No filme “Ponto de mutação”, de Fritjof Capra, o
enredo se dá em uma discussão entre um poeta, um político e uma cientista. A
primeira crítica feita no filme é feita pelo poeta, o qual se declarou afastado
da realidade, indagando quem precisa dela, e diz ser a política uma galeria de
espelhos narcisos. Não deixando de ser a política a forma com a qual o ser
humano se organiza em suas relações, é possível afirmar que a causa principal
para os problemas da sociedade apontados ao longo do filme é o individualismo.
Em uma cena rápida, aparecem a cientista e sua filha
conversando. Esta reclama que a mãe não tem tempo para sua família e vida
pessoal, apenas fica lendo livros, sem nenhuma finalidade aplicável. A partir desse
fato, é possível apontar uma falha apresentada por Descartes: alguns cientistas
acabam tão curiosos pelos fatos passados, e se tornam “estrangeiros em nossa
própria terra”. Também, mesmo sabendo de tantas falhas em sua sociedade, a
cientista, ao se recusar em participar da democracia, acaba restrita em sua
ação para aplicar seu conhecimento, o que foi criticado por Descartes e Bacon.
Enquanto olham um relógio mecânico, a cientista e o
político discutem se é possível fazer uma comparação entre a visão mecanicista
de Descartes e a dos políticos atuais. Estes estariam sempre procurando uma
solução pragmática para os problemas sociais, de forma individual em relação ao
todo, da mesma forma que aconteceu com a teoria Malthusiana e Antimalthusiana.
Além disso, a cientista diz que os políticos gostam de dificultar o
entendimento dos processos sociais, até um ponto que os próprios políticos não
se entendem mais. Esse fato seria o “ídolo do foro”, apresentado por Bacon,
pois fala do conflito gerado pelo “pacto de palavras e de nomes”, com seus
significados múltiplos.
Como solução para os problemas citados acima, no
final do filme é apresentada a “Teoria dos Sistemas”, com o intuito de olhar os
princípios de toda organização, pois quando se olha qualquer parte de um
sistema de modo isolado, não é possível entender suas consequências e inter-relações.
É dito também que a melhor forma de se acabar com o individualismo é fazer toda
a população se sentir responsável pelo meio em que vive, planejando suas ações,
da mesma forma que faziam os indígenas, os quais tomavam decisões pensando na
sétima geração da tribo.
Aula sobre o filme "Ponto de mutação/ Juliane Siscari de Andrade- Direito Diurno
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