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sábado, 8 de setembro de 2012

Jane Durkheim e Émile Eyre ops... Jane Eyre e Émile Durkheim


“O crime ofende sentimentos que, para um mesmo tipo social, se encontram em todas as consciências sãs”. Com essa afirmação Durkheim explica o conceito de Solidariedade Mecânica, um tipo de conexão interpessoal em que prevalecem laços que são feitos por impulsos determinados por uma autoridade maior que faz parte das consciências coletivas.

            A história da pequena Jane Eyre, narrada no livro com mesmo nome, de Chalotte Brontë, retrata de forma clara os desenvolvimentos da Solidariedade Mecânica, e a própria Jane sofre por causa desses sentimentos uníssonos. Órfã de pai e mãe, Jane vai morar com os tios ricos que têm três filhos, crianças mimadas e egoístas, com as quais ela tem dificuldade de se relacionar, muito embora seu comportamento de confronto com os primos fosse extremamente recriminado pela Sra. Reed, sua tia, o comportamento deles era plenamente aceito e de certa forma até encorajado.

            Mesmo que Jane buscasse ser agradável e obediente, sua maneira de ser não era aceita pela família Reed ao ponto de ser mandada para uma instituição para meninas órfãs. Mais tarde, com suas próprias palavras diz “eu era um corpo estranho, na mansão de Gateshead(casa dos Reed). Diferente de todos ali. Não possuia nada de comum com a senhora Reed e seus filhos, ou com a sua vassalagem predileta. Se eles não gostavam de mim, muito menos eu deles. Não podiam olhar com afeição uma coisa que não lhes tinha simpatia, uma coisa heterogênea, diversa no temperamento, nas possibilidades, nas inclinações; uma coisa inútil, incapaz de sevir aos seus interesses ou de colaborar nos seus prazeres; uma coisa nociva, que cultivava os germes da insurreição contra o seu tratamento, e o desprezo pelos seus conceitos. Reconheço que se eu fosse um garota acessível, brilhante, descuidosa, exigente, generosa, travessa – espírito ao mesmo tempo dependente e sem amigos – a senhora Reed teria aturado mais complacentemente a minha presença, os meninos me tratariam com mais cordialidade, os criados não se achariam tão inclinados a fazer de mim o bode expiatório da criançada”.

            Não posso deixar de pensar que esse é um retrato de como ainda são vistos e tratados muitos daqueles que fogem às regras que as “consciências sãs” estabeleceram; pobres deles, na verdade, pobres de nós todos, podemos muito bem dizer, criminalizando e sendo criminalizados sem ao menos ouvir. 

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