffman provou que foi
preciso um novo paradigma na física atômica. As leis newtonianas provavam o que
se visualizava, apenas. Quando esses novos conceitos, não mais visíveis, foram
descobertos, os físicos foram obrigados a criarem uma nova percepção, e é
exatamente essa o tema básico da história. Precisamos de uma nova percepção
para a vida. A que usamos já está ultrapassada e, portanto, é responsável pela
não obtenção de novos conhecimentos.
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