“O crime ofende sentimentos que, para um mesmo tipo social, se encontram em
todas as consciências sãs”. Com essa afirmação Durkheim explica o conceito de Solidariedade
Mecânica,
um tipo de conexão interpessoal em que prevalecem laços que são feitos por
impulsos determinados por uma autoridade maior que faz parte das consciências
coletivas.
A história da pequena Jane Eyre,
narrada no livro com mesmo nome, de Chalotte Brontë, retrata de forma clara os desenvolvimentos da Solidariedade Mecânica, e a própria Jane sofre por
causa desses sentimentos uníssonos. Órfã de pai e mãe, Jane vai morar com os
tios ricos que têm três filhos, crianças mimadas e egoístas, com as quais ela
tem dificuldade de se relacionar, muito embora seu comportamento de confronto
com os primos fosse extremamente recriminado pela Sra. Reed, sua tia, o
comportamento deles era plenamente aceito e de certa forma até encorajado.
Mesmo que Jane buscasse ser
agradável e obediente, sua maneira de ser não era aceita pela família Reed ao
ponto de ser mandada para uma instituição para meninas órfãs. Mais tarde, com
suas próprias palavras diz “eu era um corpo estranho, na mansão de Gateshead(casa
dos Reed). Diferente de todos ali. Não possuia nada de comum com a senhora Reed
e seus filhos, ou com a sua vassalagem predileta. Se eles não gostavam de mim,
muito menos eu deles. Não podiam olhar com afeição uma coisa que não lhes tinha
simpatia, uma coisa heterogênea, diversa no temperamento, nas possibilidades,
nas inclinações; uma coisa inútil, incapaz de sevir aos seus interesses ou de
colaborar nos seus prazeres; uma coisa nociva, que cultivava os germes da insurreição
contra o seu tratamento, e o desprezo pelos seus conceitos. Reconheço que se eu
fosse um garota acessível, brilhante, descuidosa, exigente, generosa, travessa –
espírito ao mesmo tempo dependente e sem amigos – a senhora Reed teria aturado
mais complacentemente a minha presença, os meninos me tratariam com mais
cordialidade, os criados não se achariam tão inclinados a fazer de mim o bode
expiatório da criançada”.
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